A quantos dias estava naquela situação? Rivaille não saberia dizer. Desde que havia sido "poupado" pelo majin de aparência humana que desapareceu no ar assim que o libertou, tentava a todo custo deixar a floresta, acabando sempre por voltar para o mesmo lugar ou adentrando ainda mais aquele emaranhado de árvores e neblina espessa.
Era frustrante e cansativo. Tinha de permanecer alerta o tempo inteiro para o caso de outro majin aparecer e mesmo quando conseguia um lugar seguro para dormir, ainda assim acordava sobressaltado a cada mínimo ruído o que resultava em seu rosto exausto e ainda mais pálido que o normal decorado com imensas olheiras. Estava com fome e sede, não havia encontrado nenhum animal que pudesse caçar e muito menos uma fonte de água para encher seu cantil que já a algum tempo estava completamente seco; sentia que poderia morrer a qualquer momento e perguntava-se o que seus amigos estariam fazendo naquele momento, se teriam o abandonado ou se estariam procurando por ele.
"Maldita magia de labirinto..." Pensava consigo mesmo. "Vou morrer aqui por causa de um majin nojento... Se eu ao menos tivesse prestado atenção para não entrar nessa maldita névoa eu..."
Seus pensamentos foram interrompidos por uma noz que atingiu sua cabeça. A pequena semente quicou no solo rolando até parar ao bater na ponta de sua bota e assim que o caçador colocou os olhos nela, agarrou-a quebrando a casca com uma pedra e comeu desesperadamente. Logo uma nova castanha caiu ao seu lado sendo seguida de outra e mais outra. Diversas sementes caíram como chuva sobre ele e, ao olhar para cima, não encontrou nada além dos mesmos galhos de sempre; verdejantes e viçosos sim, mas nenhuma daquelas árvores era uma castanheira.
"O que está acontecendo aqui? De onde essas castanhas vieram?"
O som de uma movimentação anormal das folhas o fez estreitar os olhos em busca de algo nas copas das árvores. Podia ver claramente a movimentação que causava a queda de algumas folhas e então... nada. Tudo parou voltando ao silêncio da antes que perdurou por tempo suficiente para que o caçador baixasse a guarda novamente.
Juntando as castanhas ao seu redor em uma pequena bolsa que prendeu em sua cintura, o rapaz seguiu comendo algumas enquanto rodava uma das adagas em seus dedos voltando a caminhar entre as árvores, seguia cortando os galhos mais baixos que impediam sua passagem e marcando seu caminho riscando os troncos com setas, não que isso o ajudasse muito uma vez que as árvores mudavam de lugar com mágica, mas ao menos era melhor do que não fazer nada para se orientar naquele lugar.
Enquanto isso deitado na copa de uma das árvores, o majin de olhos verdes luminosos observava cada passo do jovem caçador comendo algumas castanhas que fazia brotar da palma de suas mãos.
Estava curioso. Aquele rapaz com as costas queimadas cheirava a sangue e ódio, mas mesmo assim, havia uma marca da deusa em sua testa. Não conseguia entender como ou porquê, mas sabia que estava ali e por isso não o podia ferir.
Era frustrante vê-lo andar pela floresta dia após dia rogando pragas a todas as formas de vida mágicas; cada galho quebrado e cada corte feito nas árvores doíam em seu corpo e o feriam, mas ainda assim, ele estava ali, vigiando-o e lhe dando de comer para que não passasse fome por dias a fio.
"Onde estou com a cabeça em jogar comida para ele? A marca me proíbe de o matar, mas não me impede de deixá-lo morrer e, sinceramente, era um favor que seria feito ao universo..." Pensou consigo mesmo antes de jogar uma das castanhas diretamente na cabeça do baixinho rabugento que havia acabado de chutar uma das árvores:
- Mas que droga... - ele reclamou agarrando a castanha e olhando em volta várias vezes em busca da origem daquela semente.
O majin riu contido. Ao menos podia se divertir ao observar as reações confusas e irritadiças de seu pequeno intruso inconveniente, mas quando moveu os braços para se acomodar melhor no galho em que estava deitado, subitamente viu uma lâmina voar em sua direção passando a escassos centímetros de sua bochecha e cravando na madeira atrás dele:
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Guardião
FanfictionApós ter sua vila dizimada por uma criatura mágica, o pequeno Levi Ackerman é acolhido por Kenny, seu único parente vivo, passando a trabalhar ao lado dele e sua equipe sob o codinome de Rivaille para eliminar esses seres. Anos se passaram desde ent...