Feliz aniversario ♡ Capítulo 7

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Atenção: Para facilitar a compreensão de vocês leitores, alguns capítulos a seguir podem alternar entre diferentes personagens. Em cada mudança de perspectiva, o nome do personagem será indicado no início do parágrafo.

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Após algumas semanas de seu retorno ao Brasil e depois de arrumar o máximo que pôde na sua academia, que estava nos ajustes finais, Sol estava aos poucos matando a saudade de algumas pessoas e coisas, como ir ao shopping para tomar um sorvete de máquina sem igual. Mas, além de matar a saudade das coisas banais que amava fazer, ela finalmente podia ir ao encontro da pessoa que mais sentia falta.

Com um buquê de flores do campo amarelas e laranjas, Sol entrou no cemitério anos após o dia em que se despediu de Cecilia e que parte do seu coração havia ficado ali. O local era deveras silencioso, como obviamente deveria ser. Chamado Parque das Flores, o nome era bonito para um local igualmente bonito: uma área extensa e verde com centenas de jazigos quase lado a lado. Apesar de sua grandiosidade, Sol jamais esqueceria onde Cecilia estava.

Ela não estava triste, não estava chorando ou com o coração pesado; apenas andava vagarosamente, sentindo o calor do sol em sua cabeça. Sol aprendeu que o tempo não apaga as feridas do luto, mas cicatriza, e as cicatrizes são lembretes de que, com o tempo, a dor se transforma em saudade. Aquele aprendizado a fez entender que nunca existiria uma fórmula mágica para atravessar as dores da vida sem senti-las, nem uma máquina do tempo para voltar e evitar certas coisas. A vida era assim e ponto.

Sol retirou os óculos escuros, levantou-os até a cabeça e sorriu quando, após uma longa caminhada, encontrou o jazigo de Cecilia, intacto como antes. Ela podia ouvir o som dos violinos tocando em sua memória e recitar todas as palavras que o padre havia dito. Apertou o buquê, tentando se livrar desses pensamentos.

A patinadora encarou a foto sorridente de sua amiga no jazigo e leu a inscrição. O local estava limpo, com flores novas e bem coloridas, como Cecilia amava.

Maria Cecilia Cavaliere Hill

Mãe, filha, neta, namorada, sobrinha e amiga, você foi o amor das nossas vidas e será por toda a eternidade. Os anos passam, a saudade permanece, a memória fica e, acima de tudo, fica o amor que você deixou em nós.

Sol se sentou em frente ao jazigo e sorriu. Colocou as flores ao lado da foto da amiga e tocou seu rosto com carinho, os dedos percorrendo os cabelos ruivos na imagem. Com um sorriso nostálgico, Sol fez um gesto de batida de mãos que elas costumavam fazer juntas.

— Maria Cecilia, voltei como te prometi. — Sol falou, seu tom era leve e carinhoso ao pronunciar o nome composto da amiga. — Acho que, além de mim, só seus pais e o Junior sabiam que você também se chamava Maria. Está me xingando agora?

Apesar da situação, Sol sorriu como nunca imaginou ser possível naquele momento.

— Me perdoe pela demora. Foram anos longos, e graças a você vivi tantas coisas bonitas e mágicas. Às vezes, parecia que estava em um filme, sabe? — Sol começou a contar, como se Cecilia estivesse ali ouvindo. — Voltei para cá e estou recomeçando minha vida. Infelizmente, não exatamente de onde parei, mas quando dei um passo para frente, algumas coisas ficaram para trás...

Sol ficou em silêncio por um momento, respirando fundo após falar sem pausas por muitos minutos.

— Juntei bastante dinheiro nesses anos, e mesmo à distância, meus pais me ajudaram com a construção da academia. Ela se chamará Starlight Academy e terá todos os tipos de patinação para crianças, jovens e adultos, já finalizamos a obra, os móveis e a estrutura. Agora, vamos começar a buscar profissionais. Quero uma equipe dedicada para os alunos, quero que sonhos se realizem! — Sol sorriu. — Eu saí em uma página de esportes na internet, estão falando do retorno da lenda da patinação paulista e de como vou criar novas lendas na academia. Deus queira que sim, acho que sou um pouco famosa agora... 

Mais que suficiente, amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora