O dia finalmente chegara. A ansiedade a corroía durante os últimos dias e uma semana nunca custara tanto a passar quanto esta, mas enfim era segunda-feira. Enfim, Mirabela encontraria seu pai. Enfim, saberia de uma vez por todas o que estava acontecendo –ou pelo menos esperava que isso fosse acontecer.
Faziam dois dias que Mirabela e a mãe haviam visitado a Igreja e, depois de muita inspeção rigorosa, decidiram que aquele era o lugar mais provável para o encontro daquele dia –inclusive, Mirabela descobrira que sua chave de anjo abria a porta que dava para a torre do sino, e ficara feliz ao constatar que estava certa em pensar que seu anjinho tinha relação com tudo isso. Depois de sua análise do local, Eliza decidiu leva-las ao shopping, aproveitando que Jonathan não quis ir junto para fazer "uma tarde das garotas". Mãe e filha passaram horas e horas caminhando e passando de loja em loja –sem comprar nada, para infelicidade das atendentes- apenas conversando e dando risada, como boas amigas.
Agora, enquanto escolhia uma roupa para ir à reunião, Mirabela sorria ao lembrar do tempo em que passara com a mãe, das coisas que conversaram. Da proximidade que vinha crescendo nos últimos meses, algo que ela sempre ansiou quando pequena, mas que a mãe nunca pôde oferecer por trabalhar demais. Bem, talvez essa confusão toda em que Robert os metera tinha seus lados positivos. Mirabela no fundo temia que o reencontro e a volta do pai, pudesse afastá-la novamente da mãe. E ela certamente não queria isso.
A garota amava seu pai e sentia muito a fata dele e do tempo que costumavam passar juntos, mas era diferente com Eliza. Mirabela não sabia dizer se era pela mãe ser mulher e por isso entende-la melhor, ou por ter desejado muito essa amizade, mas a menina sentia uma conexão diferente com ela. Algo mais forte. E ficava extremamente feliz em ver nela a melhor amiga que até então nunca tivera.
-Bella, já está pronta? –Pergunta Eliza, abrindo uma pequena fresta da porta. Mirabela larga a calça jeans que pegara e se volta para a mulher.
-Será que eu coloco jeans? Estou com uma péssima impressão de que precisaremos correr, e não acho que essa calça –Ela aponta para a calça atirada sobre a cama- Seja ideal para isso.
-Eu realmente espero que seja apenas impressão sua –Sua mãe abre mais a porta e desliza para dentro, então vai até seu guarda-roupa e tira de lá uma legging preta e a segura –Mas por via das dúvidas, usa algo confortável. Conhecendo seu pai, tenho certeza que algo bastante dramático vá acontecer.
Mirabela pega a calça da mão estendida de sua mãe, enquanto ambas riem do comentário da mulher.
-Papai sempre teve uma quedinha para dramatizações –Diz Mirabela, lembrando-se dos diários do pai que Will havia levado consigo para algum lugar.
-Bem, vou deixar você se trocar enquanto eu mesma vou colocar algo mais confortável. Você me deixou apreensiva, garota –Ela lança um sorriso à Mirabela enquanto se dirige para a porta. –Em cinco minutos estamos indo.
*************
Exatos cinco minutos depois, estavam os três embarcando no carro. Antes de se sentar no banco da frente, Mirabela ergue uma sacolinha branca de mercado um tanto pesada e, dando uma breve olhada, tem a certeza de que abriga as quatro escutas que a família achara ao longo da semana espalhadas pela casa. Um infeliz presente de Willian.
A mãe deu partida no carro e a garota largou a sacolinha em seus pés enquanto colocava o sinto de segurança –ninguém realmente se importaria se os aparelhos quebrassem sem querer. Lembrando dos locais em que cada um deles estivera escondido –um no quarto de Mirabela, outro no de Jonathan, um na sala e o último na cozinha-, torcendo para que ninguém tenha ouvido a conversa com Jonathanna quinta-feira, principalmente.
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(sobre)viva
Mystery / Thriller🏅VENCEDOR DOS PREMIOS WATTYS 2021 EM SUSPENSE 🥇lugar em suspense no Concurso Relâmpago de Natal 🥉Lugar na segunda edição do concurso Mestres Pokémon- terror/mistério. 🏅Vencedor da categoria "melhor sinopse" no concurso Pena de Ouro, primeira edi...