Descobrindo o motivo da visita, e reação de Valentina parte l.

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♥ Valentina Becker ♥

Ele é alto e jovem, com certeza deve ter várias mulheres ao seu dispor. Lembro-me de papai que, mesmo não sendo tão bonito, as mulheres se rastejavam aos seus pés, mas esse homem é diferente.


Realmente bonito. Tem uma mistura de malícia misturada a gentileza em seu sorriso. Olhos castanhos amendoados, com certeza esconde mais do que eu posso tentar deduzir.
Olha o tamanho desse peitoral! Ele é quase tão grande quanto a nossa porta, e o terno dá a ele uma imagem de alguém importante. Mas como alguém "importante" pode estar associado ao papai?


Minha mãe me pediu tantas vezes para não pensar nele, mas eu nunca parei de me perguntar onde estaria. Se tinha nos deixado por nosso bem, ou se partiu apenas porque não nos queria mais.


No fundo, eu quero acreditar que ele estar por aí, tentando construir alguma coisa. Se preparando para um grande retorno que vai nos tirar dessa cidadezinha gelada e nos fazer uma família completa novamente ou estou me deixando ser o influenciada pelos filmes que os pais lutam para salvar suas famílias. São tantas perguntas...


Finjo subir a escada e paro onde os andares se dividem. Eu quero saber quem é esse homem e porquê ele está aqui. Sendo a respeito de papai, mamãe não pode me negar isso.


Fico à espreita, observo o homem de terno bonito e minha mãe parece ainda mais baixa perto dele. Sinto um arrepio quando os olhos do visitante cravam os meus por breves segundos antes de voltar para baixo, com a boca curvando noutro sorriso.


♠ Marcelo Clark ♠


- O que você quer aqui? - Ilana começa a despejar uma enxurrada de palavras sobre mim. - Por que veio até minha casa? Eu não tenho nada com pessoas do seu tipo. Se o maldito do Jackson pegou dinheiro com você, isso é um problema seu com ele. Não vou pagar um centavo sequer para ajudar aquele homem!


Arqueio uma sobrancelha e cerro os punhos enquanto ela continua tagarelando:


- Deve saber, eu não moro mais com o pai dela. Então, volte pela mesma porta que entrou, e vai acertar com ele e não nos incomode!


Ela é destemida e audaciosa, esbraveja como uma leoa para defender a cria, mas infelizmente o seu rugido para mim não passa do miado de uma gata assustada. Então sorrindo, eu olho para ela e digo:


- Ilana, eu receio que isso eu não poderei fazer, até porque dessa vez eu vim buscar o que é meu por direito. - Ela me olha preocupada e sem entender nada.


- O que é seu por direito? Aqui não tem nada seu, afinal, graças aquele desgraçado eu e a Valentina perdemos tudo!


- Calma Ilana, para que tanto nervosismo. Você vai odiar ainda mais o seu ex-marido depois disso.


O semblante dela treme do mesmo jeito que o de Jack quando perdeu o jogo para mim.


- O motivo de minha visita é que estou aqui para reclamar o que é meu por direito. Eu o venci no pôquer, e agora a Valentina é minha.


Ilana dá um passo atrás e oferece o sorriso mais amargo que uma mulher pode dar a um homem.


Descrença, ódio... É interessante assistir todas essas emoções cruzarem seu rosto. A parte mais prazerosa de tirar coisas das pessoas. Vê-las em profunda negação.


- O senhor parece ser um homem sensato - Ela diz. Quase dei uma gargalhada.

- Deu-se ao trabalho de vir de sei lá onde apenas para me assustar? Tenha santa paciência. Se conheço bem o Jackson, ele já deve estar numa cova a essa altura.


Dou um olhar discreto para a escada, vejo a perplexidade no rosto delicado de Valentina. Num acesso estranho de imaginação fértil, imagino aquele olhar vindo de baixo ao passo que abro minha calça.


- Não foi por falta de tentativa, Ilana - respondo, ignorando as fantasias. - Mas posso assegurar que ele está bem vivo e continua fazendo uma merda atrás da outra.
Felizmente, essa em particular, será de grande utilidade para mim.


Dou um passo à frente, fazendo minha altura prevalecer sobre a dela, continuo:


- Agora seja boazinha, e prepare Valentina. Quero deixar a cidade ainda hoje.


♥ Valentina Becker ♥


Eu quase caio da escada digerindo o que estou ouvindo. Minhas pernas estão bambas, me sento em um degrau e, perplexa, continuo a escutar a conversa da mamãe com o homem.

- Qual a dificuldade em entender uma simples "ordem", Ilana? - pressiona o homem com um tom crescente de irritação.

- Ele apostou minha filha? Isso não é possível!

Que merda é essa? Meu pai me apostou em uma partida de jogo e perdeu?
Vejo o homem revirar os olhos quase minimamente. Ao julgar por como ele aperta os punhos, não parece nada paciente.


Por favor, mãe, ao menos você precisa lutar por mim...


- E o que você quer com a minha filha?


- Como assim o que eu quero? Eu vim buscar a Valentina, ela vai para New York comigo.


O que foi que ele fez? O que foi que papai fez? Por que eu mereço isso? Por que fez isso comigo? E a parte onde os pais lutam e se arriscam por seus filhos? O meu é um covarde que ao invés de defender o seu sangue ele vende?


Minha cabeça está um turbilhão, meu coração está acelerado.


- Você não tem vergonha rapaz? Valentina é uma menina e você é um homem feito, não se atreva a encostar na minha filha!


O tal Marcelo dá outro passo na direção da minha mãe e por um segundo acho que ele vai bater nela. Sinto a adrenalina correr solta.


- Saia da minha frente e traga ela agora, senão vou te matar e levar ela a força mesmo assim.


Uma faca reluzente sai do bolso dele, lisa e um pouco curva e dentada perto do cabo. Do tipo que só se vê em filmes de terror.


Ao ouvir aquilo, o medo de perder mamãe me faz desobedecê-la. Saio revoltada, gritando.
Coloco-me entre os dois e olho o homem com tanta fúria, que se pudesse o dizimaria. Ao contrário de mim, que quer matá-lo, ele me estuda quase com diversão.


- Não ouse tocar na minha mãe, seu cretino! Não vou para lugar algum! Se meu pai teve coragem de me vender, então você pode voltar para o buraco onde o achou e matá-lo! Vai ter muito mais lucro do que aqui. Só saio dessa casa morta!


♣ ♥ ♠ ♦ Contínua no próximo capítulo ♣ ♥ ♠ ♦

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