Como um só

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Seguindo a garota com um certo receio, Rivaille podia ver o cenário ao seu redor mudar. As árvores se curvavam abrindo passagem para eles e quando finalmente pôde avistar a luz do Sol mais uma vez, encontrou diante se si uma das paisagens mais lindas que poderia imaginar.

Era uma imensa área aberta, ainda maior do que aquela em que estava antes. Em vez de um único lago, aquela exibia um conjunto de nove lagoas luminosas rodeadas de flores e um gramado verdejante; haviam também algumas árvores espelhadas pelo espaço, todas repletas de flores e frutos visivelmente saborosos.

Um pouco mais além já entrando novamente na mata fechada, era possível visualizar algumas pequenas plantações espalhadas ao redor de várias casas semelhantes a ninhos de beija-flor feitas pelas próprias contorções das árvores, todas conectadas por pontes e escadas moldadas a partir do entrelaçar dos galhos e cipós floridos, indicando que, de alguma forma, ainda estavam vivos e conectados; haviam até mesmo alguns animais espalhados pela área e alguns presos em cercados como cabras, ovelhas, galinhas e até mesmo alguns cães e gatos.

Era um vilarejo inteiro. Um Vilarejo vivo, construído pelas árvores sem que nenhum galho fosse cortado ou quebrado:

- É bonito, não é? O guardião construiu esse lugar para os perdidos... - a jovem explicou com um sorriso singelo que o fez franzir o cenho.

- Perdidos?

- Pessoas como eu, que entraram na floresta e nela construíram seu lar - explicou Dando-se por satisfeita ao ver como o caçador se calava.

Ela avançou em direção às casas e então algumas poucas pessoas surgiram nas janelas para cumprimentar a ela e ao recém chegado, todos humanos e vestindo roupas sem costuras semelhantes às que ela usava:

- Boa noite, Vovô! - ela acenou a um idoso que acabava de sair da própria casa para ascender as lamparinas que iluminariam o local durante a noite que se aproximava.

- Boa noite, Hitch. Esse é o tal caçador que o guardião falou mais cedo?

- É sim. -ela sorriu puxando o rapaz pelo braço para que pudesse o apresentar- Vovô Dot, esse é o...

- Rivaille... Pode me chamar de Rivaille - se apresentou ganhando um sorriso do idoso em resposta.

- Muito prazer, Rivaille. Querem entrar para jantar comigo? Eu só preciso acender essas lamparinas, mas já já vou entrar...

- Eu adoraria, mas Marlo e Gael estão me esperando em casa - a jovem respondeu simpática chamando a atenção do caçador pela menção de duas novas pessoas naquela conversa.

- Claro... -Dot respondeu complacente- O pequeno Gael precisa da mamãe. Va lá, mas já fica o convite para amanhã virem todos aqui almoçar.

- Pode deixar! - afirmou acenando em despedida enquanto seguia puxando o rapaz em direção a uma outra casa decorada por diversas folhas e flores amarelas que brotavam espontaneamente dos galhos.

Em meio a toda aquela situação, Rivaille apenas se deixava ser guiado pela irmã de seu amigo enquanto tentava processar todas as informações que lhe eram dadas.

Aquele era um vilarejo humano no meio de Greenwood feito para abrigar aqueles que se perdiam no labirinto? Então as pessoas que todos pensavam ter morrido naquela floresta nos últimos anos estavam ali, sob os cuidados do majin de olhos esmeralda?

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