Em meio a uma das pistas de patinação da academia, Sol tentava ocupar a cabeça fazendo uma das coisas que mais gostava: ensinando pequenas crianças a se equilibrar nos patins. Era o início delas e mesmo com muitas coisas acontecendo em sua vida havia atividades que ela não poderia deixar de fazer, como trabalhar, mesmo que sua mente estivesse distante.
Faziam algumas semanas que tudo havia acontecido, e apenas alguns dias desde que Vicente pediu um tempo para pensar. Ela, é claro, não aceitou bem, mas no fundo sabia que o rapaz precisava organizar a mente. Sol o mandava mensagens todos os dias, e ele sempre respondia contando algumas novidades. No entanto, ela estava sem vê-lo há dias, o que a fazia sentir muita saudade.
A vida havia amadurecido Sol em muitas questões, uma delas foi aprender que mesmo amando muito uma pessoa, dar a ela um tempo sozinha em algumas ocasiões era mais do que certo; era necessário. Diariamente ela era tranquilizada por Juliana, que estava sempre com Sol quando podia, chegando até a dormir em sua casa para uma noite de filmes.
A Starlight estava com muitas turmas de crianças, adolescentes e até pessoas na faixa dos vinte anos que realizavam o antigo sonho de aprender a patinar. A equipe estava sempre sendo atualizada, e Nadja que treinava os mais velhos continuava a ser uma treinadora rígida, o que fazia Sol sorrir de longe.
As seis crianças estavam usando o uniforme da academia, capacetes, joelheiras e cotoveleiras, visto que as quedas poderiam ser frequentes. Sua afilhada estava naquela turma de seis crianças, mesmo Junior sendo um pai super protetor, havia permitido que Liz patinasse como sua madrinha, afinal desde bebê ela tinha um par de patins rosa.
—Vamos novamente? —Sol, sem usar os patins, levantou do chão. —Um por um, José Marcos, sua vez.
Sol sorriu para o menino. Todas as crianças permaneciam sentadas no chão como ela pedira; afinal, tentar evitar a queda de seis crianças era impossível.
José tinha cinco anos e era o mais tímido entre elas. Ele tinha medo de cair, mesmo sem nunca ter se machucado nas primeiras aulas. Sol sorriu em sua direção e estendeu a mão para o menininho.
—Vamos juntos, eu seguro sua mão.
As outras crianças observavam José, ainda receosas.
—Precisa ir, José. Se cair, a tia te ajuda a levantar. —Karine falou com sua voz mansa.
Sol sorriu para Karine, que tinha sete anos e era a mais velha do grupo.
—Se eu cair, vocês vão rir. —José cruzou os braços.
As crianças se entreolharam, e alguns negaram. Afinal, essa era uma regra clara nas aulas: rir do colega era proibido.
—Não vamos rir de você, José. —Liz disse, e sua madrinha sorriu para ela. —Eu caí naquele dia, e meu joelho nem doeu, temos isso aqui. —A ruivinha deu uma tapa em sua joelheira, mostrando ao colega que era algo resistente.
Liz sabia que cair era normal, era isso que sua madrinha estava ensinando na academia e em casa.
—A Liz tem razão, ninguém vai rir. —Sol encarou os pequenos alunos.
Ela se agachou em direção a ele, tocando em seus cabelos e logo acariciando seu queixo.
—A patinação é divertida, não precisa ter medo de cair. —Ela sorriu. —E se cair, eu te ajudarei a levantar e iremos mais uma vez. Seus coleguinhas também estão começando agora. Lembra que semana passada a Liz e a Ana caíram? A tia também cai, e a tia Nadja também cai...
Ana consentiu de longe, e José voltou a olhar para a mão da patinadora, pegando-a com confiança. Ele ficou em pé sob os patins, tentando se equilibrar, e Sol segurou suas mãos.
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Mais que suficiente, amor.
عاطفيةAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...