O FUTURO DE OUTRAS PESSOAS DEPENDE DE MIM.

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♥ Valentina Becker ♥

— Marcelo, ele está planejando um ataque aos russos. Eu me aliei a pessoas fortes e inimigos que podem me ajudar a tirá-lo do nosso caminho, mas você é a peça fundamental para esse plano dar certo.

Ele me olha atento e sinto o suor escorrer pelas costas.

— Como eu posso te ajudar?

Ele começa a falar em alemão para não correr o risco de sermos ouvidos. Um turbilhão de sentimentos se colidem dentro do peito e sinto que meu coração vai pular para fora a qualquer momento.

— Precisa tirar informações de Marcelo e me passar. Seja esperta e ganhe a confiança dele. Ele precisa te passar os detalhes de tudo que irá fazer. Consegue fazer isso?

Sinto a tensão no ar, mostrando a complexidade do problema que nos espera.

— Como eu posso ganhar a confiança dele, Erik? Só tem uma coisa que ele quer de mim, e é exatamente o que eu não quero lhe dar... Sabe o que isso significa? Sabe o trauma que isso irá me causar?

Falei com a voz embargada e ele segurou meu rosto e fixou seus olhos nos meus.

— Presta atenção, eu sei que o que estou pedindo é difícil, mas preciso que seja forte e me ajude, Valentina. Como te disse, não tem como fugir disso. Eu não posso te livrar já que é esposa dele. Você querendo ou não, ele vai fazer acontecer o que não quer. Então seja inteligente e manipule ele. Se é sexo que ele quer, use o seu corpo em seu favor, e conduza-o ao seu ritmo, deixe ele louco a ponto de fazer o que você quer. Se ele fizer a sua vontade, então você cede um pouco. Ele quer te domar, faça o oposto Valentina. Mostre que quem manda é você!

Seu olhar é penetrante e sua voz é branda.

— Estou sendo forte por você, pode ser forte por mim? Gostaria que tivesse outra forma, mas não tem. Sua oportunidade de ficar livre é essa guerra que vai acontecer. Você não precisa sujar suas mãos, apenas tire dele toda a informação, quantos aliados ele tem, local do ataque, dia e hora, sua estratégia. É de extrema importância que estejamos à frente dele.

Fecho os olhos e tento me acalmar. Penso em Arlete que sofreu, em Erik que está se arriscando por mim... Se for para ele me tirar das garras de Marcelo, eu preciso fazer o meu melhor.

— Tudo bem... eu vou fazer o que está me pedindo, mas quero que saiba que isso vai te custar muito caro! Talvez nem toda sua vida me pague.

Ele sorriu de uma forma que me surpreendeu.

— Tem minha palavra que ficarei ao seu lado tentando quitar essa dívida com você. Vou estar sempre por perto, qualquer coisa é só me avisar. Agora descanse e prepare seu espírito, pense que ao amanhecer terá um novo objetivo, e qual é ele?

Perguntou-me com os olhos vidrados em mim.

— Lutar pela minha liberdade. — Respondi.

— Qual é seu objetivo? — Mais uma vez.

— Lutar pela minha liberdade.

— Repita isso para você mesmo no momento que achar que não conseguirá fazer o que for preciso. Lembre-se disso.

Ele falou e me abriu mais um sorriso e meu coração palpitou.

— Boa noite, Valentina.

Se despediu deixando meu quarto e fiquei sozinha com meus pensamentos a mil. Amanhã é um novo dia. Pensando em como agir, permaneci deitada e esperei que o sono chegasse.

Acordo com barulho da porta se abrindo e Arlete entra evitando contato visual comigo. Marcelo  como sempre está atrás dela, feito um cão de caça. Ele fica me observando e eu faço o mesmo.

Fiquei pensativa no que poderia fazer, mas a realidade é que eu não consegui pensar em nada… O olhar dele me perfurando me incomoda… Minhas mãos estão suando frio e o nervosismo se apossa de mim.

— Marcelo, não tem nada pra fazer além de ficar me olhando? — Perguntei com a voz alterada.

Eu o questionei e ele bateu a porta. Ouço o barulho dele passar a chave e sou trancada mais uma vez…

Estou sendo punida de novo por minha língua solta.

Os dias se passaram e eu continuei sendo castigada por ele, me limitando a uma fruta por dia por meu "mal" comportamento. Não consegui pensar em como posso ajudar Erik nesse plano. Eu ainda estou trabalhando em como fazer o que o ele me pediu.

Foco Valentina, Lutar pela minha liberdade, não é só o seu futuro que está em jogo, outras pessoas dependem de você conseguir fazer isso!

Fui tirada dos meus devaneios com a chegada de Arlete.

— Bom dia Marcelo, entre, a casa é sua. Já que está aqui, sente-se e me faça companhia. — Falei desviando o olhar dele para a bandeja. — Obrigada, minha querida Arlete, pode se retirar, preciso falar com Marcelo a sós.

Pronunciei-me e ela fez uma pequena reverência. Deixou o quarto e Marcelo se aproximou.

— O que foi? Não posso tentar ter ao menos uma convivência decente nem que for mínima com você?

Perguntei enquanto me servia de suco.

— Bom dia, Valentina. — Ele responde me encarando com um sorriso que evidencia suas leves marcas de expressão. Dou um sorriso em resposta. — Parece que os dias trancados aqui fizeram bem a você.

— Não sou um animal para me manter trancada, Marcelo. Se eu ajo de forma imprudente, você tem uma parcela de culpa. Não pode sair me punindo, espancando sempre que não faço o que não quer. Eu tenho minhas vontades e desejos. E tudo tem o seu tempo, precisa entender isso. Eu vou tentar te irritar menos. Mas por favor, pare de querer resolver tudo na base da brutalidade e armas. Somos um casal ou inimigos mortais? — Pergunto e dou uma mordida na torrada.

Ele não fala nada, apenas me observa em silêncio com uma sobrancelha arqueada e então continuo.

— Nós nos tornamos um casal no papel, mas não te conheço. Como podemos ser felizes e viver em harmonia se somos completos desconhecidos um para o outro? Eu estou disposta a dar uma trégua e te conhecer, o que me diz?

♣️♥️♠️♦️Contínua no próximo capítulo. ♣️♥️♠️♦️

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