A HUMILHAÇÃO DE MARCELO

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♠ Marcelo Clark ♠

— Desgraçado!

Meu grito dentro do escritório ecoa e arremesso a primeira coisa que vejo pela frente.Não penso em Erik, minha fúria atropelou a memória de Valentina chamando por seu nome. Só penso no choro dela abafado pelo travesseiro, em suas lágrimas molhando o lençol, no timbre de sua voz desesperada pedindo que não fosse daquele jeito.

Não era a voz dela, era a da mulher com os mesmos olhos azuis do meu melhor amigo. Por uma fresta na porta da biblioteca da mansão, ainda uma criança, eu não entendia o que meu pai estava fazendo, mas via as lágrimas dela escorrendo de lado pelorosto, enquanto ele a "empurrava" por trás, as pernas abertas e a roupa erguida.

Ela parecia estar sentindo dor, enquanto ele mantinha os olhos fechados, como eu fazia quando tomava meu sorvete preferido.

Fiquei ali, não sei por quanto tempo, tentando interpretar o que via, e algo me apunhalou quando os olhos da mãe de Erik me viram, arregalados. Aterrorizados e tristes.

Lembro de sair correndo de casa, descalço sobre a neve sem conseguir respirar. E quase trinta anos depois, estou sentindo a mesma coisa.

Quando a obriguei a me beijar havia sentido muito tesão, eu sabia que ela estava sentindo alguma coisa, o corpo é uma arma poderosa quando exposto ao prazer.

E eu nunca fiquei tão duro como quando estava chupando ela. O gosto era... alucinante detão bom. Agridoce e com um cheiro delicioso. O gemido foi uma recompensa, mas o susto quebrou o encanto. Eu a queria ali naquele momento e nada poderia me negar o que é meu por direito.

Mas meu corpo me negou. Minha memória me traiu. Encho o copo quase inteiro com o uísque embaixo da mesa e deixo o líquido queimar minhas vísceras. Aquilo nunca havia acontecido antes, Valentina pareceu genuinamente confusa, mas não pude suportar ouvir sua voz depois do momento humilhante.

Tudo se choca na minha cabeça. A ameaça do invasor em minha casa, meus planos...Bebo mais um grande gole e resolvo fazer uma ligação.

— Em que pé estão as coisas? — pergunto a John assim que ele diz "alô". — Achou o desgraçado?— Estamos perto, temos quase certeza de que é dos russos, mas não parece um cabeça — informa. — Um mensageiro apenas.

— Pegue-o, não importa quem seja. Ele deve saber alguma coisa, e se sabe o suficiente para entrar na minha casa, os malditos russos também devem ter acesso à informação. Quero saber o que eles sabem e já!

— Ligo de volta até a tarde de amanhã — assegura. — O rapaz está trabalhando bem? — Não quero falar sobre isso.

Desligo a chamada e bato o telefone tão forte sobre a mesa que ouço a tela rachar. Merda...Porém, a hora dele vai chegar. A hora de todos chegará.

♣️♥️♠️♦️ Continua no próximo Capítulo. ♣️♥️♠️♦️


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