(sobre)viva

Capítulo 16

-Bella, você está bem?

-Estou, estou sim Izzy.

Isabelle deixou bem claro na última carona que se Mirabela ou os garotos quisessem voltar para a casa de Will não deveriam hesitar em chama-la. Apesar de não querer abusar da boa vontade dela, Mira viu nessa oferta uma ótima oportunidade para tentar se aproximar de Izzy e quem sabe ter uma amiga agora que Jonathan passava a maior parte do tempo com Will. 

Izzy não parecia ter mais de 18 anos e era extremamente sorridente e compreensiva. Também não era muito alta, aproximadamente do mesmo tamanho de Mirabela, mas bem mais encorpada, o que não era difícil, já que ela não andava se alimentando direito ou sequer dormindo e fazendo exercícios.  

Além do lindo sorriso que estava sempre estampado em seu rosto e de exalar simpatia onde passava, Isabelle contava com uma belíssima pele preta e cabelos cacheados, que desde a última semana, ela mantinha com pequenas trancinhas rosas. O rosto bem delineado e de expressão forte certamente a levaria para capas de revista e propagandas. 

-Tem certeza? Aconteceu alguma coisa naquela casa? –Voltando a si, a garota faz que não com a cabeça- Menina, não sei como você tem coragem de entrar lá sozinha, eu mesma teria saído correndo assim que minha mente me fizesse pensar em ir lá.

-Na verdade, quase desisti quando cheguei, mas não deu tempo porque você arrancou o carro e sumiu –Com um olhar acusador para Isabelle, ela complementou- Ainda bem que um jovem cavalheiro foi mais corajoso e me acompanhou até a casa assombrada.

Com um risinho e uma breve olhadela para a parte de trás do carro, a outra menina respondeu:

-Eu é que não iria esperar você me arrastar para aquele fim de mundo, dei no pé mesmo –O sorriso dela se alargou- Mas espera aí: como assim cavalheiro? –Mirabela sentiu que suas bochechas pegavam fogo e começou a mexer freneticamente no pingente de anjo, o que ela não havia percebido estar fazendo até então- Por acaso era aquele menino alto que estava te acompanhando quando cheguei?

Isabelle levantou as sobrancelhas e com um sorrisinho malicioso estampado no rosto, que fez com que Mirabela revirasse os olhos, mas sem conseguir evitar que um sorriso bobo também aparecesse. Mesmo querendo, era impossível sentir raiva daquela mulher.

-Hahaha, não precisa ficar com medo, juro que não conto para a dona Eliza. –Mirabela fez um sinal de "esquece" com uma das mãos, o que fez com que a motorista complementasse- Mas não negue que ele era bem bonitinho. Acho que formariam um belo casal.

-Isabelle! Eu acabei de conhecer o menino! Além do mais, tenho coisas muito mais importantes com o que me preocupar no momento e...

-Você e sua família louca, nunca tem tempo para nada a não ser trabalho e assuntos estranhos. Vamos lá garota! Você precisa começar a interagir com o mundo e com pessoas da sua idade, quem sabe até viver um romancezinho. Mês que vem você faz 16 anos e não tem ninguém além da sua família para a festa... E eu, é claro–Isabelle a encarou com seus grandes olhos caramelos pelo retrovisor- Ah, me poupe Mirabela, eu notei sua reação quando falei do garoto. Não tente mentir para mim que não sentiu nem uma borboletinha no estômago perto dele.

-Está bem Izzy, você venceu, talvez eu tenha sentido algo. -Assim que a mulher fez sinal de vitória com um dos braços, Mirabela complementou- Ou talvez fosse só ânsia de vômito mesmo.-Isabelle fez questão de virar a cabeça para a garota quando revirou os olhos. -Mas agora preste atenção na estrada, antes que cause algum acidente.

-E o que é esse baú? Achou lá? Não lembro de ter visto você com ele quando te levei.

-É, achei lá. Não sei exatamente do que se trata, mas pode ser que tenha algo relevante aqui dentro. Infelizmente não tínhamos a chave para abrir.