Eu te odeio

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Com as pernas trêmulas e a respiração ofegante por ter corrido até ali, Rivaille encarava com fascínio o cenário que tinha diante dele; estendendo-se por cerca de dois quilômetros e cercado de inúmeras árvores floridas, um lago de águas cristalinas reluzia com a luz do sol de tal forma que parecia ouro líquido.

Estava maravilhado, tanto que até esqueceu-se da sede que sentia por um breve momento e quando finalmente voltou a si, caminhou até a margem onde diversos pontos de luz dançavam sobre as plantas aquáticas e ajoelhou-se ali.

Enfiando o rosto na água, ele bebeu o máximo que pôde antes de encher seu cantil; podia ver pequenos peixes coloridos nadando entre as pedras e cristais que formavam o fundo daquele lago magnifico e se perguntava se os mesmos teriam carne suficiente para uma refeição, mas acabou por desistir da ideia ao vê-los desviarem-se facilmente de suas mãos.

"Ao menos tenho essas castanhas..." Pensou consigo mesmo analisando melhor o ambiente ao redor enquanto quebrava a casca de uma delas. "Até que são gostosas, embora sejam algo que ele me deu e eu sinceramente não entendo o motivo... Ele claramente me odeia e o sentimento é mutuo, mas mesmo assim... É como se estivesse cuidando de mim ao mesmo tempo em que me mantém preso aqui. Talvez seja algum tipo novo de masoquismo que eu não conheço." Riu se aproximando mais das árvores. Haviam algumas frutas escondidas entre as flores e ele logo se pôs a coletar o máximo de suprimentos que podia, descansando ali por alguns momentos antes de voltar a andar pela floresta em uma nova busca de alguma forma de sair dali.

Foram horas de caminhada até que finalmente pudesse ver uma luz entre os troncos envoltos em neblina, mas antes que pudesse pensar em comemorar, notou que, de alguma forma, havia voltado para o lago. Voltando a caminhar, agora por um novo caminho, mais algumas horas se passaram até que acabasse, novamente, voltando para o mesmo lugar, mas ele não desistiu. Rivaille tentou inúmeras rotas diferentes, escalando, cortando, passando por fendas estreitas e largas; ele subiu montes, desceu ladeiras, caindo, se levantando e tratando seus ferimentos apenas para continuar em frente, mas sempre tendo o mesmo resultado. O lago.

Não importava se fizesse curvas ou seguisse seu trajeto sempre em frente. Ele sempre voltava para aquele maldito lago:

- PUTA QUE PARIU! INFERNO! - jogou a bolsa no chão num rompante de fúria. Estava cansado daquela floresta.

Com o punho cerrado, golpeou a primeira árvore que encontrou em seu caminho fazendo o tronco rachar. Se ao menos Hanji ou Oluo estivessem ali, tinha certeza de que conseguiriam encontrar alguma forma de burlar a magia de labirinto e sair daquele emaranhado infernal de árvores, mas eles não estavam e culpava-se por ter sido estupido em cair na armadilha que o levou para a floresta sozinho. Era tão frustrante que tinha vontade de chorar, mas não daria tal gosto a aquele majin de olhos esverdeados.

Se deixando cair sentado, permaneceu ali sem olhar para nada em particular, retomando o fôlego e tentando encontrar dentro de sua mente alguma forma de sair daquele lugar.

Talvez se escalasse e pulasse de árvore em árvore até encontrar a borda? Mas as árvores pareciam estender-se de tal forma para que ele nunca conseguisse alcançar o topo quando tentava, isso, ou ele continuava subindo sem nunca sair do lugar e no pior dos casos, quando realmente conseguia avançar, as próprias árvores se contorciam e o derrubavam como se tivessem vontade própria.

"Isso é por causa daquele majin, não é? Ele disse que a floresta é parte dele então é ele que está fazendo essas coisas. Ele realmente não vai me deixar sair daqui tão fácil... E o pior é que ele está em total vantagem aqui. As plantas o obedecem, não consigo usar o terreno ao meu favor para lutar e nem sair do lugar se não for da vontade dele. Isso me deixa louco!"

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