PARTICIPANDO DO CIRCO CONTRA VONTADE.

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♥️ Valentina Becker ♥️

Não consegui dormir, aquele cheiro de álcool com a colônia doce de Marcelo me deixava enjoada. Enquanto ansiava feito louca pelo hálito de canela e o cheiro de desodorante do Erik... Com meus pensamentos nele e seu cuidado especial, depois de muita luta, eu consegui pegar no sono, mas já era bem tarde.

— Bom dia, meu amor, dormiu bem? — Sou acordada com os lábios de Marcelo em minhas costas.

— Bom dia, Marcelo... eu estou com sono ainda... — Respondi, escondendo a cabeça embaixo do travesseiro.

— Você fica linda toda manhosa, mas precisa levantar, vamos tomar café. Arrastou-me para fora da cama. Ele já estava pronto.

— Que horas acordou para já estar arrumado assim?

— Tempo suficiente para admirar a beleza da minha esposa. Agora, vai tomar banho. Vou te esperar para descermos.

Fui ao banheiro, fiz minha higiene pessoal e tomei um banho rápido, quando saí, ele estava à minha espera.

— Vou até meu quarto me trocar. Aqui não tem roupas minhas. Eu já volto. — Dei as costas a ele e tive a toalha puxada e dei um pulo seguido de um grito. — Quer me matar do coração? Inferno, Marcelo!

— Calma, meu amor, não precisa ficar nervosa assim. Não queria te assustar, me desculpa. Vou te acompanhar. — Ele me vestiu com seu roupão e fomos até o quarto.

Vou até o closet e pego uma calça legging cinza e uma blusa de malha de manga longa preta. Calço minha bota e volto para Marcelo, que me conduz escada abaixo, agarrado em minha cintura. Não demora para Erik entrar no meu campo de vista e meu coração palpitar. Evito contato visual com ele. Mas quando ouço ele dizer que a foda dele estava em dia, que encontrou e degustou a mais deliciosa boceta, e iria pegar ela de novo, não consegui evitar de olhar, querendo matá-lo. A proposta absurda de Clark foi a gota d'água. Vou para a cozinha e começo a pegar as coisas e pôr em uma bandeja.

— Onde você vai com essa bandeja? — Marcelo me questiona, entrando em minha frente.
— Para o meu quarto, e tire aquele homem da minha cola. — Empurro ele pegando a bandeja e saio da cozinha.

— Valentina, tive uma ideia. Se arrume melhor, pois vamos ao shopping, temos que comprar algo para a noite de hoje. Quero minha mulher mais linda do que a mulher do Erik.
Ouvir isso me irrita, pego a maçã da bandeja e taco em sua direção.

— Eu não vou sair com Erik e sua puta. Sei que ama uma rameira e não vive sem elas. Leve uma das suas e aproveite e faz a porra de uma suruba a quatro. — Meu olhar cruza com o de Erik. Me atormenta a lembrança dele falando sobre mulheres e fodas ... agarro a bandeja tentando conter o nervosismo e jogo em cima dele.

— Eu não quero esse homem como meu segurança! Demita-o agora mesmo!
Entro para o meu quarto batendo a porta e Marcelo vem logo atrás.

— Confesso que ver você irritada e maltratando Erik me agrada. Mas ele vai continuar como seu guarda costa, ele é o mais adequado para proteger minha mulher e a mãe do meu filho. — Reviro os olhos ao ouvir isso e lembro do sonho que tive. Sinto um calafrio percorrer minha espinha.

— Valentina, não discuta comigo. Você vai nesse jantar e pronto. Não me faça ter que agir com força, quero que continuemos nos dando bem. Então, se comporte nesse jantar. Aja como uma verdadeira senhora Clark.

Marcelo sai do quarto e me jogo na cama, não acreditando no que teria que enfrentar essa noite... depois do que ocorreu, não tenho ânimo e disposição para nada. Fico deitada, a fome se vai, não quero nada, apenas sumir. Passam as horas e pego no sono.

— Minha menina, acorde, já são 18:30. – Escuto a voz de Arlete. — Marcelo mandou te ajudar. Ele te quer pronta em 30 minutos, lá embaixo. Valentina, não discute, faz o que ele pede ou vai voltar a ver o capeta incorporado...

— Se não tenho outra escolha... que seja... separa para mim o vestido justo preto de manga assimétrica. Separa o meu scarpin preto plataforma com salto agulha dourado. A bolsa quero da cor do salto. Não demoro.

Tomo um banho rápido e sem demora estou no closet. Abro minha gaveta de lingerie e ao revirá-la, encontro um embrulho que chama minha atenção. Pego o embrulho e vejo um envelope. Letra do Erik...

"A noite que tivemos me fez tão bem, e nunca esquecerei. Te ver feliz e sorridente me torna o homem mais sortudo. Estar perto de você faz meus dias infernais ficarem melhor. O que me deu é precioso demais e nada que eu lhe dê pode te recompensar. Mas não quero que fique em branco, porque você marcou minha vida."

