Capítulo 20: Última prova de amor

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Rebeca POV:

  Nos últimos dias, mal consegui dormir pensando na minha gravidez. Eram tantos pensamentos que ecoavam em minha cabeça que eu estava quase enlouquecendo.
  E se, Deus o livre, Robert nunca mais acordasse? Eu seria viúva e cuidaria de duas crianças sozinha. E outra, eu já tinha 41 anos, seria muito difícil ter uma gestação normal. Na minha idade, os riscos eram quase que inevitáveis.

— Ai, merda! — Reclamei quando deixei o prato escapulir da minha mão e se quebrar dentro da pia onde eu lavava louça.

— Mãe, você tá legal? — Willow perguntou enquanto secava os copos com um pano. — Você nunca deixa nenhuma louça quebrar.

— Tô, tô... — Inspirei fundo.

— Mesmo? Parece muito nervosa, ainda mais que o normal.

— Se eu te contar um segredo, promete não contar pra ninguém?

— Claro que sim. Somos confidentes desde sempre, lembra? — Ela tocou em meu ombro.

— Wills, eu... eu tô grávida.

— Grávida? — Ela arregalou os olhos. — Sério?

— É.

— Mãe, isso é ótimo. Eu vou ter um irmão! — Minha filha abriu um sorriso.

— Meu amor... eu tô com medo. Seu pai não tá bem de saúde, eu não devia ter engravidado agora. E outra, eu tô ficando velha, e se o bebê nascer com alguma coisa?

— Se essa gravidez aconteceu, foi por uma razão. Lembra do que a vovó dizia? Tudo nessa vida ocorre por um propósito.

— Às vezes eu acho que você é mais madura que eu, Wills. — Ri.

— Que nada, mãe. — Ela riu junto.

— Vem cá. — Puxei minha filha para um abraço demorado. — Eu te amo muito.

— Também te amo, mamãe.

Durante o nosso momento de mãe e filha, o telefone de casa começou a tocar. Então corri até lá e atendi rapidamente, com medo de ser do hospital e darem alguma notícia ruim.

— A-alô?

— Rebeca Miller, aqui é do Los Angeles General Medical Center e temos notícias. — A voz desconhecida disse.

  — O que foi? — Comecei a me tremer.

  — O senhor Robert Pattinson acordou.

  Naquele instante, fiquei totalmente sem reação. Eu apenas congelei e torci para que aquilo não fosse uma brincadeira de mal gosto.

  — É sério? — Perguntei com o coração a mil.

  — Sim, senhora. Ele está pedindo pra ver você.

  — Ai, meu Deus... tá... eu tô indo!

  Quando desliguei comecei a saltar de alegria e não pude controlar meu choro de emoção. O meu Robert estava bem! Ele tinha despertado!

  — O que foi, mãe? — Willow estava confusa.

  — Seu pai acordou! — Respondi alto de tanta felicidade.

  — Não brinca!

  — Sim! Ele acordou! Nós temos que ir ver ele!

  Peguei minhas coisas essenciais, como bolsa, carteira e chaves, e saí igual uma desesperada de casa. Willow precisou correr para me alcançar.
  Entramos dentro do carro e fomos até o hospital com uma expectativa imensurável de ver o homem das nossas vidas finalmente com os olhos abertos.
  Quando chegamos e os repórteres fizeram aquelas mesmas perguntas de sempre, eu quis falar com eles ao invés de ignorar. Eu dizia para todo mundo "Ele acordou, ele acordou!" E saltitava para dentro do hospital.
  A recepcionista disse que o Rob havia saído da UTI, o que era mais uma notícia boa. Dessa vez, ele tinha sido transferido para o apartamento, o qual ficava no segundo andar do centro médico.
  Então, ansiosa, peguei o elevador com a minha filha e subimos até o piso onde Robert estava. Seu quarto era o último do corredor.
  Assim que entrei, me deparei com meu amado sentado na cama conversando baixinho com o médico. Todos os tubos tinham sido retirados da sua garganta e agora ele estava respirando sozinho.

  — Papai! — Willow sorriu e começou a chorar.

  — Oi, princesa. — Eles se abraçaram.

  — Eu senti tanta saudade.

  — Eu também.

  — Opa, opa... cuidado com os abraços. — O médico alertou. — Seu pai ainda está um pouquinho debilitado.

  — Desculpa. — Nossa filha se afastou.

  — Oi, Beca. — Ele sorriu para mim. Eu ainda não conseguia acreditar que ele estava acordado. Estava em choque — O gato comeu sua língua, foi?

— Nem consigo acreditar que isso tá acontecendo. — Chorei. — Você ficou 15 dias em coma, amor... eu achei... achei que você fosse...

— Não precisa mais achar nada. Eu tô bem. Tô vivo. — Robert deu um sorriso.

— Você é mesmo duro na queda.

— É, eu sou.

— Promete que nunca mais vai me dar um susto como esse? — Segurei a mão dele.

— Não está nos meus planos.

— Pai, se lembra daquela proposta que você ia fazer pra minha mãe? Aquela no dia do restaurante.

— Willow! — Censurei.

— O que foi? Só tô dizendo.

— Sim, filha, eu me lembro.

— Robert, não precisa...

— Rebeca, eu fiquei entre a vida e a morte nos últimos dias. Durante o todo o meu coma eu apenas sonhava com você e nossa família. Eu não quero mais esperar. — Ele acariciava minha mão delicadamente. — Eu pertenço a você, meu amor, pra sempre.

— Mesmo todo ferrado de saúde, você ainda consegue ser o cara mais romântico que eu conheço. — Ri e limpei minhas lágrimas de alegria.

— Eu só digo tudo o que eu sinto. E é isso que eu sinto por você, meu anjo. Por isso quero que case comigo.

— Você vai me pedir em casamento em um leito de hospital?

— Sim, eu vou. Não importa a hora nem o lugar, eu só quero expressar o quanto te amo.

— Você é doido.

— Doido por você, disso tenho certeza. Mas e então... o que me diz? Aceita casar comigo?

— É claro, meu bem... é claro que eu aceito! — Me inclinei para frente e beijei seus lábios secos com cuidado.

— Agora me sinto completamente realizado. — Ele deu um suspiro de alívio.

— Eu também. Você vai ser meu marido.

— E você vai ser minha esposa, como sempre sonhei.

— Finalmente. — Willow soltou. Nem lembrávamos que ela estava lá.

— Vem cá, princesa. — Robert chamou e nossa filha se sentou na ponta da cama.

— Tá feliz? — Perguntei.

— Claro que sim! Meus pais finalmente vão casar!

— E sabe o que "casamento" quer dizer, Wills? — Meu noivo (agora podia chamá-lo assim) perguntou retoricamente. — Que nós só vamos nos separar quando a morte vier.

— Bom... se nenhum de vocês se meterem com outro acidente... então acho que essa união vai durar bastante. — Ela riu.

— Não vamos passar por isso de novo. Esse acidente foi a nossa última prova de amor. — Ele me olhou com aqueles olhos azuis cintilantes.

— E acho que passamos nessa etapa final.

— Definitivamente.

— Eu te amo, Rob. Por toda a minha vida.

— Eu amo você, Rebeca.

Nos beijamos mais uma vez. Agora tudo iria ficar bem, eu conseguia sentir paz em meu coração pela primeira vez, conseguia finalmente imaginar um futuro digno para o nosso amor.

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