Como eu

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- Tem certeza de que é uma boa ideia? - uma voz feminina questionou desconfiada.

A garota a quem a voz pertencia olhava uma imagem pouco nítida através de uma esfera de energia mágica que flutuava no ar sobre a mão de Eren que a acompanhava.

Era uma magia relativamente simples, toetra era o nome dela e consistia em captar a imagem dos olhos de um ser vivo à sua escolha e refletir em tempo real em uma esfera. Naquele caso, Eren escolhera captar a visão de uma pequena borboleta que sobrevoava Rivaille enquanto o mesmo se debatia para que pudesse mostrar à jovem ao lado dele que mantinha uma expressão descontente.

Estavam ambos sentados em uma rede feita de cipós, ela amamentando uma criança pequena envolta em tecidos brancos e o guardião ao seu lado, vez ou outra acenando para alguém que passava e o cumprimentava:

- Eu não sei se é uma ideia boa ou não... -ele murmurou retirando o capuz que cobria parte de seu rosto, suspirando com as orelhas levemente pontiagudas abaixadas- mas quero acreditar que a deusa não deixaria sua marca em alguém ruim... - sua expressão cabisbaixa logo desapareceu quando encarou o bebê que estendeu sua mãozinha para ele- Olá, Gael... Está dando muito trabalho para a mamãe?

- "Não dou trabalho nenhum, titio." -a jovem pronunciou fingindo uma voz infantil enquanto brincava com os dedinhos do filho- "Eu só mamo e durmo o dia tooodinho..."

- Pode ser assim por enquanto, mas ele está crescendo rápido... Logo vai estar correndo por aí e te enchendo de preocupações - ele riu agora se dirigindo a jovem diretamente.

- Assim eu espero -ela sorriu, mas logo sua expressão tornou-se mais séria enquanto apontava o dedo para o majin- Agora, voltando ao assunto, eu não quero soar desrespeitosa com as suas decisões, Eren, mas não acho muito seguro o soltar e muito menos trazer ele aqui, principalmente depois do que te aconteceu. -apontou para o pescoço do majin que apenas sorriu amarelo- Tudo bem que você pretende esperar um pouco antes de o levar até a clareira, mas mesmo assim, não acho prudente.

- Eu sei que não é, por isso vou ficar vigiando e conto com você para o manter longe da área onde tem um maior número de majins... -explicou fazendo a esfera mágica sumir com um único gesto antes de estender a mão em direção a determinada área da floresta fazendo com que os galhos se abrissem e os troncos contorcessem criando uma passagem- Pode fazer isso por mim, por favor? Só confio em você para isso.

A garota ponderou por um tempo, pesando os prós e contras de atender a aquele pedido enquanto o jovem majin apenas piscava os olhos brilhantes com um olhar de cachorrinho até que, por fim, em meio a uma bufada de desistência, a resposta dela soou em tom descontente:

- Certo... Eu irei. Aproveito e pego umas frutas... Mas já adianto, não me culpe se não der certo.

***

Ainda pendurado pela perna direita, Rivaille usava todos os seus músculos para erguer o corpo e se livrar das videiras que o prendiam. Estava exausto. As plantas estavam muito enroladas e ele sabia que o majin havia feito isso propositadamente para o manter ali pelo máximo de tempo.

Se ao menos fossem poucas videiras ele teria conseguido romper facilmente, mas eram muitas, trançadas entre si e formando uma corda resistente o que tornava a tarefa de soltar-se muito mais difícil, principalmente tendo em conta a pressão que o sangue fazia em sua cabeça que latejava cada vez mais por conta da posição em que estava.

Foi com muito esforço que conseguiu soltar uma das pernas e agora lutava para soltar a outra, mas já havia gasto muita energia e, pendurado ali, era difícil descansar para se recuperar:

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