Entre humanos e majins

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Ofegante e exausta após um longo tempo de explicações e dissuasões, a pequena fada laranja praticamente arrastava-se em direção ao topo da árvore sagrada:

- Por que diabos tinha que ser tão alta?  - questionou parando em um dos galhos para tomar fôlego antes de continuar-  Ei, Eren! Eu cheguei!

Sentando-se no grande galho que sustentava a construção em formato de ninho de beija-flor, Nifa surpreendeu-se ao encontrar um casulo de ramos logo na entrada da casa. Sentado ao lado dele, o humano de cabelos negros mantinha seus olhos fixos em um livro antigo, mas assim que ouviu sua voz, procurou-a:

- Ei, você já chegou? - ele sorriu forçado.

- Oi Rivaille. Eu vim fazer o relatório de como as coisas estão, mas acho que ele está ocupado...  -respondeu apontando para o casulo e sentando-se na beirada do livro que o humano segurava suspirando cansada- Quem está com ele agora?

- Armin - o rapaz respondeu continuando a tentar ler aquelas linhas cujo as palavras ele não reconhecia de nenhuma forma.

Não era estranho para ele passar tempo com a fada, principalmente quando o hazofotora recebia alguma visita com quem devia conversar em particular.

Nifa era aquilo que os humanos chamavam de uma auxiliar administrativa daquele lugar. Graças as habilidades inatas de magia mental, ela e as demais fadas formavam uma rede complexa de monitoramento da floresta, compartilhando informações, controlando a comunicação e detectando indivíduos de intenções problemáticas para reportar ao guardião:

- E então? Como a situação está - questionou em menção ao incidente no campo florindo fazendo-a suspirar ainda mais.

- Oh... Foi um grande trabalho! -reclamou- Eu informei as outras fadas, mas quando encontramos aqueles caras. Eles já estavam falando aos quatro ventos sobre a "indecência" de vocês. Já tinham teorias de que você tinha usado uma poção do amor para enganar o guardião, porque Eren nunca beijaria um humano por vontade própria.

- Palhaçada... -resmungou desacreditado- Não que eu não saiba fazer uma ou outra poção, mas as do amor não são minha especialidade - concluiu em tom de piada.

- Te chamaram até de abusador - ela continuou amarga.

- Que ironia... Logo eu... -riu soprado- Bem, não me importa. Sei que você cuidou de tudo porque Armin disse que a versão oficial foi a que menos nos comprometedora.

- "O guardião, com seu bom coração, acolheu o escolhido de Ymir e após viver juntos por tempo suficiente, os dois se apaixonaram" -citou orgulhosa- E então? Te parece bom?

- Bom seria se eles pudessem esquecer que viram aquele beijo, mas sei que isso não vai acontecer.

- Eu considero uma vitória que a maioria esteja mais relutante por você ser um caçador do que por ser um humano. -confessou- Acredite se quiser, mas alguns majins podem ser muito radicais sobre se misturar com a sua raça...

- Eu sei... -murmurou cabisbaixo- Marlo me contou sobre como os majins não aceitam o casamento dele com a Hitch...

- Sim... As coisas são complicadas, mas eu sei que vai melhorar se nós nos esforçarmos -tentou o animar- O fato de você ter uma marca de Ymir também abona ao seu favor. Muitos te veem como um tipo de "majin honorário" por ser um escolhido da deusa.

- Melhor seria se eles parassem de ver os humanos como algo que devem manter longe, mas sei que não vai acontecer enquanto a guerra contra os majins continuar.

- Infelizmente eu não tenho poder para acabar com a guerra só para vocês poderem namorar em paz - brincou fazendo-o corar.

- Nós não somos namorados. -resmungou amuado- Nós... não demos nome pra isso... Só... Estamos deixando rolar...

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