Acordo

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Olhando para os lados um tanto perdida, Hanji debatia-se entre ficar ali para auxiliar a evacuação das crianças, feridos e idosos ou correr ao encontro do amigo. 

Por um lado, sabia que ajudar aquelas pessoas era importante para Levi e que ele provavelmente queria estar sozinho depois de estar cara a cara com a assassina de seus pais, mas por outro... Por outro tinha certeza de que eram justamente em momentos assim que não deveria o deixar se afundar em seus próprios pensamentos depressivos:

- Eu não quero! - uma voz infantil conhecida a tirou de seu próprio dilema fazendo com que procurasse com os olhos pelo menino de cabelos loiros encaracolados com parte do corpo coberta de ataduras embebidas em remédio.

- Eu sou sua mãe. Me obedece! 

- Eu não quero! - o garoto insistiu e então a cientista finalmente o avistou sendo arrastado pela mãe em meio a multidão.

Lagrimas escorriam de seus olhos enquanto ele afirmava que ficaria, que lutaria para defender sua casa e vingar sua amiga. Mais ao lado, o licantropo de nome Marlo também tentava convencer sua esposa a atravessar o portal com o bebê de ambos enquanto Hitch batia o pé negando-se firmemente a partir e assim se repetiam as dicções entre outras famílias.

Crianças que não queriam deixar seus pais, mães e pais idosos que não queriam deixar seus filhos, doentes e feridos que pretendiam ir até as ultimas consequências para defender seu lar enquanto seus entes queridos tentavam os forçar a evacuar e continuar vivos. 

Além disso, ainda haviam aqueles que estavam em perfeitas condições, mas desejavam partir por não simpatizarem com Levi e entre eles, estava Armin.

O caos começava a se instaurar e em meio a toda aquela confusão de vozes, ela pode reconhecer o elfo loiro afastando-se da multidão com um olhar irritadiço murmurando sobre como não podia acreditar no quão ridículo era tudo aquilo:

- Deusa... Evacuações são sempre assim? - a valquíria guardiã aproximou-se rindo em nervosismo chamando as fadas com um assovio para que ajudassem a colocar ordem no lugar.

A situação se acalmou um pouco com a intervenção das pequenas majins leitoras de mentes e em pouco tempo os cidadãos da clareira inaptos para lutar estavam cruzando o portal, mesmo que relutantes. Tudo parecia estar indo bem e Mikasa logo murmurou que estava na hora de dissipar os portais. Estava prestes a sair para chamar o herdeiro da deusa, mas uma oscilação de magia nas plantas ao redor a fez parar.

Ela reconhecia aquelas falhas... Aquele tremular no brilho esverdeado que corria pela vegetação sem parar... 

Era dor. 

Eren estava com dor e pior que isso, sua magia estava sendo consumida em grande quantidade.

Será que algo tinha acontecido? Será que Levi tinha algo a ver com isso?

Logo a grama começou a murchar. Os galhos do domo secaram e uma sensação avassaladora se espalhou por seu corpo, como se algo estivesse quebrando em seu interior:

- Mamãe... - murmurou com a mão contra o peito olhando para os outros espíritos da natureza que pareciam estar na mesma situação.

- Ei, o que aconteceu? O que tem de errado? - a cientista questionou apoiando valquíria que parecia prestes a desmaiar a qualquer momento.

- Ymir... -ela respondeu- Minha mãe está morrendo e levando o Eren junto dela.

- Mikasa. Vamos até a mãe! - Gabi exclamou tentando se recompor, tomando a forma de um dragão e agarrando os dois espíritos da natureza mais próximos antes de voar em disparada na direção da arvore sagrada cujo a magia de proteção desvanecia deixando visível o tronco ressecado, assim como as folhas que tornavam-se laranjas e caiam como agua em uma cascata.

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