PRÓLOGO ll.

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♠ Marcelo Clark ♠

Ele me olha e balança a cabeça negando. É claro que não sabe, pois, se soubesse ele não apostaria alto.

— Eu sou Marcelo Clark, e você tem coragem de me dizer que não tem meu dinheiro?! Quanta petulância, você quer morrer? — Eu pergunto e aproximo ainda mais a arma da sua cara deixando os homens que estão a nossa volta aterrorizados, amo ver o desespero que causo nas pessoas.

— Senhor Clark, eu sinto muito, eu não sabia quem era o senhor, nunca imaginei que poderia sentar na mesa com o filho de Caesar Clark, mas, eu realmente não tenho o dinheiro.
Encosto o cano frio do revólver em sua testa. Ele leva a mão ao bolso, alarmando meus homens e aviso.

— Não faça gracinhas. — Digo enquanto ele treme e paralisa seu movimento.

— Não são gracinhas, é a minha forma de pagamento.

Com minha permissão ele enfia a mão no bolso e retira um objeto. Quando ele me estende a mão, vejo que é uma foto.

Me deparo com uma bela jovem, de pele branca com lindos olhos azuis que me fazem sentir como se estivesse sendo afogado em seu oceano.

— Talvez para o senhor não seja nada, mas para mim, é meu bem maior.

— O que você quer dizer com isso? — Pergunto dividindo minha atenção entre ele e objeto que segura.

Eu pego a foto, e senti as mãos dele estão suadas e trêmulas, e respondo sem muita paciência.
— Eu já tenho várias mulheres, Becker — respondo entediado. — Por que eu aceitaria mais uma?
Os olhos brilhantes de mágoa e tristeza quase me enojam, é patético.

— Porque é isso o que homens como você fazem. Não param até tirar o que é mais importante, o que é mais frágil...

Eu não entendo o que ele quer dizer com isso, mas ao ver o retrato mais de perto, eu me surpreendo com a beleza da jovem da foto. Não é nada como as mulheres que eu costumo ter, que em sua maioria são beldades de corpos esculturais que sabem muito bem que o sexo era uma arma, já essa garota... esses olhos jovens... exibem a mais deliciosa inocência.

Estava me arrependendo de ter vindo aqui ao me deparar com esse fracassado, e acabei ganhando bem mais do que pretendia.

— Essa garota é quem estou pensando? — Pergunto.

— Estou dando-a como garantia.

Hipocrisias à parte, eu não era um santo, mas aquilo estava passando dos limites que eu costumava me deparar na mesa de apostas. Queriam me pagar com casas, carros, joias da esposa, e até boquetes. Mas com uma mulher? Uma filha? Que pai usa a filha como pagamento? Com certeza ele não pode ser considerado um.

— E está me dando de bom grado?

Ele abaixa a cabeça e repete:

— Apenas uma garantia.

— Uau! Uma puta garantia! — Respondo.

Jack, Jack... O seu azar me trouxe uma sorte tremenda. Estou surpreso comigo por estar tão empolgado apenas com um simples retrato. Se ele que é pai está me dando de bom grado, não devo ter remorso em aceitar uma beleza como a dela.

— Ela é virgem? — Pergunto. Não há tempo para decoro.

— Eu não sei — ele responde com o olhar baixo e vazio. Se o arrependimento tivesse uma forma, seria idêntico a Jack Becker. Ela pode ser meu maior pecado e eu não quero perder a oportunidade de tê-la em minha cama.

Dou um sinal para John esboçar um contrato. Ele usa o escritório do cassino e logo volta com o acordo em mãos. Eu estendo para Jack Becker e falo:

— Vou abrir uma exceção e aceitar sua filha. Se assinar esse documento, estará vendendo sua filha no valor da sua dívida: trinta milhões de dólares. Não me deverá mais um centavo se o fizer, poderemos seguir nossas vidas.

— Vai cuidar dela? — Perguntou ele, muito sério, de repente. Eu quase quis rir da cara dele.

— Isso não será mais problema seu.

A caneta treme na mão dele. Se ele der para trás, antes mesmo de dizer "não" já terei me decidido como matá-lo.

Pelo estado dele, eu considero como um ato de misericórdia.

Solto a respiração, impaciente.

— Jack, não se preocupe. Ao meu lado ela terá tudo o que o pai derrotado lhe tirou. Agora, se não quiser assinar, pode morrer aqui mesmo.

— Senhor Clark, tem uma coisa que ainda preciso dizer. Minha filha não mora em New York, ela mora com a mãe na Suíça, deixe-me falar com a mãe, explicar a situação.

Saber que a minha bonequinha não está no mesmo país e terei que buscá-la já me deixa estressado. Ele ainda quer me atrasar mais pedindo para falar com ela. Eu me revolto e esfrego a pistola ainda mais em suas bochechas.

— Você quer morrer, porra? — pergunto entre os dentes. — Assine essa merda ou eu terei o prazer de estourar seus miolos aqui mesmo.
Vejo raiva agora, em meio ao desespero. Eu adoro essa visão em diferentes olhos. São as provas de que eu sou o animal dominante na sala, eu dou as cartas, eu decido quem vive e quem morre...
— Eu só quero encontrá-la uma última vez antes de...

— Cala a boca, seu lixo! Ela é minha agora. Você só vai chegar perto dela quando eu quiser. Eu vou adorar contar para ela que o papai a vendeu e não teve a decência de pagar o que deve, e deu sua filha como pagamento para livrar o seu pescoço. Vamos, me dê o endereço dela!
Eu falo e John dá o papel e caneta para ele anotar.

Não tenho paciência para essa merda, se ele não falasse, meus homens o fariam escrever com a língua. Tudo o que eu quero é voltar para casa sem perdas. Eu odeio isso. Não aceito isso.
Eu saio, e deixo John e meus homens encarregados de conseguir o que quero. Deixo o cassino e volto para minha casa, pensando na viagem. Em dias normais eu dispensaria o esforço de me deslocar, mas por aquela garota...

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦

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