Charles entrou de mansinho no quarto do seu filho mais novo após bater na porta e não receber resposta. O menino estava dormindo cedo, por algum milagre divino. O pai fechou as janelas e as cortinas, cobriu o garoto e observou o quarto, que já esteve mais bagunçado.
Aquele pai tinha uma rotina fixa na vida inteira, que começou após o nascimento de Sol, quando Ísis precisou voltar aos plantões. Desde então, ele sempre entrava no quarto dos filhos após eles se deitarem. Logo em seguida, ele seguiu para o quarto de Sofia, bateu na porta algumas vezes, e a menina sussurrou que podia entrar. Ela sempre dormia um pouco mais tarde, e Charles sabia disso. Ele entrou no quarto colorido que estava organizado, ao contrário do que ocorria quando ela era mais nova.
Sofia estava deitada em sua cama, olhando fixamente para o teto. Assim que viu seu pai, sorriu em sua direção.
— Pai, o que faz aqui a essa hora? — Ela perguntou, sentando-se na cama.
Charles aproximou-se da cama e sentou-se na ponta do colchão.
— Acho que nunca perderei o costume de ir ao quarto dos meus filhos à noite. Pena que sua irmã já é uma adulta e não mora mais aqui. — Ele comentou.
— Ah, pai. — Sofia sorriu. — Não se preocupe, eu fecho a janela quando o sono chegar. Minha aula amanhã é mais tarde, então...
Sofia sabia que todos os dias seu pai fechava sua janela e a cobria. Quando ele estava viajando, sua mãe fazia aquilo como se estivesse assumindo a missão.
— Certo. — Ele consentiu. — Está pensativa? Tem algo te incomodando? Alguma coisa faltando?
A moça suspirou e, embora tenha negado com um sorriso, sabia que seu pai a conhecia muito bem.
— Não tem nada me incomodando ou faltando. Estou pensando na faculdade, nas provas, nos cortes e nas cores... — Ela sorriu, e ele consentiu.
Charles acreditou e beijou a testa dela com carinho. Mesmo que não pudesse ter certeza de que a filha estava pensativa por aquele motivo, sabia que Sofia era crescida e bem reservada; ela precisava do seu espaço.
— Apenas chame eu ou sua mãe caso precise conversar. Somos pais legais e liberais! — Ele sorriu, e ela consentiu. — Boa noite, garotinha.
Sofia voltou a deitar, e seu pai a cobriu até o pescoço. Ao levantar e se dirigir à saída do quarto, ouviu sua filha.
— Boa noite, pai. — Sofia falou, sorrindo em seguida.
Charles saiu do quarto, apagou as luzes e conferiu as portas. Logo seguiu para o seu quarto, onde sua esposa estava deitada. Ísis usava óculos e lia um livro que parecia muito interessante, ao contrário do que acontecia quando seu marido deitou na cama.
Ele a observou ler por um tempo e sorriu ao vê-la fazendo expressões engraçadas. Poderia facilmente retornar ao passado, lembrando-se do dia em que ela levou um livro no primeiro encontro e disse que era apenas uma precaução, caso o encontro fosse chato — mas, naquele dia, ela não o leu.
— Oi, não te vi voltar. — Ela sorriu ao encarar o homem ao seu lado. — As crianças estão dormindo?
Ele se enrolou em um cobertor fofo e negou.
— Sofia ainda está acordada e bem pensativa. — Ele contou.
Ísis retirou os óculos, colocou o livro na mesinha de cabeceira e logo deitou.
— Sim, eu percebi e conversamos quando saímos para tomar sorvete... — Ela sorriu. — Ela não foi clara, mas acho que, pela segunda vez, temos outra filha com problemas românticos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mais que suficiente, amor.
RomanceAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...