Capítulo 02: Aniversário arruinado

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  Willow pov:

  E então o dia do meu aniversário de doze anos tinha chegado, finalmente. Minha mãe decidiu fazer uma festinha para mim e minhas amigas no nosso apartamento. Seria algo bem simples, mas com certeza era de coração.
  Ela tinha comprado meu bolo favorito e alguns balões para decorar a casa. Ah, e também tinha me comprado uma roupa linda para usar durante a festa.
  Enquanto minha mãe estava arrumando  os últimos detalhes do meu aniversário, a campainha tocou. Será que primeiro convidado já tinha chegado? Ainda era muito cedo. Quem poderia ser?
  Então corri para abrir a porta e dei de cara com a tia Ana. Eu não fazia ideia de que ela viria, foi uma surpresa muito boa. Senti tanta saudade dela que a primeira coisa que fiz foi me atracar em seu colo.

  — Tia Ana! — Fiquei abraçada nela.

  — Oi, Wills.

  — Senti tanta falta de você.

  — Eu também senti. Como você cresceu.

  — Cinco centímetros desde a última vez que a gente se viu. — Sorri.

  — Vai se tornar um mulherão. Cadê a sua mãe?

  — Tá na sala de estar montando a decoração da festa.

  — Deixa eu ir dar uma olhada nela. — Minha madrinha se afastou. — Ah, Willow, antes que eu me esqueça...

  — O que?

  — Feliz aniversário. — Ela me deu uma caixinha de presente.

  — Obrigada.

  — Abre e vê o que acha.

  — Tá.

  Rasguei a embalagem com força e quando abri a caixa comecei a rir. Era um sutiã. Meu primeiro sutiã.

  — Tia Ana... se minha mãe ver isso...

  — É o nosso segredinho. — Ela deu um sorrisinho de canto.

  — Você é doida.

  Acompanhei a tia Ana até a sala de estar e ela logo encontrou com minha mãe e minha avó lá. As duas ficaram conversando durante um tempão. Minha avó até tava interagindo bastante com elas, hoje ela tinha acordado bastante bem.

  — E como a senhora tá? — Tia Ana perguntou para a vovó.

  — Tô bem, minha filha.

  — Que bom, fico feliz em saber disso.

  — Eu só vivo perdendo a memória, mas tirando isso... tô saudável como um cavalo.

  Se saudável como um cavalo fosse perder o movimento dos músculos e toda hora ter apagão de memória... não queria nem saber o que era ficar doente de verdade.

  — Filha, acabaram os balões, você pode pegar mais pra mim? — Mamãe pediu enquanto estava em cima da escadinha decorando os cantos das paredes.

  — Claro, onde tá?

  — Eu acho que guardei essas coisas de decoração tudo dentro do meu armário. Vê se você encontra lá. Se não encontrar, vou ter que ir comprar mais.

  — Tá, vou procurar.

  Caminhei até o final do corredor e entrei no penúltimo quarto, que era o da minha mãe. Achar aqueles balões seria difícil, já que o armário dela era só tralha, mas eu precisava achar.
  Procurei por toda a parte, mas... nada. Achei até coisas velhas dela, que já estavam cheias de poeira e traças, mas ainda assim não achei os balões.
  Então peguei uma cadeira e comecei a procurar pela parte de cima do guarda-roupa. Se não estivesse por ali, não estaria em outro lugar.
  Tinham várias caixas mofando na parte de cima, talvez os balões estivessem dentro de uma dessas caixas. Porém, quando abri, me enganei. Não tinha nada de decoração, mas sim alguns papéis e arquivos. Como eu era muito curiosa, não pude evitar de dar uma fuçadinha.
  Abri um negócio que parecia ser um álbum de fotos, e estava só poeira, me forçando a assoprar para conseguir enxergar alguma coisa. E era mesmo um álbum fotos, tinham várias fotografias minhas quando eu era bebê e também tinham fotos da minha mãe grávida. Ao folhear as páginas, vi umas fotografias da minha mãe com um homem que tomei um baita susto quando percebi quem era.
  Era aquele tal ator Robert Pattinson. Minha mãe nunca mencionou que havia conhecido ele. Quer dizer... nunca mencionou que tinha namorado ele.
  Os dois pareciam super apaixonados nas fotos. Tinham fotografias deles em Paris, em tapetes vermelhos, em uma cachoeira que eu não fazia ideia de onde era, e vários outros lugares aleatórios. Como ela pôde me esconder uma coisa dessa?
  Então, avançando mais algumas páginas, encontrei um envelope lacrado. Parecia ser um tipo de carta ou sei lá o que. Obviamente eu abri para ler.

