Capítulo 34: Amor dourado

80 8 3
                                    

  O tempo se passou e eu já estava na minha trigésima quinta semana de gravidez, ou seja, já havia entrado no nono mês. A cada dia que passava, eu só desejava ainda mais que Willow nascesse logo.
Na manhã do dia 24 de dezembro de 2016, véspera de natal, decidi preparar um café elaborado para mim e minha mãe. Fiz tudo o que ela gostava: Waffles, panquecas em formato de pinheiro de natal , ovos mexidos e torradas.

  — Que cheiro bom, filha. — Ela saiu do quarto com os olhos inchados de sono.

  Graças a Deus, minha mãe já estava conseguindo andar um pouco melhor que antes e não dependia tanto da cadeira de rodas. Os remédios e os tratamentos estavam sendo bastante eficazes em relação ao Parkinson. Por mais que tudo fosse extremamente caro, cada centavo valia a pena para vê-la bem.

  — Você sempre fazia ótimos cafés da manhã pra mim nas vésperas de natal quando eu era criança. Tô só retribuindo. — Sorri. — Só não lhe garanto que vai tá tão bom quanto o seu.

  — Pelo cheiro, parece tá melhor que o meu. — Ela se sentou e eu logo arrumei tudo na mesa da cozinha.

  Eu e minha mãe nos servimos e começamos a comer. Ela parecia estar se deliciando com aquele café da manhã. Acho que eu tinha acertado.

  — Pode me passar a geleia de morango? — Mamãe pediu.

  — Claro. — Dei a geleia para ela.

  Deu até pena de vê-la tentar passar aquilo na torrada. Suas mãos tremiam tanto que ela não conseguia mais fazer uma simples atividade do dia a dia.

  — Deixa que eu faço isso. — Me ofereci.

  — Não, eu consigo. — Ela continuou tentando. Mas a sua tremedeira estava tão forte que a geleia estava caindo da espátula e estava sujando sua roupa.

  — Mãe, tá tudo bem, eu faço isso. — Tirei as coisas das suas mãos.

  — Desculpa. — Ela parecia desapontada consigo mesma.

  — Não precisa pedir desculpa.

  Ao terminarmos de comer, recolhi toda a louça e fui lavar na pia. Estava cada vez mais difícil lavá-las, pois a barriga estava tão grande que não me deixava mais fazer meus afazeres domésticos. Sem contar com as dores na coluna e nos pés que ficavam cada vez piores.
  Enquanto limpava as louças sujas, tive uma contração terrível, tão ruim que precisei parar o que eu estava fazendo para me recompor. Foi então naquele momento que comecei a sentir um molhado entre minhas pernas e no chão. A bolsa tinha estourado.
  Não tive a mínima ideia do que fazer e comecei a me desesperar. Além do nervosismo, a dor também só aumentava, me deixando ainda mais aflita.

  — MÃE! — Chamei bem alto e ela veio o mais rápido possível.

  — O que foi, Rebeca?

  Quando minha mãe olhou meu estado, imediatamente entendeu o que estava havendo. E ela começou a se tremer ainda mais.

  — Mãe, — Respirei fundo para aliviar a contração, mas foi inútil. — a gente precisa ir pro hospital.

  — Rebeca, como você vai pro hospital? Eu não dirijo e você também não tem como dirigir! — Mamãe se desesperou.

  — Ai! — Fiz uma careta horrível. — Liga pra Gisele!

  — Tá, eu vou ligar!

  Gisele já havia parido sua filha, a pequena Alice, dois meses antes de mim, com certeza a aquela altura do campeonato ela já tinha se recuperado do pós parto e já devia estar dirigindo.
  Alguns minutos depois, minha mãe voltou até mim, me dando a resposta se Gisele poderia me ajudar ou não.

Our Little Gift / Nosso pequeno presente Onde histórias criam vida. Descubra agora