Cinquenta e um

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Marcella já estava há dias trancafiada naquelas pesquisas, sempre levara a sério seu trabalho e não levava desafio para casa, mas ela sabia que, como Bianca havia falado, aquilo levaria meses.

Marcella escutou baterem na porta do trailer e estranhou. Quem estaria naquele lugar em plena madrugada? Sua surpresa só aumentou quando viu Gizelly do lado de fora, com os braços encolhidos devido ao forte vento que as atingia aquele horário, o inverno se aproximava.

– Com licença. – Gizelly disse baixo.

– O que quer? – Marcella perguntou e seus olhos se abaixaram na altura das mãos de Gizelly quando a viu entregar a ela uma garrafa térmica.

– Eu trouxe café. – Gizelly disse com o queixo batendo. – Sempre trago para a Rafaella e imaginei que você precisasse de um pouco. Aquece o corpo e te mantém acordada.

Qual era o intuito de Gizelly em acordar no meio da madrugada para levar-lhe café?

– Eu não te envenenei, se é isso que pensa. Posso até provar antes para cessar suas dúvidas. – Gizelly disse e Marcella suspirou.

– Entre aqui. Está frio aí fora. – Marcella pediu e Gizelly obedeceu, ouvindo a porta ser fechada atrás de si. – Por que acordou de madrugada só para fazer isso?

– Oh, não foi minha culpa. Foi o meninão. – Gizelly disse e Marcella franziu o cenho.

– Quem?

– Como "quem"? Meu pinto. – Gizelly disse e Marcella franziu o cenho.

– Seu pênis te acordou?

– Sim, todas as noite vou ao banheiro de madrugada. – Gizelly disse e Marcella por fim entendeu, assentindo.

– Rafaella estava dormindo? – Marcella perguntou e Gizelly sorriu.

– Sim, tão linda que fiquei até com pena de sair de perto dela. – Gizelly disse e Marcella conteve um sorriso.

– Gosta mesmo dela, hm? – Perguntou, pegando copos descartáveis antes de entregar a Gizelly.

– Gosto. – Gizelly respondeu apenas isso, contudo, a intensidade de sua palavra, o brilho em seus olhos e sorriso bobo que brincava em seus lábios fizeram Marcella saber que era algo puro e genuíno. – Vou tomar o café para te mostrar que não tem veneno, mas já vou embora para te deixar trabalhar.

– Não precisa tomar o café por isso. – Marcella disse.

– Preciso me desculpar de novo com você. – Gizelly disse olhando para Marcella. – Por suas pesquisas que perdeu, sabe? Eu sinto... sinto muito. Eu só queria mais bolhas.

– Bolhas? – Marcella perguntou e Gizelly assentiu.

– Sim, a Rafa fazia bolhas por todos os lados e achei lindo, aí aproveitei para ficar bem perto dela, porque você deve saber como aquela mulher é cheirosa. – Gizelly disse rindo e suspirou. – Aí queria passar mais um tempo com ela, só não sabia que daria nisso. Eu nunca quis prejudicar ninguém.

– Eu não te entregaria de verdade. – Marcella confessou e Gizelly sorriu.

– Eu sei. A Rafa disse que você tem um bom coração. – Gizelly disse, pegando o copo de café e virando-o de uma vez. – Boa noite, Mah. Bom serviço. – Disse indo em direção à porta.

– Gizelly – Marcella chamou rapidamente e a garota se virou. – Tenho algo para você. – A maior franziu o cenho, mas esperou Marcella fuçar em suas coisas antes de voltar até ela e entregar um comprimido lacrado em um plástico.

– O que é isso?

— É para a Rafaella, na verdade. – Marcella disse. – Só fiz essa. É uma pílula do dia seguinte. Não fiz mais porque vai perdendo a força e se usar muito pode não funcionar, então use o dia anterior de tomá-la com sabedoria e esperem os anticoncepcionais ficarem prontos.

Os olhos de Gizelly focaram no comprimido e logo ela sorriu.

– Obrigada. – Ela disse e Marcella assentiu, se sentando como se Gizelly já não estivesse ali.

A maior saiu animada dali e voltou para o trailer de Rafaella removendo somente a blusa grande. Estava frio para dormir só de cueca, então permaneceu com sua calça de moletom e sua regata preta.

Seus olhos encontraram a figura delicada e doce dormindo encolhida na cama e um suspiro involuntário saiu de seus lábios. Ela colocou a pílula na gaveta de Rafaella e ergueu a coberta, se enfiando ali vagarosamente antes de abraçar o corpo a sua frente e inalar seu perfume.

– Onde esteve? – Rafaella murmurou ainda de olhos fechados e com a voz sonolenta e o coração de Gizelly se derreteu outra vez. – Demorou.

– Dor de barriga forte. Não sentiu o cheiro? – Gizelly disse e Rafaella negou, se virando para ela e afundando seu rosto nos seios da menor.

– Graças ao bom Deus não. – Rafaella murmurou e Gizelly riu.

– Estou brincando. Fui levar café para a Marcella.

As orbes verdes se abriram instantaneamente, fitando Gizelly confusa.

– Ela te ofendeu?

– Não, acho que estamos bem. – Gizelly respondeu e Rafaella suspirou aliviada. – Ela fez para você uma pílula do dia seguinte.

– Fez? – Rafaella perguntou surpresa e Gizelly assentiu animada.

– Sim. Sabe o que isso significa? Que a cobra pode se esconder na toca. – Rafaella riu e plantou um beijo no pescoço da menor,

– Está tão ansiosa assim para perder a virgindade?

– Só porque é com você. – Gizelly disse baixo.

– Não transaremos agora. Estou com sono.

– Eu sei, está frio, Rafaella. O meninão se encolhe e não gosta de sair da casinha,

– Então me abraça e durma, amor.

Amor.

Amor.

A-M-O-R.

– Acho que estou tendo uma parada cardíaca, pode checar? – Gizelly disse e Rafaella abriu os olhos preocupada. – Ouviu como me chamou?

– Na verdade não. – E, de fato, era verdade. Ela dissera sonolenta e sequer havia se dado conta.

– Você me chamou de amor com "a" de AAAAAAAAAAAAAAAA. – Rafaella riu alto e abraçou fortemente Gizelly.

– Adoro as risadas que me tira o tempo todo. – Rafaella murmurou e depositou um beijo nos lábios de Gizelly.

– Não faço por querer, mas que bom que gosta.

– Agora durma.

– Se eu te chamar de amor também você terá uma parada cardíaca?

– Acho que ficarei bem com isso. – Rafaella falou contra a pele de Gizelly e a menor sorriu.

– Então boa noite, Amor. – Gizelly disse e Rafaella sorriu, sentindo seu peito inflar antes de sentir o sono voltar a dar as caras.

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Um mimo Gicella ☺️

O último pênis - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora