Traição (parte 2)

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Quando entrou na tenda cerca de meia hora depois de sair com Kenny, Yamar voltou a vestir seu sorriso aproximando-se do corpo imobilizado de Levi enquanto girava a adaga entre os dedos:

- Finalmente, paz e tranquilidade... 

- O que vão fazer comigo? - o rapaz voltou a questionar cada vez mais assustado, embora tentasse não transparecer. 

O ruído de passos e vozes no exterior indicava uma grande movimentação, embora não conseguisse distinguir exatamente o que estava acontecendo devido a uma espécie de zumbido incessante em seus ouvidos, talvez fruto de alguma magia do pequeno deus que se divertia diante de sua confusão e agonia:

- Isso vai ser divertido - ele cantarolou sem realmente o responder

Notando como o pequeno se aproximava cada vez mais, sentiu uma dor repentinamente e demorou alguns segundos para perceber que a adaga havia atingido seu braço em um corte rápido e limpo. 

O que era aquilo? Seria torturado agora? 

Antes que pudesse racionalizar o ultimo acontecimento, Yamar apertou a ferida até o sangue escorrer fazendo-o ter de conter a queixa de dor e quando finalmente conseguiu focar os olhos naquilo que o outro estava fazendo, viu que havia uma tigela na mão dele.

Estava coletando o sangue, mas para que?

- Prepare o círculo mágico, Armin - o garoto ditou estendendo o sangue para o elfo que obedeceu começando a desenhar o símbolo da estrela de nove pontas ao redor de Levi com o sangue do mesmo.

O processo demorou consideravelmente. Vez ou outra era necessário coletar mais material gerando mais alguns grunhidos de dor ao rapaz de olhos cinzentos em uma espécie de tortura lenta que o levou até mesmo a derramar algumas lagrimas entre pedidos para que o outro voltasse a razão e parasse com aquilo enquanto ainda tinha tempo:

- Não precisa fazer isso -tentou argumentar com o loiro que o ignorava completamente- Seja lá qual for a situação, podemos resolver...

- Na ponta superior, algo divino... -o deus murmurou cravando o próprio cajado ali- na direita, algo de um majin superior - olhou para Armin que tirou um frasco de seiva luminosa da árvore sagrada e depositou ali.

- Eu devo colocar meu cabelo na ponta logo abaixo? - ele questionou cortando uma mecha ao receber um aceno em afirmativa da parte do menino.

- Na ponta seguinte coloque algo de um majin de terceiro grau e no fim, algo de um majin inferior - orientou vendo o elfo seguir cada palavra, deixando algumas flores dos chifres de um cervineo na ponta correspondente aos majins de terceiro grau e um pote com alguns corpos de pixiets na ponta inferior. Aquelas em especifico tinha o formato de cogumelos. 

- Isso serve, não é? - a pergunta veio acompanhada de um olhar de repulsa do outro.

- Credo. Não pensei que fosse trazer essas coisinhas mortas, mas sim, serve.

- E no outro lado? - voltou a indagar e nesse ponto, Yamar assumiu a tarefa de posicionar os objetos.

Na ponta superior esquerda ele depositou um frasco de poção, na ponta logo abaixo foi colocada uma enciclopédia, na outra um machado foi cravado e na última, mas não menos importante, ele tirou o colar com o símbolo da igreja de Eldia de seu pescoço e deixou cair tristemente:

- As quatro dádivas da humanidade... O dom de manipular a magia extraída de outros seres, a capacidade de adquirir conhecimentos tão complexos que apenas os deuses se equiparam, a habilidade de aprimorar seus corpos e desenvolver armas para ultrapassar o limite de qualquer majin e a fé... O dom de acreditar...

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