A garota na árvore (parte 2)

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Após uma longa noite de sonhos que vagavam entre a descoberta da noite anterior e imagens que deixavam seu rosto corado, Rivaille acordou no dia seguinte determinado a ignorar a palpitação que sentia e questionar a Eren sobre a garota na árvore.

Levantando-se- ele lavou-se com a vasilha de água que o majin havia lhe entregado e então, olhou por alguns segundos para a adaga que havia deixado sobre a mesa na noite anterior. Era sua fiel companheira, ele nunca saía sem ela e entretanto, questionava-se se deveria continuar a carregá-la agora que havia decidido tentar conhecer melhor os majins naquela área. Ponderou por algum tempo antes de concluir que era melhor deixá-la. Estar armado apenas traria insegurança para os seres mágicos ao redor e, sinceramente, ninguém ousaria atacá-lo. Ele estaria com Eren o dia todo afinal:

‐ E então? Já está pronto? - a voz do moreno soou tirando-o de seus pensamentos e, erguendo seu olhar em direção a porta da casa, ele pode vê-lo encostado ali sorrindo de braços cruzados.

- Estou sim. O que vamos fazer hoje?

- Bom, como você se dispôs a aprender sobre majins eu vou te levar para conhecer alguns amigos que podem tirar as dúvidas que você tiver... -olhou para fora por um momento antes de estender a mão ao rapaz- Vamos descer?

- Vai me descer daqui com aquele balanço?

- Não, para descer tenho um método mais divertido ‐ agarrou o humano pelo braço puxando para fora onde ele finalmente notou um cipó extremamente grosso entrelaçado no galho acima de sua cabeça, cipó esse que caia em ângulo em direção a uma outra árvore não tão alta quanto aquela em que estava, mas ainda assim, bem alta.

‐ Me diga que você NÃO quer que eu desça daqui me agarrando nesse cipó...

- Claro que não! -riu fazendo o outro suspirar aliviado, mas esse alívio desapareceu assim que fez brotar um novo cipó que se amarrou ao outro enlaçando o humano como um cinto de segurança- Vou te descer daqui escorregando por ele.

- Não. -ditou irredutível tentando se livrar da planta que o enrolava- Nem por cima do meu cadáver.

- Está tudo bem. É super seguro.

- Seguro é o teu rabo!

- Não seja dramático. -revirou os olhos risonho- As harpias adoram.

- As harpias tem asas e não vão morrer se caírem dessa merda.

- Você não vai cair - tomou-o pelas mãos  fazendo com que virasse de costas para a queda que o esperava.

- E se eu cair? - o avançar de Eren em sua direção o fez recuar um passo.

- Então eu seguro você.

Vermelho. Seu rosto corou completamente e quando abriu a boca para tentar formular algo que o refutasse, sentiu as mãos do majin soltarem as dele ao mesmo tempo em que foi empurrado para trás.

Tentou procurar um apoio para não se desequilibrar, mas não havia mais madeira sob seus pés. Seu corpo caiu ficando pendurado pelo cipó que o enrolava na cintura e o prendia ao outro maior e quando agarrou a planta na tentativa de escalar de volta para a árvore, sentiu com terror o momento em que o cipó que fazia o papel de um cinto de segurança começou a deslizar pelo outro, primeiro devagar, mas logo ganhando certa velocidade:

- Me tira daqui! Eren! - gritou desesperado estendendo a mão para o outro que apenas acenou para ele vendo-o descer cada vez mais.

Rivaille sentia o sangue gelar. Seus olhos arregalados viam a paisagem passar por ele cada vez mais rápido conforme se aproximava da árvore mais baixa e quando pensou que finalmente bateria contra o tronco da mesma, fechou os olhos estendendo o braço e posicionando a perna para amenizar o impacto que, no mínimo, lhe renderia algum osso quebrado. Entretanto o baque contra a madeira nunca veio. Em vez disso, sentiu-se ser abraçado, uma respiração soou em seu ouvido enquanto seu corpo desacelerava e quando sua palma finalmente tocou o tronco da árvore, foi um contato muito mais suave do que o que esperava.

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