Juliana estava nas nuvens há quase uma semana. Ela tinha dado seu primeiro beijo na pessoa de quem gostava e, mesmo sem experiência, sentia-se como se estivesse vivendo um conto de fadas, embora ainda muito envergonhada. A física não sabia o que aconteceria a seguir — não sabia se os sentimentos eram recíprocos ou se aquilo tinha mais a ver com uma atração física somada ao momento mágico que compartilharam. Mas havia algo de que ela tinha certeza: para Joaquim, o beijo também não tinha sido à toa, ou pelo menos era o que seu coração dizia.
Ela e Joaquim ainda não tinham conversado sobre o assunto, principalmente porque ele precisou viajar a trabalho logo depois. E, por mensagens, o beijo não foi mencionado em nenhuma das raras conversas, o que poderia parecer estranho para muitas pessoas. Mas após trocas de olhares no único dia em que se viram depois do beijo, e os sorrisos tímidos que compartilharam, Juliana sabia que ele, assim como ela, estava sem jeito de tocar no assunto.
Naquela noite, Juliana estava em mais uma de suas conversas infinitas com sua irmã, as duas eram naturalmente muito unidas. Mariana estava sozinha no Ceará, desde a morte da avó, e isso fazia Juliana se sentir um pouco culpada por não estar por perto.
—Você está bem, mana? —Juliana perguntou. —Sinto sua falta, já faz um tempo.
—Já faz um tempo mesmo. Você foi em novembro... —Mariana relembrou. —Depois voltou, foi de novo, e só passou alguns dias aqui depois da morte da vó... Sinto sua falta, Ju. Esse ano vai ser bem longo sem você.
As duas suspiraram juntas. Juliana havia viajado para São Paulo em novembro do ano anterior para conhecer a cidade, ver se realmente queria morar lá e até procurar apartamento. Entre idas e vindas, acabou se estabelecendo em janeiro, mas retornou rapidamente para o enterro da avó.
—Eu sei, não posso ir sempre, a passagem é cara. —Juliana justificou. —Você poderia vir também.
—Ah, é muito caro. —Mariana sorriu, fazendo Juliana sorrir também. —Mas me conta daquela festa, você disse que me contaria tudo.
Juliana estava pronta para contar. Deitou-se no sofá, buscando a posição mais confortável, e começou a relatar tudo desde o momento em que Joaquim a buscou em casa, até que pausou no momento do beijo.
—Então você beijou? Nossa, você finalmente beijou um cara, mana! —Mariana exclamou do outro lado da linha, e Juliana afastou o celular do ouvido por causa da animação da irmã. —Como foi? Uma semana depois que isso aconteceu e você me conta agora? Ele te levou em casa? Fizeram mais alguma coisa?
Juliana arregalou os olhos e negou, mesmo sabendo que a irmã não podia ver.
—Nós nos beijamos por um bom tempo na festa, meus lábios ficaram vermelhos... Como eu tive tanto fôlego? —Juliana contou, sorrindo. —Foi como eu te falei, no meio da dança. Entramos numa espécie de tensão e... —A física suspirou. — nos beijamos. Calma, ele me trouxe em casa, mas não subiu... No caminho, só sorrimos o tempo todo, e ele se despediu com um selinho.
Mariana vibrou de felicidade do outro lado da linha, animada com a primeira paixão da irmã mais velha.
—Essa "espécie de tensão" se chama clímax, é o ponto alto de certas situações, resultado da sua paixão por ele. —Mariana explicou. —Ele é tão bonito. E beija bem?
Juliana consentiu e, deitada no sofá, tocou os próprios lábios.
—Os lábios dele são quentes, macios, e ele sabe o que faz, entende? Com certeza já beijou centenas de pessoas... —Ela bufou. —Só o vi uma vez depois do beijo, e já poderia beijá-lo de novo na hora.
—Uau, você está caidinha. —Mariana brincou. —Mas por que só viu ele uma vez? Ele está te evitando?
Juliana fez uma careta e negou.
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Mais que suficiente, amor.
RomanceAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...