PROVOCAREI ISSO TANTO QUANTO FOR POSSÍVEL.

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♦ Erik Ludwig ♦

Com suas palavras meu coração bate descompassado e os olhos vão para o chão, a garota não está me encarando.

Está perdida em pensamentos, e vejo um lapso de raiva em seu semblante delicado migrando para uma expressão austera de motivação.

É difícil saber o que ela está pensando. Então ela se levanta, e a sigo para fora da casa.
Sem dizermos mais nada um para o outro, tomamos nossos lugares no comboio de volta.
Enquanto seguimos mapa acima, um arrepio me corta as entranhas, um pressentimento de que as coisas começaram a piorar.

Assim como Valentina, eu também precisava estar pronto. Em breve terei que sujar minhas mãos.

♥ Valentina Becker ♥

Sinto uma mão tocar minhas costas e me arrepio inteira. Não tenho forças para fugir, mas o segundo toque em minha mão afasta a sensação de medo...

Ele está aqui, e me faz repousar em seu peito que é forte e largo, suas mãos grandes e quentes aquecem meu coração e alma...

E com esse sentimento, paro de lutar e me permito descansar em seus braços...

— Valentina? — Sua voz me chama. Sinto seu cheiro novamente, canela e desodorante...

♦ Erik Ludwig ♦

Ela abre os olhos quando chamo uma segunda vez.

— Desculpe acordá-la, parecia que estava tendo um sono tranquilo.

— Eu estava — diz um pouco amarga.

— Como se sente? — pergunto apenas por curiosidade.

— Uma perfeita merda, e você?

— Igualmente — respondo tentando elevar a moral. — Chegamos.

— Dar meia volta e fugir não é opção, não é? — Ela fecha o casaco e então pega em minha mão, antes de descer do carro.

Estamos na porta da mansão de Marcelo, o céu está aberto, mas o frio persiste. Assim que nos dirigimos para a entrada, nos deparamos com o dono da casa em pé com as mãos nos bolsos da calça. De terno e com aquela expressão, parece um megalomaníaco.

O sorriso que oferece a Valentina aperta minhas entranhas. Ela, por outro lado, apenas respira fundo e caminha decidida até ele.

Marcelo segura o rosto da garota e a beija na testa. O dia seguinte corria quieto demais.
Pensei que Clark iria me enviar para alguma outra missão imediatamente, mas não o fez.
Passou boa parte da manhã no escritório, fechado com John e longe dos ouvidos alheios.
Dave continuava me rondando como um maldito abutre, esperando por um tropeço, eu já estou cheio dessa merda.

Luke, seguiu minha ordem e se afeiçoou a ele e mostrou seu desprezo por mim. Com isso, ele pode descobrir algo que nos ajude.

Patrulha mais a casa para que eu possar passar mais tempo checando Valentina.
Eu vou e volto o tempo todo do quarto dela para ter a certeza que está bem. Para minha alegria, ela passou bem as horas na companhia dos livros da biblioteca de Marcelo ou no quarto lendo.

Arlete, a governanta da casa principal, vem até mim e me cumprimenta. Ela não possui o olhar de desejo de Helga, o que é um alívio.

— Bom dia, eu preparei um café reforçado para você, soube que passou a noite em claro cuidando dela. Vai comer alguma coisa.

Marcelo surge no fim do corredor e me esforço para não revirar os olhos.

— Como ela está? — pergunta.

— Está bem, passou o dia lendo — Informo e ele já se apressa para entrar.
Marcelo força a entrada no quarto e eu tento impedir.

— Temos que conversar — Digo.

— Não temos. Não se esqueça que você foi contratado para protegê-la e não me impedir de entrar na minha própria casa.

Ele me empurra e entra no quarto, eu entro atrás. Valentina está próxima da cama apenas de lingerie, em suas costas havia hematomas perto do pescoço e nas laterais dos quadris, o que me fez querer matar o Marcelo.

Eu havia visto as fotos que Helga tirou em segredo, mas nada se compara a vê-las realçadas na pele alva da garota.

Assim que viu Marcelo, ela puxa os lençóis volumosos da cama para se cobrir.

— Já olhou o bastante? — perguntou irônica, sem nem mesmo ter me visto.

— Eu te devo desculpas — disse Marcelo, para minha surpresa. — Eu perdi a cabeça, não deveria ter feito aquilo com você.

Ela se vira e olha pra mim, e então Clark percebe que estou na porta.

— Saia — ordena com aspereza, mas não me movo um passo. É a resposta de Valentina que importa para mim.

Com um aceno resignado de cabeça, ela assente e Marcelo percebe. — Estão tão íntimos assim?

— Não é da sua conta — respondeu ela, firme. — Vou estar na biblioteca em um minuto Erik, me espere.

Com meu coração apertado, recuo para a porta, fechando-a. Agora que estamos de volta, qualquer hora pode ser "a hora" para ela. E não poderei fazer nada para impedir.

♥ Valentina Becker ♥

Com a saída de Erik me sinto desprotegida, mas preciso ser forte e encarar esse homem.

— Desculpas não vão apagar da minha memória o que me fez, o seu "sinto muito" não vai fazer o trauma desaparecer.

Marcelo revira os olhos e solta a respiração.

— Eu te avisei várias vezes para parar de me provocar e de me desafiar.

— Eu não provoquei nada! Você entrou no quarto e avançou em mim!

— Porque você e aquele alemão de merda estavam...

— Estávamos fazendo o quê? Conversando? Entendendo um ao outro melhor do que nunca vai acontecer entre mim e você?

Se ele ao menos desconfiasse do que aconteceu embaixo do teto dele, em seu escritório...
— Você é um psicopata. Eu te odeio!

Ele se revolta ao ouvir minhas palavras. Quando me dou conta, já tinha levado um tapa no rosto.

— Você é patético, Clark.

Volto a encará-lo, deixando a ardência do golpe se atenuar. Largo os lençóis descobrindo o corpo em desafio, mesmo incomodada com seu olhar vidrado.

Forço essas situações para não dá-lo o sexo que deseja. Provocarei isso tanto quanto for possível.

— Está se sentindo mais homem agora? — Provoco, dando um passo em sua direção, assistindo à expressão dele vacilar um pouco.

— Sei o que está tentando fazer — diz igualando o desafio. — Não vai funcionar, Valentina.

— Não pode transar se me bater, e não pode me domar se não me machucar.

♣️♥️♠️♦️ Contínua no próximo capítulo ♣️♥️♠️♦️

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