Confronto iminente

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Sentada sobre o galho de uma árvore, a pequena fada laranja com antenas, olhos e asas semelhantes aos de uma libélula observava as estranhas movimentações de um determinado elfo. Já fazia algum tempo desde que os reforços dos outros santuários haviam chegado e desde o ocorrido ela não o escutava mais em sua mente.

Como uma majin de habilidades mentais as quais não controlava muito bem, os constantes pensamentos dos seres vivos mais próximos, por vezes, acabavam ecoando dentro dela de forma incomoda o que muitas vezes a fazia recorrer a manter-se próxima a Armin para conseguir relaxar. Gostava de o ouvir divagar sobre suas paixonites, cuidados com as plantas ou seus raciocínios sobre os livros que lia. Era reconfortante. Ele era um ser, ao seu ponto de vista, cheio de luz e pureza, por isso preocupou-a ver como caia cada vez mais em pensamentos sombrios a respeito de Levi.

No começo era apenas uma aversão e raiva pelo que o outro fez contra os majins como caçador, mas depois, ao ver o humano se aproximar e se tornar cada vez mais íntimo de Eren, outro sentimento surgiu. A inveja.

Armin se sentia ameaçado e isso era perigoso. Esses tipos de sentimentos combinados podiam levar alguém a cometer atos terríveis então decidiu mantê-lo em baixo de suas antenas, mas...

"Não importa o quanto tente, já não o escuto mais. Fora de casa sim, em momentos casuais consigo escutar perfeitamente seus pensamentos mais banais, mas durante a noite, quando deito nas árvores ao redor para dormir, não consigo ouvir nada. Mesmo que esteja claramente acordado. O que está acontecendo?"

Colocando a mão sobre a madeira em que estava sentada, acariciou-a delicadamente com os olhos fechados e o rosto contorcido em agonia pelas palavras que escutava.

"Dói! Está doendo!" A voz de Eren gritava. "A proteção vai quebrar... É demais... Me ajudem! Por favor... Alguém... Qualquer um!"

- Tudo bem... Logo logo isso vai passar... - Murmurou voando em direção a arvore sagrada compartilhando parte de sua magia na intenção de aliviar a carga que o guardião carregava.

Não demorou muito para que notasse que não estava só ali. Várias fadas se acumularam ao redor da arvore fazendo o mesmo que ela e ao olhar para o lado, notou que o caçador e atual receptáculo do poder da deusa também estava com suas mãos no tronco deixando a magia fluir:

- Consegue ouvi-lo também? - Nifa questionou diante da expressão entristecida do rapaz de olhos cinza.

- Agora que a transferência terminou, posso fazer tudo o que Ymir fazia, inclusive ouvir pensamentos, só que não controlo bem... -ele explicou- Se controlasse, usaria a telepatia para dizer-lhe que estamos aqui e que está tudo bem, mas...

- É doloroso para todos ouvir ele chorando sem sequer conseguir consolá-lo, mas para você deve ser muito mais...

- Eu não escuto apenas a ele... -confessou e após respirar fundo, voltou seu olhar para a floresta- Você o ouviu, certo? Alguém está tentando quebrar a proteção. Os caçadores estão perto. Yamar usou portais para os trazer. por sorte a proteção de Ymir impede que ele abra um portal direto para dentro da floresta ou para os arredores, mas ainda assim... Ele está tentando. Temos cerca de cinco dias ou menos até que ataquem...

- Pela deusa... -a fadinha exasperou-se- Vou avisar os outros. Temos que nos preparar!

Não foram necessários mais do que alguns minutos para a notícia se espalhasse. Não apenas Nifa, mas outras fadas também dispersaram-se pelos quatro cantos da clareira para anunciar a iminência da batalha.

Nas horas que se seguiram, rapets e salamanders apressaram-se para terminar a forja das últimas armaduras e armas enquanto naiades esfriaram o metal moldado que, após finalizado, era levado pelas harpias para o campo de treino onde Gabi e o pequeno grupo de instrutores por ela selecionados distribuíam os equipamentos aos corajosos voluntários ensinando-os também como vestir corretamente as peças metálicas.

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