Caminhando de volta para o lado majin da clareira, o guardião da floresta e o caçador se mantinham em um desconfortável silêncio. Nenhum dos dois sabia exatamente o que dizer e, se fossem ser sinceros, ambos tinham muitos pensamentos ocupando suas mentes.
Tanta coisa tinha acontecido em tão pouco tempo... verdades foram ditas, segredos foram revelados, desculpas foram feitas de forma sincera e no fim, humano e majin haviam deixado de de ser inimigos para se tornarem algo ainda um tanto incerto, mas que... Que... Era bom?
Sim... Definitivamente era.
Entre reflexões e divagações, Levi deu por si mesmo a tocar os próprios lábios relembrando o beijo que deram. Teria sido um evento sem importância? Uma consequência da avalanche de emoções do momento somado ao fato de estar a tantos anos sem se envolver com ninguém? Seu rosto ficava quente apenas por pensar sobre isso e a pesar de odiar admitir algo assim sobre um ser mágico, tinha sido bom beijar alguém depois de tanto tempo.
"A ultima vez que minha boca tinha tocado a de outra pessoa antes disso, foi naquela vez..." Sentiu os olhos lacrimejarem. "Merda. Não deveria ficar lembrando daquele tarado. Acabou. Ele já morreu!"
Perdido em seus próprios pensamentos, sequer notou que já haviam chegado aos pés da árvore imensa que, na verdade, era o real corpo de Eren. O majin, completamente alheio aos pensamentos do de cabelos negros, tocou no tronco fazendo com que uma espécie de balanço de cipós descesse por entre as folhas até uma altura acessível para Levi:
- Nem morto eu sento nisso aí! - o caçador ditou.
- Bom, você pode ficar a vontade para escalar com suas próprias mãos se quiser - o outro rebateu e após alguns minutos em que permaneceram encarando um ao outro em tom desafiante, o menor finalmente cedeu.
Quando os cipós começaram a se mover, Levi não pôde conter o gritinho que escapou de sua garganta agarrando-se firmemente na planta e emanando o mais profundo ódio pelo moreno que ria de suas reações naquele momento.
Os galhos foram passando diante de seus olhos vagarosamente, com camadas de folhas que vez ou outra se abriam lhe permitindo ver o céu estrelado, a floresta enegrecida pela noite e, a partir de determinado ponto, muito além dela. Vastos pastos repletos de animais que dormiam amontoados, vilarejos inteiros com suas lamparinas acesas e campos de trigo se estendiam pelas planícies cercadas por montanhas e desfiladeiros. As nuvens pareciam estar a alguns palmos de sua cabeça, tanto que sentia que poderia tocá-las se estendesse a mão na direção delas.
Era magnifico, quase hipnotizante e teria ficado admirando aquela paisagem por muito mais tempo se os cipós não tivessem parado de se mover em frente a um galho grande que parecia estender-se como uma plataforma na direção de seus pés. Eren emergiu de dentro dele com um sorriso presunçoso e, estendendo-lhe a mão, ofereceu-lhe apoio para que descesse:
- E eu lá tenho cara de quem precisa de apoio para descer? - questionou com a voz levemente irritada.
- Sim? - o majin sorriu de lado recebendo um semicerrar de olhos em resposta.
Ignorando a mão estendida, Rivaille saltou para o galho com movimentos leves e precisos, ajeitando suas roupas enquanto encarava o outro com um ar de superioridade que a penas o fez revirar os olhos apontando com a cabeça o caminho que deveria seguir até uma construção semelhante às casas do vilarejo na clareira, porém maior e mais decorada, tanto com musgos luminosos, quanto com flores visivelmente mágicas:
- Então é aqui que você vive? - questionou curioso analisando o lugar enquanto o outro abria a porta.
- Meio que sim...
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Guardião
FanfictionApós ter sua vila dizimada por uma criatura mágica, o pequeno Levi Ackerman é acolhido por Kenny, seu único parente vivo, passando a trabalhar ao lado dele e sua equipe sob o codinome de Rivaille para eliminar esses seres. Anos se passaram desde ent...