♥ Valentina Becker ♥
Devolvo na mesma moeda. Marcelo parece irado.
— Como se atreve a falar com Tiffany assim? Ela é minha convidada e a trata assim na minha frente? Dou dou de ombros e falo:
— Ela é sua convidada, não minha. Você que a trate bem.
Ele parece não ter gostado da resposta e então segura meu pescoço. Isso dói e consigo ver o sorriso da vadia de longe.
— Não me provoque, Valentina. Eu já estou bem estressado hoje, você está abusando da sorte, acho melhor não testar minha paciência. — Ele aperta meu pescoço e então eu falo.
— Marcelo, me solte — digo com os dentes serrados.
Ele saca a arma e aponta na minha cabeça, apertando ainda mais o meu pescoço, meu corpo todo estremece com o terror. Até mesmo Tiffany se afasta imediatamente e os seguranças se alarmam.
— Eu estou sendo muito mais que bonzinho com você, sua desgraçada. Não me obrigue a fazer algo que eu vá me arrepender.
Não era a minha primeira vez com uma arma, mamãe havia me ensinado a usar uma há muitos anos, "por segurança", segundo ela.
Uma vida sendo escrava sexual de Marcelo, sendo traída e me deitando com um homem que tinha várias mulheres... A morte sem dúvidas parecia melhor.
Eu olho bem dentro dos olhos dele, levo minha mão até sua arma e destravo. Mas ao sentir meu dedo em cima do seu, ele me arremessa para longe e então grita:
— Sei o que está tentando fazer. E não vai funcionar, não até eu ter o que eu quero, Valentina.
— Covarde de merda!
Erik chega de imediato avaliando a cena.
— Tira-a da minha frente e me tragam Ilana.
Ao ouvir ele mencionar o nome da minha mãe, o medo me preenche. Eu grito ainda mais e tento ir até ele, mas Erik me segura.
— Marcelo, seu cretino, o que você quer com a minha mãe! O problema sou eu, não é? Então resolva comigo! Deixa minha mãe fora disso!
— Erik, mandei tirar ela da minha frente.
Ele tenta me calar a todo custo, me segurando novamente como fez no meu primeiro dia.
Depois de eu acertar um tapa em seu rosto, ele não diz nada, não reage... Parece estar à disposição total desse filho da puta.
Grito antes de sair:
— Eu te odeio, Marcelo!
Erik praticamente me arrasta e me coloca num carro enorme, travando as portas. Onde eu vim parar? Eu fui ingênua ao pensar que ele não me machucaria.
Na primeira oportunidade já colocou uma arma na minha cabeça! Estou perplexa porque a minha mãe pode sofrer as consequências por minha culpa.
O carro começa a sair da propriedade, e com os olhos marejados, vejo a mansão se afastando, patrulhada por dezenas de seguranças. Mal consigo enxergar onde a terra do maldito termina. Vejo um bosque ao redor.
— Já terminou seus estudos? — pergunta Erik sem tirar os olhos da estrada. Sua voz é grave, profunda e quase sem variações. — Marcelo me mandou arranjar uma escola para você, caso não tenha terminado.
— Se ele te mandar latir, você obedece também? — Pergunto. Recebo uma encarada enraivecida e um suspiro grave de irritação.
— Eu já tenho problemas demais, menina. Só responda sim ou não e vamos nos entender.
— Eu não quero me entender com você e sua laia de capangas!
— Enfrentá-lo daquele modo não é a forma mais inteligente de agir. — Os portões de ferro preto se abriram. — Deve ser mais inteligente que isso se quiser sobreviver.
— Eu não tenho medo se ele perder o controle e me matar. É um grande favor que ele estará me fazendo, mil vezes a morte que estar ao lado dele.
O telefone no painel toca e Erik atende respondendo apenas com grunhidos de concordância. Ao desligar, novamente se dirige a mim.
— Recebi ordens para levá-la para a casa do campo. Permanecerá lá até o dia do seu aniversário.
— Ótimo, não quero ver a cara daquele cretino.
♦️ Erik Ludwig ♦️
Dirigir em silêncio dá algum conforto, mas a paisagem me lembra onde eu estou e o porquê. Esse ácido ainda presente em meu estômago é o que sinto quando confrontei Marcelo e suas intenções.
Por esses dez dias, reconheço que pensei no dinheiro e em como isso me ajudaria a reerguer minha vida, não serei hipócrita nem vou bancar o santo quanto a esse fato, porém, estou pagando minha dívida.
Olho pelo retrovisor a passageira no banco de trás. Ela ficou quieta o caminho todo, mas a flagro limpando o rosto. Secando lágrimas.
Eu não tenho permissão para isso, não tenho energia para tal coisa, tamanha a minha raiva e meu ressentimento com meu único amigo.
Fui ingênuo em pensar que encontraria o mesmo rapaz que deixei para trás nas garras do pai, e me questiono se isso o ressentiu também.
Se sim, encontrou a maneira de me dar um belo troco. Folgo as mãos no volante quando percebo que estou apertando-o com muita força.
Se Marcelo tivesse virado o pai, com certeza teria planos com a minha vinda. Ele sabe que não sou um simples soldado, logo, duvido que eu continue relegado ao posto de babá e tenho medo do que ele me forçará a fazer. Esse dinheiro em minha conta é uma arma que usará contra mim.
Clark foi meu melhor amigo, meu irmão, e agora está a poucos passos de destruir a minha vida. A pior parte é não ter visto isso chegar, ter confiado nele e permitido que ele atasse minhas mãos desse jeito. Fico pensativo se devo recorrer ao meu passado, e rever essa história...
Algo grande está vindo, posso sentir isso. Depois de aproximadamente três horas de viagem, chegamos ao distrito de Dover, em Delaware, já coberto com a primeira neve do inverno. Eu já havia aumentado o aquecedor, percebendo que Valentina tinha saído de New York apenas com as roupas do corpo.
Pelo rádio, ouço a voz de Dave no carro de trás.
— Tenho que voltar a New York. O chefe me requisitou. — Ele dá uma pausa e continua:
— Você vai ficar bem com a garota?
— Eu dou conta.
♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦
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Sem Escolha
Romance"Aos dezessete anos, Valentina nunca imaginou que a roleta do destino giraria de forma tão cruel contra sua vida. Quando o próprio pai a oferece como pagamento de uma aposta perdida, Marcelo Clark, um sanguinário mafioso, bate à sua porta para busca...