Guardião

Prenúncios da guerra (parte 2)

- Ei! Vem brincar comigo! - uma voz infantil chamou e, ao olhar para o lado, Levi deparou-se com um garotinho cujo a aparência parecia ser obscurecida por uma névoa.

A criança tomou-o pela mão, puxando sem rumo em meio a um imenso vazio escuro e quando abriu sua boca tentando dizer para que parasse, surpreendeu-se não só pelas palavras que saíram dela, mas também pela voz com que as disse e que, definitivamente, não era a dele:

- Certo, tudo bem. O que você quer fazer?

"Ymir... Essa é a voz de Ymir..." Pensou encarando a própria mão unida a do garotinho e notando como de fato, era tão delicada como a de uma mulher.

Era a mão dela. Aquele era o corpo dela.

Estava vendo uma memória? Ou talvez...

- Ah, não sei... -a voz do menino soou de novo tirando-o de seus pensamentos- É tudo tão chato aqui... E escuro também. Nada divertido.

- Que tal mudarmos isso? - Ymir respondeu e Levi pôde sentir em sua voz como a deusa estava sorrindo naquele momento.

Ela soltou sua mão da do menino erguendo-a na altura dos olhos e logo uma imensa quantidade de partículas mágicas começou a se acumular ali formando uma esfera de luz amarela:

- Uau! É tão lindo! O que é?

- Eu não sei bem... -cantarolou pensativa- Eu só misturei alguns gazes e fiz aquecer... E então, o que achou dela?

- Eu gostei. Ficou tudo mais claro agora e é tão brilhante... -ele riu- Já escolheu um nome para isso?

- Eu estava pensando em chamar de... Estrela.

- Estrela... Eu amei! - bateu palmas animadamente antes de correr para longe moldando inúmeras esferas como aquela.

- Ei, espera! Não corra por aí desse jeito!

- Vou fazer um monte delas! você vai ver! -ele gritou risonho se afastando cada vez mais da deusa- Vou encher esse lugar com elas e vou chamar de... -parou para pensar por um momento antes de bater palmas mais uma vez, dessa vez espalhando múltiplas estrelas pelo espaço ao redor dele- De galáxia! Vou fazer muitas e muitas galáxias!

***

Abrindo os olhos lentamente, Levi encontrou-se sozinho na cama embolado em inúmeras cobertas. Não havia nenhum sinal daquele menino, ou de estrelas, apenas a boa e velha casa de Eren.

Um sonho. Tudo tinha sido apenas um sonho... Embora ele sentisse como se fosse real, ou ao menos tivesse sido em algum momento.

"Por que estou sonhando com essas coisas estranhas agora?" Questionou a si mesmo enquanto um galho crescia fazendo brotar diante dele uma maçã extremamente vermelha:

- Obrigado, Eren. Eu estava mesmo com fome... -tomou a fruta em mãos mordendo-a antes de jogar uma capa sobre os ombros enquanto se dirigia ao lado de fora da casa- Na verdade acho que não como nada desde...

"Desde que aquilo tudo aconteceu..." Lamentou em pensamento sentindo a boca amargar com as lembranças dos últimos eventos.

Conseguia entender perfeitamente o motivo de Armin e tantos outros terem se revoltado. Aquela situação era surreal demais até para ele. Nunca imaginou que, em menos de dois dias, toda a sua vida iria virar de ponta cabeça.