Em março, de alguma forma, o frio estava começando a aparecer em São Paulo; porém, mesmo com o vento frio, o sol nasceu forte naquela manhã. Não passava de cinco e meia quando a claridade entrou pela varanda do apartamento da Juliana e beijou o rosto das duas pessoas que dormiam profundamente deitadas no sofá. Em alguma parte da madrugada, Joaquim acordou sonolento, ainda deitado na perna da moça. Ele pediu que ela deitasse ali com ele, e, ainda dormindo, Juliana deitou com a cabeça em seu peito.
Por mais que aquele sofá fosse pequeno e a espuma estivesse pedindo socorro, eles encontraram uma forma de dormir confortavelmente. Parte dos cabelos loiros dela pousava sob o rosto dele, que inconscientemente sentia o cheiro do shampoo, mesmo com um pouco de peso, Juliana não se sentia incomodada com a perna dele com suas coxas grosas por cima das suas.
Um toque distante despertava Juliana lentamente, mas ainda era cedo o bastante para que ela nem ao menos abrisse os olhos, por pensar que era apenas algo em seu sonho. Porém toque era insistente demais para ser um sonho, esse foi o primeiro pensamento dela junto a muita preguiça, sem se dar conta de que estava dormindo com a cabeça em cima de alguém pela primeira vez na vida.
Ela esticou seu braço com dificuldade para alcançar o braço do sofá e pegou o celular, que tocava em alto volume. Sem abrir os olhos, passou o dedo na tela e colocou no ouvido.
— Alô? — Juliana perguntou, sonolenta. —Não está muito cedo para ligar para alguém?
— Quem é? — A voz parecia surpresa.
— Juliana, como você me liga e não sabe quem sou... — Ela bocejou e, por pouco, caiu no sono novamente. — Quem é você?
— Ju? É o Vicente... — Vicente sussurrou. — O que está fazendo com o celular do Joaquim a essa hora?
Juliana finalmente arregalou os olhos e despertou ao ouvir a voz do Vicente. A moça assustada tirou o celular da orelha e o encarou; não era o celular dela. Quando encarou a situação, percebeu que estava mais grudada no rapaz do que no sofá.
— É... sabe o que aconteceu... — Ela respondeu a Vicente.
O astrofísico tossiu sem vontade e soltou uma risadinha.
— Na verdade, não sei não, o que me deixa bastante curioso. — Vicente falou com simpatia.
Juliana respirou fundo e piscou forte.
— Um minutinho, amigo...
Ela desligou na cara do físico, levantou-se às pressas e cutucou Joaquim com força, assustando-o e fazendo-o cair do sofá. Juliana tampou a boca ao ver que tinha derrubado o rapaz, e Joaquim gemeu ainda no chão.
— Aiii, misericórdia! — Joaquim, sonolento, buscou levantar-se desorientado. — Eu caí do sofá ou fui jogado?
Ele apoiou a mão na cabeça e encarou o ambiente, logo olhando para cima, onde a loira descabelada ainda no sofá, segurava o celular, estática.
— Fudeu, fudeu muito mesmo. Fudeu completamente... — Ela o encarou e negou.
Joaquim abriu os dois olhos, levantou do chão e sentou no sofá, sentindo suas costas doerem muito, ele sabia que a culpa era unicamente do sofá mais desconfortável do mundo, mas havia dormido colado com ela, então compensava.
— O que houve para você acordar nesse alvoroço todo? Sua mente nunca desliga?— Ele perguntou. — Seu marido está chegando? Quer que eu me esconda onde? — Ele brincou fazendo muitas perguntas ao mesmo tempo, e ela ameaçou o bater.
Ela levantou o celular, ainda em silêncio, e ele encarou o próprio celular. Joaquim, ainda tentando organizar os pensamentos, continuou encarando o aparelho seriamente.
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Mais que suficiente, amor.
RomanceAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...