As lágrimas rolam ao ler. Abro o embrulho e encontro um lindo colar feito de ouro branco, cujo pingente é um belo pássaro negro pousado em um galho. Uma peça muito delicada, e sua escuridão destaca-se e combina com o meu vestido.

Preciso me recompor, pois já está tarde e Marcelo pode entrar a qualquer momento.
Guardo o bilhete dentro do fundo falso da minha mala. Me visto e faço uma make da noite, com um olho chamativo esfumado, além de um batom marrom. Para completar o look, após o perfume, coloco o presente de Erik e desço ao encontro de Marcelo.

— Está atrasada, porém linda, muito elegante. Espero que continue sendo quando chegarmos no restaurante.

— Seu tom é autoritário e eu apenas o ignoro. — E esse colar? Não é uma peça que comprei para você.

— É uma joia da família, Marcelo, passada de geração em geração. Foi de minha bisa e agora é meu. Algum problema em usar algo que me lembre eles? — Pergunto e ele estende a mão até o colar e observa.

— É uma peça bem fina e delicada para ter sido de sua bisa. — Maldito... tem que se antenar nisso?

— Querido, eu estou te passando a informação que eu recebi da minha mãe. Vamos ficar aqui discutindo uma herança de família ou vamos acabar com esse circo de uma vez?
Falo demonstrando a minha insatisfação.

Seguimos para o carro, e apenas mantenho o silêncio. Estou em uma luta interior, tentando assimilar as palavras do bilhete de Erik com o que estamos fazendo. Não acredito que após me mandar um bilhete daquele, ele trará uma mulher diante de mim. Vejo que chegamos no mesmo edifício da família de Marcelo. Seguimos até o topo, em silêncio, com o olhar atento sobre mim. Quando nos aproximamos, lá estavam eles...

Se levantaram e como um cavalheiro, Erik puxa a cadeira, apoiando a cintura da mulher, estava em um terno preto, impecável, seu cabelo alinhado. Uma imagem diferente da noite em que me lembro bem como o baguncei por completo. Já a mulher, usa um vestido liso, ombro a ombro, azul marinho. Igual meu marido, até parecia que os casais estavam trocados... No fundo estava desejando isso.

— Boa noite, então essa é a moça, Erik? — Marcelo inicia a conversa.

— Boa noite, Marcelo. Essa é Samantha Bennet. Samantha, esses são Marcelo e sua esposa Valentina. — Nós apresenta, ela me olha por completo, como se estivesse me analisando.

— Prazer em conhecê-los, acho que estou mais sintonizada com seu patrão Erik do que você!

— Ah pronto, mais uma na fila pra rebolar no pau do meu marido.

A hostilidade sai e eu me sento dando sinal para o mordomo, sem paciência. — Ela me olha assustada e Marcelo se senta ao meu lado.

— Meu amor, não seja rude e tão ciumenta. Sabe que você é a única no meu coração. E foi a escolhida para me dar o herdeiro. — Seu sorriso está estampado, mas seu aperto em meu pescoço mostra sua fúria.

— Onde tem um toalete que eu possa usar? Valentina, não é? Pode me acompanhar? — Me surpreendo com seu pedido.

— No andar de baixo, tem. Vá com a Samantha, meu amor. Dave está lá e lhes mostrarão. — Se pronuncia todo sorridente.

Me levanto da mesa, sem olhar para Erik, minha vontade é de sair desse lugar e me enfiar na cama. Seguimos em silêncio até o banheiro. Meu estômago embrulha.

— Você está bem? Deixe-me ver, aquele ogro te machucou? — Sua aproximação repentina tocando meu ombro, analisando meu pescoço, me assusta. — Bem que Erik me disse que as aparências enganam...

Seu comentário me deixa irritada, e me afasto mantendo distância, ela fala dele como se realmente fosse íntimos.

— Estou acostumada com isso. Esse é meu marido, sabe tratar suas putas melhor que a própria esposa. Por favor, vá usar o banheiro e vamos voltar. Quero acabar com isso. — Peço, e me controlo para que não role a maldita lágrima.

— Você não precisa se segurar aqui, Valentina, estamos apenas nós duas. Eu te tirei de lá a pedido de Erik. Não é nada do que está pensando, eu sou amiga de infância dele. — Ela fala e me abraça, me deixando petrificada. — Mulher nenhuma deve ser tratada assim, ele marcou sua pele...

Apertou-me contra ela e continuou.

— Erik me contou sobre você, saiba que ele se preocupa muito com sua segurança e bem estar. — Suspiro fundo e respondo:

— Claro que se preocupa, é o trabalho dele, defender a mulher do carrasco, uma função que o pobre Ludwig, mesmo não querendo, não tem como se livrar desse encosto. — Falo, tentando me desvencilhar.

— Valentina, conheço Erik há muito tempo e posso afirmar que você não é um encosto. Acredite em mim. Eu não sou uma inimiga, tá? Quero ser sua amiga, e eu posso te ajudar com o ogro. Se assim deseja. Amigas?

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦

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