Sangue e cinzas (parte 2)

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Caos.

O céu se tornava escuro enquanto humanos e majins encaravam assustados como as plantas ao redor da clareira da Primavera cresciam e se entrelaçávam criando uma cúpula protetora ao redor de toda a área.

O incêndio na floresta se espalhava. Os caçadores usavam e abusavam do fogo e da pólvora para destruir as árvores sem se preocupar com as consequências, chegando até mesmo a incendiar o casulo onde estava o pequeno Nicolo que, sufocando com o calor e a fumaça, esmurrava a madeira com toda a força até suas mãos sangrarem numa tentativa de escapar, chamando pelo nome do guardião na esperança de ser salvo.

Em meio a tudo o que acontecia, Levi estava paralisado.

Ele podia ver, através das labaredas alaranjadas que o impediam de avançar, a forma como seus amigos atacavam sem piedade o majin de olhos verdes extremamente fragilizado pela dor que sentia com a destruição que o fogo causava.

Não havia nada que ele pudesse fazer. Ele não conseguia avançar por conta das chamas e isso o angustiava. Já sabia que poderia encontrar um cenário caótico quando alcançasse o fim daquele caminho que se abria diante dele, mas aquilo... Aquilo era pior do que qualquer coisa que pudesse imaginar.

Diante do estado do amigo que, após se recompor do choque inicial, procurava cruzar aquele véu ardente que os separava da batalha, Hanji revirava sua bolsa procurando por algo que pudesse os ajudar encontrando apenas um frasco de poção de cura:

- Experimenta isso! -entregou o frasco a ele que a olhou com uma expressão confusa- Não vai impedir que se queime, mas ao menos pode te curar depois que passar.

- Mas essa poção só dá para um. E você? - questionou preocupado com a amiga que apenas abanou a cabeça em negação, empurrando-o em direção às chamas.

- Eu vou continuar procurando outra maneira. Deve ter algum lugar onde o fogo esteja mais baixo. Agora vai!

- Obrigado por tudo... -ele pronunciou abraçando-a com o frasco em mãos antes de avançar e quando finalmente estava próximo o suficiente do fogo para sentir o calor o queimar, virou-se para trás.

- Vai! -ela repetiu para o encorajar assim que seus olhares se encontraram- Seu amigo precisa de você!

- Ele não é apenas um amigo - decidiu revelar antes de se lançar contra o incêndio, avançando sem olhar para trás a pesar da forma como suas roupas e pele queimavam.

Os olhos de Hanji se encheram de lágrimas diante da cena. Ela o viu cruzar aquele véu laranja crepitante até por os pés numa área segura onde finalmente se permitiu tomar a poção de cura em um único gole, avançando sem pausas até onde estava o guardião da floresta enquanto sacava suas adagas:

- Idiota... -ela murmurou tão baixo que ele sequer poderia escutar mesmo se ainda estivesse ao seu lado- É claro que eu já sabia disso...

Enquanto isso, Eren tentava a todo custo manter sua integridade. As raízes e cipós afastavam os explosivos que Erd, Gunther, Oluo e Petra lançavam  enquanto seu corpo humanoide travava uma luta nada justa contra Kenny que já havia, mais de uma vez, decepado algum membro seu ao qual ele rapidamente regenerava.

A dor excruciante o impedia de raciocinar ou planejar seus movimentos de tal forma que tudo o que podia fazer era defender os ataques. Havia uma grande quantidade de sangue no chão só seu redor assim como em suas vestes e nas do adversário que, cheio de confiança, preparava-se para um golpe arrojado que o deixava bastante exposto no lado, logo abaixo do braço.

Aquela era sua oportunidade. Aproveitando-se da abertura, fez crescer uma raiz em formato de estaca que transpassou o ombro do caçador através da axila, estilhaçando a articulação ao mesmo tempo em que mais pontas cresciam a partir da primeira, cravando-se em seu braço e quebrando-o em várias partes.

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