Correndo intermitentemente por horas intermináveis, Armin avançava em direção à floresta de Greenwood na esperança de que pudesse fazer algo, qualquer coisa que fosse, para auxiliar na batalha que tanto tinha tentado evitar. Quando se cruzou com a debandada de soldados do exército dos humanos, esperançosamente imaginou que seus aliados teriam vencido facilmente o confronto antes mesmo de que os alcançasse, mas estava errado.
Estava terrivelmente errado.
No momento em que finalmente alcançou o santuário de Ymir sob a proteção do espírito da natureza da vida, ficou horrorizado.
O cenário era mórbido.
O choro e as lamúrias eram um eco constante enquanto sobreviventes procuravam por seus entes queridos em meio aos corpos. Haviam cadáveres por toda parte, alguns dos moradores da clareira da primavera e aliados de outros santuários que estavam menos feridos prestavam socorro para os sobreviventes em pior estado ao mesmo tempo em que outros localizavam inimigos ainda vivos, discutindo entre si se deveriam mantê-los como prisioneiros ou executá-los.
A vegetação estava seca e enegrecida, o solo havia se tornado um imenso pântano de podridão e antes mesmo de se aproximar o suficiente para se fazer notar, o cheiro tóxico de decomposição o fez vomitar. As veias de magia da natureza da vida serpenteavam pelo ar descontroladas sob os olhares de desolação e desespero daqueles que as encaravam deixando clara uma realidade que muitos desejavam negar.
Eren estava morto:
- Cheguei tarde... - murmurou sentindo os olhos lacrimejarem. Aquilo era exatamente o que desejava evitar, mas infelizmente Yamar não havia cumprido com sua palavra.
Com relutância, começou a caminhar lentamente na direção da passagem aberta entre as árvores ressecadas. Podia notar os olhares se desviando para ele, entre eles, o daquela caçadora mestiça com quem tinha lutado no acampamento humano e que agora se encontrava devidamente amarrada, completamente derrotada e incapaz de ripostar.
Quando seus olhos se encontraram, ela sorriu, rindo entre murmúrios sobre sua incompetência antes de desmaiar devido a toxicidade do ar que aos poucos começava a se dissipar ao mesmo tempo em que, muito mais à frente Levi empunhava seu cetro em direção ao céu com o corpo de Yamar ais seus pés conjurando um encantamento de purificação do ar, uma magia inata das valquírias extremamente complexa.
"Como? Quando?" Questionou a si mesmo encarando o cadáver do deus que ainda mantinha um sorriso macabro em seu rosto. "Ele realmente o matou?" Encarou para o rapaz que o olhou de soslaio antes de voltar toda sua atenção de volta a magia que conjurava. "Por que ele está fazendo isso em vez da Mikasa? Onde ela está?"
- Não me diga que... -as palavras morreram em sua boca conforme seus olhos lacrimejavam- Mikasa... Ela também está morta?
Não conseguia acreditar. Em questão de poucas horas havia perdido praticamente tudo com o que se importava e queria muito culpar Levi por isso. Mas no fundo sabia que não podia.
Era culpa dele, pura e exclusivamente. Ele havia tirado o selo de Eren e levado o herdeiro de Ymir até Yamar deixando Greenwood desprotegida. Queria acreditar que salvaria seu povo ao fazer isso, mas não foi o que aconteceu e arrependia-se amargamente de ter se deixado enganar tão facilmente por falsas promessas.
Estava envergonhado. Completamente desconfortável e ter os olhos cinzentos do caçador sobre ele no momento em que terminou de purificar o ar, não ajudou a abrandar esse sentimento:
- Levi, eu... - tentou falar, mas o rapaz passou direto por ele caminhando em direção ao rapet que carregava Pieck sobre o ombro.
-O que devemos fazer com os prisioneiros? - o espirito da natureza da terra questionou trazendo um olhar pesaroso ao rosto do outro.
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Guardião
Hayran KurguApós ter sua vila dizimada por uma criatura mágica, o pequeno Levi Ackerman é acolhido por Kenny, seu único parente vivo, passando a trabalhar ao lado dele e sua equipe sob o codinome de Rivaille para eliminar esses seres. Anos se passaram desde ent...