Capítulo 9

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Duas semanas passaram-se desde o assassinato dos Turners e desde que Will começou a morar com eles. Junto dessas semanas, vieram finalmente as férias, o que significava que poderiam pesquisar mais a fundo sobre tudo o que estavam enfrentando sem que a mãe deles reclamasse. Mesmo com a possibilidade de se concentrar melhor no caso, Mirabela tinha medo de que nenhum deles encontrasse algo realmente útil, ou que nunca descobrissem o que os pais de Will tinham para falar.

Deixando os pensamentos pessimistas de lado, a menina se concentrou em escolher uma roupa e se vestir para o primeiro dia de férias e investigação.

Na noite anterior, em uma conversa aos sussurros no quarto do irmão, ficou decidido que assim que Eliza saísse de casa os três pegariam um táxi para a casa de Will, onde Mirabela pretendia visitar o laboratório do pai, o lugar mais provável de possuir alguma pista. Mas isso ela queria fazer sozinha.

Eles precisavam apenas contar com a sorte da mãe não descobrir que tinham ido sozinhos até a casa abandonada.

Almoçaram o que havia sobrado do dia anterior e limparam rapidamente a casa, para ter um motivo a menos para Eliza brigar com eles, caso ela chegasse antes em casa. Quando deram duas da tarde, os três já estavam em frente ao portão da velha casa de madeira onde Will costumava morar. O lugar, por estar abandonado a tanto tempo, estava com um ar sombrio, ou talvez fosse apenas coisa da cabeça de Mirabela, mas ela não podia evitar sentir arrepios. As aranhas estavam aproveitando o tempo para tomar conta do lugar e onde quer que se olhasse tinha uma enorme teia. A garota não se importava muito com elas, apesar de às vezes as teias se enroscarem em seus cabelos com uma sensação horrível. Mas não se pode dizer o mesmo de Jonathan, que preferiu ficar no pátio vendo se achava algo, só para não ter que conviver com aranhas.

Antes mesmo que Mirabela e Willian conseguissem achar qualquer coisa interessante ou diferente do que estava da última vez que o garoto esteve ali, Jonathan grita alguma coisa do lado de fora, fazendo com que os dois corram para a porta novamente. Mirabela não conteve o riso quando viu a situação precária do irmão que permanecia sentado no chão cheio de barro, o mesmo manchando seu rosto e boa parte da camiseta.

Jonathan encarava triunfante algo em sua mão, um pequeno objeto que refletia a luz do sol e parecia brilhar conforme ele o mexia. Sem pensar duas vezes a garota saiu correndo em direção ao garoto embarrado e ver o que ele havia encontrado e se valia o tempo e a atenção deles.

Quando Mirabela chegou perto o suficiente para tentar pegar o objeto brilhante, o irmão se deslocou para o lado, ficando de joelhos e sujando ainda mais a roupa, para evitar que ela alcançasse.

-Ei! Me deixe ver seu...

-Calma aí maninha, eu que encontrei, mereço o mérito. Além disso, ainda não terminei de olhar, então terá de aguardar a sua vez -Ele lança um sorriso provocador para ela- E talvez, caso o Will queira muito, eu permita que ele roube seu lugar na fila.

-Cara, deixa ela olhar, eu realmente não me importo com quem olha primeiro. Apenas vamos logo com isso. -Will realmente parecia desconfortável ao falar, olhando contantemente de volta para a casa e para os arredores.

-Ótimo, você é o próximo Will, parabéns.

-Para de ser infantil, Jonathan, mostra logo isso para todos nós, assim ninguém perde tempo.

Mirabela segurou o impulso de pular no irmão e arrancar à força o pequeno objeto, apenas para tirar aquele sorriso ridículo do rosto dele. Ao contrário disso, ela respirou fundo e cerrou os dentes.

-Você está estressada hoje, não é? Mas tudo bem, venham, cheguem mais perto que eu mostro. Se quiserem sentar, fiquem à vontade. -Ele bateu no barro que o cercava, incentivando os dois a se juntarem a ele.

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