Querido Robert,

Eu não sei qual rumo a sua vida tomou. Não sei se você decidiu ficar com a Tahliah, ou se você tá sozinho, ou sei lá. Só queria lhe pedir pra a gente esquecer tudo o que aconteceu e tentar se reconciliar.
Eu confesso que fui muito dura no nosso término. Sei que também tive parcela de culpa nessa merda toda que a gente passou. Eu fui ausente, fui fria na relação e coloquei meu trabalho acima de tudo.
Mesmo que você não queira mais voltar comigo, pelo menos não me abandone, porque eu preciso de você mais que tudo agora. Antes de voltar pra Los Angeles no dia em que nos separamos, eu fiz um teste de gravidez, e... deu positivo. Sim, eu tô grávida, Rob.
Não sei o que fazer, não sei se vou conseguir criar essa criança sozinha, por isso quero lhe ter por perto. Sei que seu sonho sempre foi ser pai e sei que você vai me ajudar a cuidar desse bebê independente de como esteja a nossa relação.
Eu sinto sua falta... sei que agora não muda nada, mas não custa nada falar. Eu estava falando sério quando falei que nunca iria deixar de te amar. Apesar de tudo o que rolou, eu ainda te amo mais que tudo.
Então pensa, Rob. Pensa no nosso filho. Vamos varrer essa história toda pra debaixo do tapete, pro bem dessa criança. Me manda uma resposta assim que possível.

Com amor, Rebeca Miller.

Ela mentiu para mim durante todos esses anos. Não é que meu pai me abandonou, na verdade ele nem sequer sabia nada minha existência.
Enquanto eu estava chorando e tremendo de raiva com aquela grande descoberta, virei a folha de trás do envelope e descobri o endereço do destinatário da carta. Era Los Angeles/California - Beverly Hills nº 4451.
  Eu já tinha me decidido, eu iria encontrar o meu pai a todo custo. Nem que eu precisasse fugir de casa para isso.

  — Filha, achou os balões? — Minha mãe entrou no quarto e se deparou com sua caixa de segredos toda revirada.

  — Por que você mentiu? — Perguntei chorando.

  — Willow, que papel é esse que você tá segurando? — Ela estava super tensa.

  — Essa história de que meu pai abandonou a gente era mentira! Ele nem sabe quem eu sou!

  — Meu amor...

  — Como você pôde fazer isso comigo, mãe?

  — Eu queria te proteger.

  — Me proteger? Tem ideia de quantos dias dos pais eu chorava por achar que meu pai não queria saber de mim?

  — É claro que eu tenho ideia, eu também não tive pai!

  — Mas o seu pai te abandonou! O meu não! — Berrei. Deu para ver no olhar dela que aquela minha fala tinha machucado.

  — Você não sabe como é esse mundo das celebridades, Willow. A melhor coisa foi você crescer longe disso!

  — Isso é o que você acha! Você só pensou em si mesma tomando essa decisão!

  — O que tá acontecendo? — Minha madrinha entrou no quarto. — Merda... ela descobriu?

  — Você também sabia todo esse tempo? — Fiquei incrédula.

  — Wills... eu...

  — Todo mundo sabia, menos eu!

  — Filha, esquece essa história... o seu pai deve ter outra vida agora. Deve ter uma esposa, filhos...

  — Eu vou achar meu pai. — Interrompi. — E você não vai me impedir.

  Fui para o meu quarto e me tranquei lá. Não queria mais ver ninguém nem saber de festa nenhuma. Agora só o que me importava era a minha fuga para ir atrás do meu pai. Já estava decidido: quando todo mundo fosse dormir, eu iria pegar o cartão de crédito da minha mãe e iria fugir. Eu compraria uma passagem de ônibus e iria para o endereço mencionado na carta. Eu era esperta, com certeza meu plano daria certo.

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