Desmoronar

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Caótico.

Essa era a palavra que Mikasa usaria para descrever Levi quando o viu surgir diante de seus olhos atravessando um portal com as roupas cortadas em algumas partes e sujas de sangue. Não estava ferido, obviamente. O poder de Ymir o tinha feito regenerar, mas era claro que tinha se machucado bastante antes de a encontrar.

Quando perguntou o que estava acontecendo, não esperava ter de lidar com o estado de pânico completo do rapaz que a agarrou pelo ombro afirmando que seriam atacados e que não tinham chance alguma. Ele estava tão aflito que sequer conseguia formar uma frase completa de forma coerente e embora ela se esforçasse para o acalmar, demorou algum tempo até que ele conseguisse explicar adequadamente tudo o que tinha acontecido .

Armin os tinha traído. Mais que isso, ele tinha se aliado a Yamar que, por algum motivo, queria trazer Ymir de volta.

Ela não conseguia entender. Pensava que o deus odiasse a deusa profundamente, mas agora...

Não. Isso não era importante. Ela precisava focar na batalha que viria.

Deixando o caçador para trás ela voou até a casa em que sabia que estavam alojados alguns daqueles que haviam sido designados como lideres de grupos de treino por ela e por Gabi. Tinha que os alertar e pedir para que a ajudassem a convocar a todos, afinal, em questão de poucas horas, os humanos chegariam ali:

- Ao menos teremos a vantagem do descanso... - Levi murmurou em frente ao grupo mal organizado de aproximadamente trezentos humanos e majins que tentavam se dividir em seus respectivos grupos após a convocação, todos agarrados a suas armas e frascos de poções completamente tomados pelo nervosismo- Marchar com as armaduras vai ser cansativo para os soldados... Além disso, não acho que eles tenham tido boas noites de sono durante a viagem até aqui...

- E temos o terreno como vantagem, não esqueça disso. -a valquíria concluiu fazendo o rapaz olhar para a própria mão um tanto ressentido- Por mais que eu tenha detestado saber sobre o selo que colocou no meu irmão, não sou idiota a ponto de negar que isso vai nos ser muito útil. O controle de Greenwood está em suas mãos.

Abanando a cabeça para se afastar dos pensamentos menos bons, o rapaz optou por usar o tempo que tinham de vantagem para repassar com os combatentes voluntários a estratégia de ataque. Sentia que era necessário agora que, baseando-se na quantidade de barracas que tinha contabilizado, tinha um vislumbre da quantidade de inimigos que iriam enfrentar.

Cerca de dois mil soldados sendo parte deles caçadores, talvez mais.

Optaram por não fazer um ultimo treino para não exigirem demais dos seus antes da batalha inevitável e quando cerca de três horas depois o rapaz de olhos cinzentos sentiu uma aproximação nas margens da floresta, estendeu a mão para ordenar a Eren que abrisse passagem para ele criar o campo de batalha ideal em que seus protegidos tivessem vantagem, mas o majin não obedeceu.

Seus olhos estreitaram. Por que o selo não estava fazendo efeito? 

De repente, como em um estalo, sua mente voltou para o momento em que foi esfaqueado por Armin. 

"Seria possível que...? Não... Não pode ser!"

Um sentimento de pânico se espalhou por seu corpo. Ele correu em direção à arvore sagrada rezando para que sua suposição estivesse errada, mas quando finalmente conseguiu alcançar as raízes, não conseguiu fazer Eren invocar os cipós para subir até a casa.

Usando a magia dos portais, uma das poucas que já dominava, subiu até o galho procurando pelas veias luminosas que, por algum motivo, não estavam mais aglomeradas em um só lugar e quando alcançou o ponto onde antes havia colocado o objeto de subjugação, sentiu seu sangue gelar. 

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