♠ Marcelo Clark ♠
Valentina é uma onça arisca e com garras afiadas, está sendo mais difícil domesticá-la do que pensei. Não tenho medo, tão pouco sou preguiçoso.
Punir aqueles que ela ama é seu ponto fraco. O sofrimento dela ao ver o estado que Arlete ficou por "culpa dela" é um triunfo para mim.
Acompanho a Arlete em todas suas refeições, e ela passou a comer sem ter que brigar, ou castigá-la. Foi o que pensei, mas Valentina parece ainda não ter aprendido sua lição. Sua língua descontrolada a colocou em apuros outra vez. Deixá-la fraca talvez faça ela repensar nos seus atos.
Os dias se passaram e limitei suas refeições. Erik estava irritado o tempo todo, ele nunca aprovou e nem vai aprovar os meus métodos. Mas sempre tenho sucesso, ela não vai ser diferente, será questão de tempo.
Levantei e tomei meu café. Depois, fui para cozinha onde mandei Arlete preparar uma bandeja de café para minha esposa. Segui para o seu quarto. Ao abrir a porta, vejo que ela está sentada e perdida em seus pensamentos, só percebe a nossa presença ao ter a bandeja posta diante dela. Fui surpreendido por seu pedido, o que esse cabecinha estaria tramando agora? Aproximei-me e sentei ao lado de sua cama enquanto comia, de uma hora para outra ela começou a falar sem parar.
— O que pretende? Qual o plano sua cabecinha está bolando dessa vez? — Perguntei para ver sua reação.
— Sua vida é movida a planos? Não se cansa? Eu estou sendo alvo de algum inimigo seu, posso ser morta a qualquer momento, acha mesmo que tenho cabeça para planejar alguma coisa? – Fixo em seus olhos para ver se existe algum pingo de verdade. — Eu estou apavorada, Marcelo! Eu tenho apenas dezoito anos e já sinto a morte me rondar, eu apenas quero tentar aproveitar a vida que me resta sem ficar trancada, sem ser maltratada pelo meu próprio "marido." — Ela fala e as lágrimas já estão acumuladas em seus olhos.
— Acha mesmo que vou deixar que eles te matem? Você está segura, Valentina. Ninguém vai tocar na minha mulher, eu te garanto isso. — Me aproximo dela e, como imaginei, ela se assusta. — A vida é movida por planos, minha querida esposa, todos temos um. Você não é diferente, só tenha cuidado com o que decidir escolher, pois ele pode custar a vida de alguém que tanto ama.
Ela me olha com seu olhar cheio de fúria e as lágrimas banham seu rosto.
— Não tem diálogo com você, Marcelo, eu desisto. Melhor me deixar sozinha.
Falou e tentou se afastar de mim. Eu a impeço.
— O que você quer Valentina? Seja honesta, aí eu posso pensar em te conceder o pedido.
— Ela sorri amarga e tenta se desvencilhar de mim.
— Não quero nada, Clark, você é uma pessoa incapaz de realizar um simples diálogo de maneira normal. Pensa que pode realizar um desejo meu? Acabou de me dizer que é minha garantia de estar viva. Como posso querer o seu mal se eu dependo da sua proteção para ficar viva?
Senti seu corpo amolecer e a segurei.
— Valentina, você está bem? O que está sentindo?
Perguntei olhando para ela, pálida.
— Estou fraca e cansada, Marcelo... não aguento mais viver nesse clima. — Ela perde a consciência em meus braços.
— Valentina! Valentina, acorde. Erik! Chame o Igor agora! — Aviso e a deito na cama.
Ela transpira frio, seu semblante está como o de um fantasma.
Fico ao seu lado esperando a chegada do médico. A demora me irrita.
— Onde está Igor que não chegou ainda? — Erik está parado na porta e me olha com desprezo. — Seu olhar não me atinge, então saia da minha frente e vá atrás do médico!
— Eu estou aqui, o que aconteceu?
Igor entra e então fecho a porta para que possa examiná-la.
— Estávamos conversando e ela perdeu a consciência. — Expliquei.
— Qual tem sido a rotina dela? Tem tomado o remédio que prescrevi? — Indagou analisando as órbitas. — Ela tem se alimentado bem? Sua pulsação está fraca.
— Normal, tem ficado no quarto lendo como de costume. — Falei. — O remédio eu não sei se está tomando.
Procuro pelo comprimido em sua mesa de cabeceira e o encontro ainda lacrado.
— Aí está sua resposta, ela não está tomando.
Igor balança a cabeça e suspira profundamente.
— Marcelo, ela está fraca, tanto físico como mental. Se continuar assim, não vai demorar para ter uma esposa depressiva. Eu vou colocar ela no soro e vou colher seu sangue para exames.
♣️♥️♠️♦️ Contínua no próximo capítulo. ♣️♥️♠️♦️
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Sem Escolha
Romance"Aos dezessete anos, Valentina nunca imaginou que a roleta do destino giraria de forma tão cruel contra sua vida. Quando o próprio pai a oferece como pagamento de uma aposta perdida, Marcelo Clark, um sanguinário mafioso, bate à sua porta para busca...