Oito

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Gizelly mantinha os olhos no par de coxas que Rafaella tinha exposto sobre o sofá. Ambas conversavam naquele fim de tarde, contudo era difícil não olhar quando a garota em sua frente era extremamente simpática e gostosa.

Bem gostosa.

– Seria tão mais fácil se tivéssemos um pênis. – Rafaella reclamou e automaticamente Gizelly apertou mais a almofada contra seu colo.

– Vocês usariam como rato de laboratório a pobre pessoa. – Gizelly disse. – Minha mãe me dizia isso.

– Não seria bem assim. – Rafaella se defendeu. – Precisamos procriar. Talvez pediriamos para ele nos doar seu sêmen, para tentar recriar o cromossomo Y mudando a genética, assim não seria filho dele.

– E implantaria no útero de todas as mulheres? – Gizelly indagou e Rafaella riu.

– Bem, as que quisessem ter filhos.

– Você quer? – Gizelly perguntou por impulso.

– Na verdade, sim. Só não agora. – Rafaella explicou.

– Mas minha mãe disse que vocês prenderiam a pessoa que tivesse pênis. – Gizelly arriscou continuar o assunto.

– Somente por proteção enquanto realizássemos os exames de sangue. Não seriam nem três horas isso. – Rafaella explicou. – Sua mãe tinha um péssimo conceito de nós.

– Talvez ela tenha visto todos morrerem. – Gizelly disse com frieza.

– Ela não foi a única. Todas perdemos alguém. – Rafaella disse com veemência. Gizelly queria contar a Rafaella que talvez poderia servir de grande ajuda, porém seu medo ainda falava mais alto. Foram anos fugindo, anos ouvindo sua mãe dizer para não contar a ninguém que tinha um pênis.

Ela sequer conseguia decifrar o porquê de não ter sido atingida. Se era um vírus do ar que atingia o cromossomo Y, por que ela ainda estaria viva? Sendo que o ar ainda estava, possivelmente, contaminado.

Por ser intersexual? Impossível, afinal ela não era a única mulher intersexual do mundo.

– Você ficava com homens antes disso acontecer? – Gizelly perguntou e Rafaella negou.

– Eu era muito nova. – Rafaella explicou rindo. – Tive as paixonites na escola, aquelas da infância, sabe? – Disse. – Mas, apesar de o brinquedinho deles ser bastante atrativo, pelo menos nos vídeos, eu nunca vi graça em homem. São... não sei explicar. Parece que não têm sabor. Totalmente sem sal ou açúcar, sabe?

– Entendo. – Gizelly disse, comemorando internamente a parte onde Rafaella disse que o brinquedinho deles era bastante atrativo.

– E você? – Rafaella perguntou, causando um constrangimento terrível em Gizelly.

– Sempre gostei só de mulheres. – Disse baixo, baseando-se no que seus olhos viam, afinal ela nunca havia se relacionado com ninguém. Quando tudo aconteceu ela tinha apenas doze anos, e agora com vinte e cinco ainda era virgem.

Já havia dado alguns beijos em algumas garotas ao longo dos anos, mas sempre fugia, afinal não poderia avançar na relação; não poderia revelar que era intersexual.

– Manu foi comprar algumas cervejas na cidade. Você bebe?

– Nunca bebi. – Gizelly revelou e Rafaella a olhou boquiaberta.

– Pois bem, hoje será sua primeira vez. – Gizelly sorriu, porém inevitavelmente maliciou a frase.

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Eita 👀

Nesse capítulo dá pra entender um pouco do medo da Gizelly...

O último pênis - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora