UM TESOURO VALIOSO EM MEU FAVOR ll.

57 1 0
                                    

♥️ Valentina Becker ♥️

12 DE ABRIL DE 1987

O cretino me violentou mais uma vez. A sétima noite seguida. Não aguento mais. Ele não vai parar até que eu engravide.

14 DE ABRIL DE 1987

Segundo o maldito que se diz meu marido, ele precisava de um herdeiro. E para minha desgraça eu sou a escolhida para esta tarefa. Uma criança não deveria ser concebida assim.

30 DE ABRIL DE 1987

Com a violência que sofro todos os dias, hoje tive que ser socorrida por nosso médico particular, pois dessa vez ele me machucou muito. Suas agressões estão cada vez piores.

02 DE MAIO 1987

Estava com muita dor e chamei o Doutor Carano para saber o que estava acontecendo. Recebi a pior notícia que poderia ouvir. Descobri que estava grávida e por causa de um soco do troglodita do Caesar acabei tendo um aborto.

07 DE NOVEMBRO DE 1987

Há muito tempo ele não me bate mais. Apesar de ser o fim de toda a tortura física, ele ainda não desistiu de ter um filho meu. O desgraçado me obriga a ter relações com ele todos os dias, e isso já dura mais de 6 meses.

31 DE NOVEMBRO DE 1987

Todo fim de mês sou obrigada a fazer um novo teste de gravidez. Eu não queria que Deus deixasse eu por um filho desse homem no mundo. Mas, apesar de tudo, sinto felicidade com a notícia que dessa vez deu positivo. Acho que meu tormento chegou ao fim.

10 DE FEVEREIRO DE 1988

Me enganei achando que meu sofrimento tinha acabado. Durante todos esses meses de gestação, não tenho notícias de meus pais. Ele me mantém distante dos meus genitores. Disse que não é uma boa ideia eu ser mimada na gestação.

25 DE AGOSTO DE 1988

Hoje ele está muito embriago e isso me assusta. Já entrou e saiu do quarto por diversas vezes, cada vez mais agressivo. Estou muito ansiosa e tenho medo que ele me machuque. Não quero perder outro filho.

25 DE AGOSTO DE 1988

Meu medo é cada vez maior. Ele fica ainda mais assustador quando tenta demonstrar algum tipo de carinho. Já me abraçou e pediu perdão diversas vezes por algo que fez, mas que ainda não me disse o que é. Temo pela vida dos meus pais.

27 DE AGOSTO DE 1988

Eu acordei numa cama de hospital, é o hospital particular da empresa do monstro. Já chorei e implorei a Deus que tudo não passe de um pesadelo. Ainda não acredito que ele matou meu pai. Ainda não acredito que tive meu filho sem ao menos sentir a dor do parto. Preciso ver o meu bebê.

28 DE AGOSTO DE 1988

Meu filho veio ao mundo por uma cesariana de emergência. Finalmente tenho ele em meus braços, vai se chamar Marcelo, em homenagem ao meu pai. Faço questão de fazer Caesar engolir isso. Mesmo com toda a felicidade que sinto por ter meu filho em meus braços, a tristeza de saber que meu amado pai se foi, sem ao menos conseguir dizer adeus, me torna uma mulher cada vez mais infeliz.

20 DE SETEMBRO DE 1988

A minha vida é um inferno cada vez pior. E agora eu não temo apenas por mim, mas também por esse ser inocente que trouxe ao mundo, sob as garras desse maldito.
Estou chocada com as palavras que acabei de ler, minhas mãos tremem, meu coração bate descompassado, o ar começa a me faltar. Através do texto da mãe de Marcelo, posso sentir seu sofrimento e angústia. Não consigo conter minha ansiedade e volto a ler.

25 DE DEZEMBRO DE 1988

Desde que descobrir a morte de papai ainda sinto a dor desse golpe. Sempre fui muito apegada a ele, e ter que me manter firme para poder cuidar do meu pequeno recém-nascido está sendo uma tarefa bem árdua, ainda mais para uma adolescente como eu, ter que lidar com isso sem apoio algum. Não fui preparada para esse tipo de vida. Eu sempre soube que casamento não era um mar de rosas. Todo casal tem suas desavenças e é normal brigar. Mas, no meu caso, estamos muito longe disso. Depois que dei a luz a Marcelo, devido ao meu estado emocional não consigo dar muita atenção ao meu marido, e muito menos me entregar a ele. Com isso, ele voltou a me bater.

— Meu Deus! Isso foi em pleno natal! – Tenho que me recompor para conseguir continuar lendo o diário. Pulo os pedaços que restam das folhas arrancadas.

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo. ♣ ♥ ♠ ♦

Sem EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora