34 - Apenas confiem em mim

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Boa leitura

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Enquanto caminhava até seu carro, pensava seriamente sobre as palavras de Jisoo que se repetia constantemente como um loop infinito em sua mente, jogando-a em um abismo escuro e solitário de pensamentos. Mas assim que viu uma garota na faixa dos treze anos em um canto escuro, parou poucos metros de seu carro, afastando-se de seu estupor profundo.

A garota estava distraída, revirando os sacos de lixo podre, proveniente do restaurante ao lado. Ela está tão centrada em sua tarefa que mal nota quando a Manoban se aproxima. A adolescente usa uma blusa fina e um calção, ambos escuros, mas Lisa não sabia definir ao certo se é a cor dos tecidos ou a sujeira. Cada segundos que observava a menina traz lembranças traumatizantes e irreversíveis de um passado que ela queria trancar em um cofre e jogar nas profundezas do oceano para sempre. 

— Ei, garota. - a menina trêmula se assustou com a voz grave. Dando um pulo, rapidamente arrastou seu olhar amedrontado para ela — Venha aqui.

O medo estava estampado no rosto dela. Parecia que a garota iria desmaiar a qualquer segundo ali mesmo. Tentando tranquiliza-la, Lalisa sorriu, retirando seu paletó para colocar sobre os ombros da menina em uma tentativa de aquecer seu corpo nitidamente esquelético do frio daquela noite.

— Você deve estar com fome, certo? - Seus olhos se arregalam diante da pergunta inusitada. Mesmo confusa e ainda temerosa, assente freneticamente — Venha.

Ela caminhou até a porta do seu carro, observando de soslaio a garota se aproximando devagar, sorrateira. Lidar com crianças não é seu ponto forte, mas ali, naquela jovem ela viu um reflexo de si mesma. E isso consequentemente lhe afetou.

— Qual é o seu nome? - Pergunta, tentando soar simpática para não assusta-la ainda mais. A garota ajeita o paletó em seu ombro, fazendo Lalisa sorrir ao ver o quão grande ficou nela.

— C-Chiquita, senhora. - Sua voz trêmula ressoa, observando atentamente cada detalhe do carro luxuoso com fascino. Seus olhos brilharam e sua barriga roncou no mesmo instante. A tailandesa riu levemente, vendo um leve rubor nas bochechas pálidas com algumas manchas de sujeira ali.

— Muito prazer, Chiquita, eu me chamo Lalisa. - Gesticulando para que a garota entrasse no carro, apresentou-se sutilmente — O que você quer comer?

— O que isso significa, senhora Lalisa? Não que eu esteja reclamando, mas é... hm... você apareceu do nada e agora quer que eu entre nesse carro luxuoso. Não é por mal não, mas isso é meio... estranho, não acha?

— Só aproveite. Que tal? - Ainda confusa, a garota concordou — Tem a minha palavra de que tenho a melhor das intenções.

— Isso é o que um sequestrador diria. Escute, não quer me sequestrar e vender meus órgãos, né? Já vou antecipando que aqui, nem tudo deve estar em perfeitas condições. - Lalisa riu da sinceridade da menina.

— Quita! - Outra voz feminina ressoa, mais grave e delicada, cortando o silêncio com as solas gastas de seus tênis que batiam em passos pesados e apressados contra o asfalto

— Pharita...

— Você sempre se mete em problemas sem mim. - A garota entra no meio das duas, ficando na frente da mais nova como se estivesse protegendo-a — Desculpe, senhora. Eu não sei o que ela fez pra você, mas poupe ela, por favor.

— Não é nada disso, Pharita. Ela só está querendo ajudar, não é?

— Exatamente! - Lalisa respondeu, vendo as sobrancelhas da garota franzirem e seus olhos estreitarem em desconfiança.

Dangerous love_Jenlisa (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora