NO COMANDO ll.

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♥️ Valentina Becker ♥️

Conhecer a mãe de Marcelo através dessas páginas e entender suas próprias impressões sobre o filho é bastante chocante e triste, ela sofreu como esposa e ainda mais como mãe. Não aceito ter uma vida como a dela. Tão pouco terei um filho para que o transforme num mostro.
Com os dias se passando, não tive notícias do meu grandão, tão pouco Marcelo retornou conforme tinha me dito... Ao contrário, Luke já voltara, o que me deixou ainda mais preocupada por não ter notícias daqueles dois.

Estava na biblioteca lendo como de costume quando ouvi vozes do lado de fora, cada vez mais alteradas. Decidi sair para ver o que era.

— Luke, o que está acontecendo?

Vejo ele cercado por outros seguranças. Todos falam juntos ao mesmo tempo, me deixando ainda mais nervosa.

— Senhora, estamos tendo problemas. Algumas facções, devido ao ataque dos russos no Brooklyn estão invadindo nosso território e fazendo venda na nossa área. O chefe não está, e não sabemos o que fazer. Talvez a senhora, como esposa dele, tenha recebido orientações em como agir em sua ausência.

A pergunta me deixa desnorteada, e a falação em conjunto não estava me ajudando em nada.

— Calem a boca! Como vou pensar se não fecham as matracas. — Com a minha repreensão eles se calam e me dirijo ao Luke. — Você conhece os territórios de Marcelo?

— Sim, Dave me mostrou todo nosso perímetro.

— E o que exatamente eles estão vendendo?

— Muitas coisas, mas o grosso é a heroína.

Fico um momento calada, tentando raciocinar. Marcelo não me disse nada, e nem sei o que ele faz ou como comanda seus negócios. Heroína...que coisa horrível!

Pensa Valentina, é uma oportunidade para compreender o submundo e tomar as rédeas da situação e ganhar pontos com ele e assumir o controle.

— Isso faz parte dos nossos negócios?

— Sim. Representa boa parte do dinheiro que entra.

— E quem são os clientes?

— Todo o tipo de gente. Ultimamente, com nossa entrada, e a mercadoria de alta qualidade Marcelo prioriza os ricos.

— Pois bem, enquanto ele se ausenta, as coisas funcionarão da minha forma. – Fico em silêncio e contemplo a atenção que todos voltam para mim. — O dinheiro vai continuar entrado, mas não através das nossas mãos. Vá ao Brooklyn direto nas fontes. Leve apenas os homens certos para isso. Tome o território de volta, mas mantenha os novos vendedores. 70% de tudo o que está em nosso território será nosso. Se quiserem vender, que seja, mas não farão isso de graça. Se não pagarem, como meu marido certamente diria, dê cabo neles, mas apenas ameacem o suficiente para que acreditem. Não quero sangue dessa vez, e confisquem a mercadoria se resistirem.

Volto os olhos ao redor e vejo certa admiração na face desses que agora são meus homens.

— Mostre quem é que manda. Com isso, outras facções pensarão duas vezes antes de invadir nossa área, e aprenderão que regras existem para ser respeitada.

Dou as costas e caminho de volta para a biblioteca. Antes de entrar, dou outra ordem.

— Deixem homens de guardas nas divisas por garantia. Reforce a segurança na mansão e também a minha. Ninguém entra ou sai até que você retorne. Seja rápido e objetivo, me mostre o profissional que são e volte intactos para mim. Outra coisa, está proibida a venda para crianças e adolescentes. Isso é uma ordem, Luke!

Sem demora ele sai para cumprir a missão. Volto à biblioteca e retomo minha leitura.
A concentração já não é mais a mesma. Vejo que Luke reforçou a segurança. Agora, além de me preocupar com a ausência de Marcelo e Erik, tenho essa questão de invasão para resolver. Espero que consiga manter as coisas em ordem até que ele volte.

Passei longas horas de espera na biblioteca. Finalmente, Luke aparece em minha frente com duas malas, uma de drogas e uma com dinheiro. Isso me deixa assustada.

— Luke, precisamos esconder isso, para depois prestar contas ao Marcelo. Se a polícia fizer uma batida, estamos ferrados, vem comigo.

Não tenho certeza do que estou fazendo, mas vou direto para o escritório e me lembro da conversa que tive com Marcelo, sobre a passagem secreta.
Não me lembro ao certo qual era o livro exato. Então peço a Luke para me ajudar a puxá-los da estante. O nono volume da repartição central é "The Bone Collector", de "Jeffery Deaver". Ao puxá-lo, a parede se desliza para o lado — por alguma espécie de mecanismo que não sei explicar — abrindo a tal passagem secreta.

Sigo escada abaixo e encontro um subterrâneo montado.
— Seu marido realmente pensa em tudo. Até um local para fuga ele tem. Quer que eu coloque isso onde?

— Deixa em qualquer lugar, em cima daquela mesa. Ninguém vai descer aqui a não ser ele quando chegar. Deixou homens nossos como falei para garantir a ordem?
Olho mais uma vez o conteúdo das malas.

— Fiz conforme ordenou, senhora, eles irão me avisar se algo acontecer de novo.
Luke parece satisfeito.

— Fez um ótimo trabalho, Marcelo vai gostar de saber disso.

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo. ♣ ♥ ♠ ♦

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