O PLANO É UM FIASCO.

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♦ ERIK LUDWIG ♦

É a primeira vez que saio em missão com desejo de não ir. Imaginar ela sozinha naquela casa sem mim – Com o velho por perto – não me deixa nada confortável. O desgraçado ocultou o fato de que iria fazer a segurança de Valentina. Isso não é nada bom, se ele fizer merda e colocá-la em perigo mesmo sendo meu pai, eu vou acabar com ele. Mas, agora eu preciso me concentrar, pois, a situação é mais complicada. Ensinei a ela o que precisa para se defender. Valentina é esperta e com as minhas orientações ela não vai ser pega de surpresa. Preciso confiar e fazer logo o que tenho de fazer e voltar para ela.

Chego ao Bronx por volta das oito da noite, em lugar chamado Marina Del Rey com alguns homens de Marcelo e do meu pai. Outro homem vem ao nosso encontro.

— Boa noite, senhores, qual de vocês é o Ludwig?

O fato dele chamar meu nome é estranho. Marcelo nunca revela o nome dos homens que vão fazer a missão. Isso me deixa em alerta.

— Sou eu, e você quem é? 

— Prazer em conhecê-lo, sou o capitão Tobias Morris. Vou levá-lo até o Fort Totten, seu lugar de desembarque.

 — Esse local de desembarque é seguro? Pergunto já me preparando para encarar uma emboscada em alto mar. 

— Sim, é tranquilo. Estou encarregado de levar você e o carregamento até lá. Venha, vou lhe mostrar o barco. Me acompanhe por favor. 

Sigo com ele até a embarcação e reparo que ele fica a todo momento olhando em volta enquanto me separo dos homens.

Estou de olho em você capitão. 

Ao chegar vejo que trata-se de um barco atuneiro. Peço para mostrar a mercadoria e então descemos em uma escada próxima à cabine, que me leva ao interior do cargueiro. Com a ajuda de uma lanterna vejo as armas de Marcelo. Pego a chave do compartimento e voltamos para a cabine. Ele dá partida e deixa o cais. Aviso a Clark que estamos a caminho, e me sento ao lado do tal capitão, atento a tudo e a qualquer movimento. 

Os minutos passam e o homem começa a suar descontrolado. 

— Está nervoso, capitão? É a primeira vez que trabalha com esse tipo de mercadoria? 

Vejo que ele abre e fecha a mão várias vezes, demonstrando nervosismo. 

Na escuridão do alto-mar o barco singra com as luzes apagadas. Nos orientamos apenas pela iluminação do Queens do outro lado das águas. De repente, ouço um barulho e me levanto, já com a mão na pistola, e com cautela observo a porta da cabine.

Sigo escada abaixo e vou conferir o carregamento. O barulho do motor é tão alto que chega doer meus tímpanos. Checo mais uma vez o compartimento e tudo parece normal. Fecho a porta e então o som que me deixava quase surdo é silenciado bruscamente. Não gosto nada disso, me apresso em voltar para cima e não vejo o capitão na cabine. Logo ouço um barulho na água e vejo um vulto passar rápido e se afastar. Corro para dentro e encontro a chave na ignição. A necessidade de sair dali é tão urgente que ignoro os protocolos que tanto me salvaram a vida e giro a chave. Escuto o barulho de um dispositivo acionado, um som que conheço bem. Isso faz o alarme de perigo dentro de mim, disparar em nível máximo...

Corro em direção ao bombordo para salvar minha vida, ciente que já é tarde demais. 

Uma bomba vai explodir.

♠️ MERCELO CLARK ♠️

A ansiedade pela espera de Erik no píer é grande. Conter a emoção e a adrenalina está cada vez mais difícil. Só de pensar que muito em breve isso tudo será meu e estará sob meu domínio outra vez... isso sim será uma grande conquista.

Meu pai deve estar se revirando debaixo do túmulo com esse passo importante que dei e que certamente vai marcar a história dos Clark. Os homens ao meu lado estão atentos e demonstram inquietude, enquanto fingem trabalhar com as ferramentas de manutenção. Seguro uma lanterna, apontando para um dos homens que está com uma pá na mão, mas meus olhos estão voltados para o horizonte escuro do mar.

Olho em direção à ponte distante e não vejo nada. O manto negro se estende e não faço a mínima ideia de onde Erik possa estar.

As luzes ondulantes do Bronx no outro lado da margem é a única coisa que podemos ver.
Enquanto miro a visão nas sombras das águas à procura da barcaça, uma grande nuvem avermelhada sobre o alto-mar faz meu coração parar por alguns segundos. Eu vejo o fogo e a fumaça branca subirem pelo breu. Erik está morto! Não acredito!

Mal tenho tempo de lamentar, pois, sei que isso logo chamará a atenção dos meus inimigos. Não consigo descrever minha frustração, a fúria por ter perdido as armas e o meu melhor soldado me deixa possesso.

— Maldição! Mais uma traição! Como pode?

Enquanto ainda tento assimilar a situação, somos surpreendidos com a chegada dos russos no píer. Toda a margem está abarrotada de inimigos, e se nos dar tempo, começam a metralhar meus homens.

Não há como revidar, estou de mãos atadas. Ver meus homens serem mortos é a última coisa que imaginei. Achei que meu plano estava bem elaborado... Mas fui eu o massacrado. Ainda ferido me jogo ao mar e nado desesperado na esperança de conseguir sobreviver...

♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦

Recadinho: Muita calma nessa hora! Respirem fundo. 👀👀👀Finalizando o vol. 1 vem o 2... esse está recheado de emoções e adrenalina... e descobertas bombásticas! Querem matar a saudades dos personagens e conhecer novos? Não surtem e nem fiquem ansiosas... Não desanimem e continuem comigo pois só assim vão saber o que realmente aconteceu...

Sem EscolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora