Requiem (parte 1)

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Após uma luta muito mais intensa do que esperavam, Gunther e Erd finalmente tinham Mikasa aos seus pés morrendo lentamente e precisavam admitir, provavelmente não a teriam vencido se não fosse pela vantagem do terreno e a perda de sangue constante da guardiã da planície devido aos seus ferimentos.

Pela falta de espaço para se mover, a asa da majin, antes mutilada, havia sido arrancada quase completamente. A dor e a hemorragia a fizeram tornar-se progressivamente mais lenta, mas ela ainda durou muito mais do que imaginavam ser possível graças a algumas poções de regeneração que carregava, isso até finalmente vacilar lhes dando uma abertura que a fez perder o braço direito.

Ainda assim, seus ataques eram implacáveis. Sua precisão, entretanto, deixou a desejar. Ela parecia ter medo de atingir os aliados ao redor que estavam tão entretidos em suas proprias lutas e tendo cada vez menos sangue no corpo, sua visão começou a obscurecer rendendo-lhe algumas flechas embebidas em veneno cravadas na pele antes de ter a lamina de Gunther rasgando seu estômago de tal forma que quase a partiu ao meio.

Mas precisavam admitir, a pesar do estado deplorável em que deixaram a oponente, a dupla de caçadores não podia dizer que tinha saído ilesa.

Para começar, ambos tinham toda a pele retalhada. Pareciam ter descido rolando em um desfiladeiro de facas de açougueiro, mas na verdade era apenas o resultado de uma implacável magia de tornado somada a lâminas de de vento, especialidade da majin de olhos cinzentos. 

O arqueiro tinha perdido parte da pele e músculos do rosto que agora exibia sua arcada dentária por ter tido arrancados tanto os lábios, quanto a orelha no lado direito. Haviam partes de sua carne no chão e seu olho tinha sido destruído também.

Seu nariz estava quebrado assim como sua perna e, por pouco, não tinha perdido o braço esquerdo. Já seu companheiro usuário de laminas curvas, por outro lado, não tinha tido tanta sorte.

Seu braço havia sido completamente arrancado pelo mesmo ataque cortante de vento que arrancou metade do rosto de Erd. Tinha tentado bloqueá-lo, mas falhou e por isso não apenas havia perdido aquele membro, como também teve seu rosto e peito cortados de forma profunda, mas não mortal, felizmente. Seu estômago entretanto era uma história diferente.

Havia sido atingido por disparos de vento que não só quebraram uma de suas armas, como perfuraram seu corpo sem resistência várias vezes. Parte de seu intestino estava exposto. Estava ciente de que não sobreviveria a aqueles ferimentos, mas ainda assim pressionava-os numa tentativa de conter o sangue e prolongar um pouco o seu tempo:

- Temos que avançar... -ele murmurou para o companheiro- Não vi aquele majin das plantas até agora e ele é o mais perigoso. Mesmo que Pieck o tenha no selo, temos que nos livrar dele.

- Disseram que o queriam vivo, mas eu concordo que temos que matar. Mesmo assim, deveríamos cuidar dessas suas feridas primeiro - o loiro apontou rasgando a própria roupa para usar como bandagem, mas logo parou o que estava fazendo quando seus olhos encontraram a imagem de Oluo morto com uma espada no peito.

De repente o som de todas as lutas ao redor silenciaram. Os gritos dos soldados pareciam abafados em seus ouvidos e tudo o que ele podia escutar era o lamento daquela garota tão parecida com seu amigo repetindo uma e outra vez que não queria aquilo. Que queria que o irmão voltasse.

O que tinha acontecido? Como ele tinha perdido aquela luta e por que sua oponente agora lamentava? Inúmeras perguntas rodavam em sua cabeça ao mesmo tempo em que sentia como se seu coração tivesse sido arrancado mais uma vez.

Primeiro Rivaille os deixou, depois Hanji, em seguida ele perdeu Petra e agora Oluo também estava morto diante dele. Por que ele continuava perdendo as pessoas que amava? Por que deus parecia estar apenas fazendo uma piada ruim com ele?

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