Uma luz forte, direcionada bem no seu rosto, interrompe seu sono, o qual vinha sendo bastante tumultuado, com sonhos mais próximos a pesadelos. Destruição, caos, pessoas correndo e gritando, sangue e pedaços de concreto pelo chão. Tudo parecia ter sido tão real.
Jonathan tenta abrir os olhos, mas é cegado pela luz e precisa fechá-los novamente. Ele tem quase certeza de que não está sozinho e que há um burburinho de conversa por perto.
O garoto tenta levantar a mão direita para cobrir os olhos, mas assim que tenta movimentar o membro, percebe que há algemas prendendo-o. De repente tudo fica em silêncio. Então um barulho de passos ecoa, o som cada vez mais próximo dele.
-Parece que nosso hóspede acabou de acordar. -Uma voz grossa, com um sotaque forte e estranho fala perto da sua cabeça- Desculpe pela luz no seu rosto, mas já fazia muito tempo que estava dormindo e eu estava ficando ansioso para conversar com você, Jonathan.
A luz finalmente diminui de brilho, permitindo que o garoto possa abrir os olhos e observar o que está acontecendo. Ele está preso em uma espécie de maca simples, algemas de ferro prendem seus braços e pernas. A luz próxima ao seu rosto parece ser a única iluminação do lugar. Até onde ele consegue ver, está sozinho com o homem de sotaque forte.
Jonathan diria que a voz grossa e autoritária combinava perfeitamente com seu dono. O homem parado perto da maca parecia uma parede, o corpo enorme agigantado pelas roupas de inverno. As quais o próprio menino vestia, percebeu.
Seu semblante era sério, o rosto gordo era coberto por uma barba espessa e sobrancelhas grossas, fazendo com que ele parecesse um urso feroz.
-Quem é você? -O menino quase se arrependeu de abrir a boca, pois a garganta seca arranhou dolorosamente com as poucas palavras estranguladas.
-Parece que precisa de um copo de água, não é? -Jonathan não sabia se deveria concordar com a cabeça ou apenas encará-lo, já que ele não parecia o tipo de pessoa que gosta de receber confirmações. Não, ele era exatamente o tipo que parecia dar ordens que, caso não cumpridas, teriam penas dolorosas -Ivan, por favor, traga um copo de água para o garoto e faça o favor de acender as luzes. -Ele grita a ordem para o fundo da escuridão, que logo se dissipa conforme Ivan responde ao homem e ilumina todo o lugar.
Agora que é possível ver mais do que apenas alguns metros dentro da escuridão, Jonathan nota que ele está em algo parecido com um galpão, diversas ferramentas e máquinas desligadas cobrindo a extensão da parede mais distante de onde ele está.
Uma porta se abre e um homem baixo e barbudo, também com grossas roupas de inverno entra, um copo de vidro em uma mão e uma jarra com água na outra.
-Aqui está senhor. -Ele fez uma ligeira reverência e sai por onde entrou, após largar o copo e a jarra em uma mesa próxima à maca de Jhon.
-O medo excessivo de Ivan me irrita às vezes. Agora, tome um gole de água para podermos conversar, garoto. Tenho muitas perguntas, assim como acredito que você tenha- Ele solta as algemas das mãos do menino antes de entregar o copo cheio- E então, qual a última coisa que se lembra? Fiquei sabendo que seu pai fez um belo estrago no meu querido Centro.
Então tudo volta para sua mente rápido demais. Nada daquilo tinha sido um sonho. O Centro, as bombas e o plano idiota de Robert, a separação dele e da irmã, que provavelmente devia pensar que ele estava morto nesse exato momento. Na verdade, ele mesmo não sabia como não estava ao lembrar de tudo desmoronando ao seu redor, guardas e amigos de Mirabela gritando enquanto o mundo virava pó.
-Onde eu estou? Como estou vivo?
-Perguntas interessantes garoto, mas só vou responder assim que me contar o que eu quero antes, entendido? -A voz autoritária fez o sangue de Jonathan gelar, mas ele concordou ligeiramente com a cabeça, antes de detalhar a destruição do Centro.
-E então, onde estou? Já respondi à sua pergunta.
-Eu sugiro que não fale assim comigo, caso queira manter sua cabeça presa ao seu pescoço. -O homem, que vinha escutando atentamente ao relato, cerrou os punhos e franziu a sobrancelha para o menino- Infelizmente para você não estou mais interessado em conversar, mas talvez seus amiguinhos possam te dizer alguma coisa. -Ele se vira para a porta- Ivan, leve o garoto para junto dos outros. Terminamos por aqui.
Ele não espera ser atendido antes de se levantar e ir embora pelo mesmo caminho que Ivan usou momentos antes.
-Até mais, Jonathan.
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*Para aqueles que pediram uma continuação: aqui está o primeiro capítulo da continuação de (sobre)viva. Notei que já tinha ele escrito então decidi trazer esse gostinho para vocês. A história já está montada e quem sabe eu vá escrevendo alguns capítulos de vez em quando e postando aqui mesmo (nada garantido, mas quem sabe).
*Quem tiver teorias ou sugestões eu adoraria saber e quem sabe até adicionar na história : )
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(sobre)viva
Mystery / Thriller🏅VENCEDOR DOS PREMIOS WATTYS 2021 EM SUSPENSE 🥇lugar em suspense no Concurso Relâmpago de Natal 🥉Lugar na segunda edição do concurso Mestres Pokémon- terror/mistério. 🏅Vencedor da categoria "melhor sinopse" no concurso Pena de Ouro, primeira edi...