Vinte e sete

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– Hey... – Rafaella disse enquanto entrava no trailer. Havia demorado um pouco, pois teve que guardar e esconder tudo.

– Veio lavar a louça? – Gizelly tentou descontrair, rindo para disfarçar a tensão que lhe atingira.

– Preciso reforçar que só perdi porque Ana me chamou e deixei a cobertura no fogo para ir ver o que era.

– Bons chefs não deveriam queimar a cobertura. – Gizelly disse rindo e Rafaella se jogou no sofá.

– Não zombe de mim. Eu faço os melhores doces. – Rafaella disse e Gizelly assentiu. Um silêncio se instaurou por alguns minutos até Gizelly voltar a se pronunciar: – Ficou triste ao mencionar seu pai, não é?

– É que... – Gizelly olhou para as próprias mãos antes de suspirar. – Nem me lembro como é ter alguém. Levo tanto tempo sozinha que já não sei a sensação de ter alguém que se importe.

– Eu me importo. – Rafaella disse rapidamente, fazendo Gizelly lhe fitar. – E você não está mais sozinha. Ou pareço um fantasma agora? – Rafaella brincou, rindo.

– Está longe de ser um.

– Então. Tire essa ideia de que está sozinha de sua cabeça. Te adotei, já era. – Rafaella disse e Gizelly sorriu

– Me adotou? – Gizelly perguntou arqueando uma sobrancelha.

– Sim. Não dá para voltar atrás. – Ela disse – Quem iria apostar as coisas comigo?

– Me adotou tipo, como mãe? – Gizelly perguntou rindo. – Porque se for você pode lavar minhas roupas sempre, fazer minha comida e me pôr para dormir. – Gizelly disse, fitando Rafaella antes de levar um tapa fraco em seu braço. – Era brincadeira. Ouch.

– Não seja preguiçosa. – Rafaella disse rindo e Gizelly assentiu.

– Sim, senhora. – Gizelly disse, vendo Rafaella se levantar e dobrar o corpo para trás, estralando a coluna.

– Já ficou sentada naqueles bancos duros por horas? É horrível. – Rafaella disse, indo até suas coisas e pegando algumas roupas. – Vou tomar um banho para relaxar.

– Eu posso fazer uma massagem se quiser. Sou muito boa nisso. – Gizelly disse. – Minha mãe, antes de morrer, costumava ter muitas dores nas costas e eu a ajudava nisso.

– Não se incomodaria com isso? – Rafaella perguntou e Gizelly negou. – Bem, vou tomar um banho antes, pode ser?

– Pode. – Gizelly disse, vendo Rafaella sumir de vista. Ela sorriu sabendo que ajudaria Rafaella e olhou em volta. Aquele pequeno trailer estava começando a aparecer um lar para ela e, pela primeira vez em anos, alguém a aceitava como ela era e gostava de sua presença.

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O último pênis - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora