Sangue e cinzas (parte 1)

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"Você virou um majin."

Aquelas palavras ecoavam na mente de Levi causando um misto de sensações que ele sequer saberia definir.

Estava em choque? Sim. O pânico com certeza o consumia também, mas em algum lugar no meio daquela bagunça havia um pouco de esperança e até mesmo.... Alívio?

Sim, alívio.

Alívio porque ele não tinha sido encantado e porque isso significava que Eren não o tinha enganado, ao menos não sobre isso...

Quer dizer... Ele ainda não sabia o que tinha acontecido e como tinha se tornado um majin, mas ao menos agora sabia com total certeza que seus sentimentos não eram uma mentira.

Sentindo a amiga o puxando em direção à tenda, piscou os olhos algumas vezes como se voltasse a realidade apenas para notar que a mesma estava já a algum tempo falando incessantemente sobre pesquisas e testes usando a ele como uma cobaia viva.

Desvencilhando-se das mãos dela num gesto brusco, recuou alguns passos vendo-a parar de falar em seguida:

- O que foi, Raviolinho? Não pretendo fazer nada que te machuque, se é isso que te preocupa.

- Não é isso... -murmurou olhando para a floresta por um momento antes de encarar a amiga- Hanji, eu tenho que ir.

- Ir? - ela questionou tombando a cabeça para o lado.

- Tenho que os impedir de destruir Greenwood... Tenho que salvar meus amigos - afirmou decidido.

- E como pretende passar pelo labirinto sem sua semente mágica brilhante? Não era ela a responsável por abrir o caminho?

- É o Eren quem abre o caminho. A semente apenas dizia a ele onde eu estava. Agora ele pensa que meu tio sou eu e está o levando direto para o centro do labirinto. -ele respondeu seguindo em direção a névoa esbranquiçada que parecia se retorcer e agitar mais do que normalmente fazia- Me deseje sorte.

- Eu vou com você. -ela ditou correndo de volta para a carroça apenas para encher sua bolsa com itens que considerava úteis antes de ir ao encontro do amigo- Pronto. Podemos ir.

- Certo... - respirou fundo sentindo como a mulher entrelaçava sua mão na dele, tanto para não se perder, quanto para lhe passar alguma segurança enquanto avançavam névoa à dentro até finalmente encontrarem o primeiro de muitos troncos de árvore que veriam.

Estendendo sua mão livre até tocar a madeira, Levi aproximou-se dela encostando a testa ali.

"Por favor..." Ele fechou os olhos inspirando profundamente "Eren, sou eu... Sinta que sou eu..."

- Eu estou aqui... Abra para mim... - pediu num murmúrio quase inaudível e então a árvore se iluminou, sendo seguida por várias outras que se retorceram até criar um caminho pelo qual ele avançou apressado puxando a morena para que viesse junto.

"Eu estou chegando, Eren. Espere por mim!"

***

- O que é isso? - o guardião murmurou deixando de dar atenção a irmã para encarar a floresta em um ponto específico. Estava no lado majin da clareira, mais especificamente na tenda médica, ajudando Mikasa e Armin a tratar os refugiados feridos.

Depois de ter passado grande parte da manhã apenas lamentando sua infeliz vida, acabou por se vestir e ir se encontrar com os dois para cumprir os afazeres com os quais tinha se comprometido.

Estava triste por ter que se despedir de Levi, mas sabia que não podia o deixar por mais tempo ali depois de descobrir o que descobriu. Precisava o manter longe de Ymir, ao menos até encontrar uma forma de parar aquilo.

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