Em cinco anos, Sol não havia pisado no Brasil nenhuma vez. No entanto, ela havia viajado extensivamente por toda a Europa, feito algumas viagens aos Estados Unidos e até conhecido a Coreia do Sul em um dos aniversários de Sofia. Ela conhecia bem os voos e o quão cansativos podiam ser, mas nenhum a havia deixado tão exausta quanto o voo de volta ao Brasil.
Partindo do aeroporto de Londres às sete horas de uma manhã ensolarada, fez uma escala de duas horas e meia em Barcelona, e, por fim, enfrentou um longo voo de nove horas até São Paulo.
Sentada ao lado da janela, ainda vestida com trajes de inverno inglês, Sol atraía olhares pela sua beleza, mas parecia pouco se importar. O relógio marcava quase sete horas da noite e, ao se aproximar de São Paulo, ela viu pela janela a imensidão de luzes abaixo, era uma mistura familiar de ruas e casas, e sorriu ao respirar fundo.
— Welcome to home, girl... — sussurrou em inglês, sorrindo ao sentir seu coração acelerar.
Bem vinda ao lar, garota... Ela repetiu essa frase várias vezes até que as rodas do avião tocaram o chão. Foi então que ela se deu conta de que estava voltando para onde havia deixado parte do seu coração, não era mais a mesma pessoa de cinco anos atrás, nem internamente nem externamente.
— Senhores passageiros, informamos que pousamos no aeroporto de Guarulhos. Por gentileza, permaneçam sentados com os cintos afivelados até a permissão para desafivelar. — anunciou uma aeromoça. — Em nome da LATAM Airlines, agradecemos por voar conosco e sejam bem-vindos ao Brasil.
Sol sentiu um arrepio ao ouvir as boas-vindas da aeromoça. Observou as pessoas empolgadas ao seu redor e, embora também estivesse animada, sentia um pouco de nervosismo.
S2
Sol voltou uma mulher feita e madura, diferente de como partiu. Com uma presença marcante, olhar firme e voz ativa, ela era assim que seus familiares ansiosos a viam. Ao sair pelo portão de desembarque, ela foi recebida por seus irmãos, avó, pais, tios, Junior, Liz, Laís e até Juan e Leila. Todos a observavam com admiração, em meio à multidão e suas muitas malas.
Ela vestia uma calça jeans, uma blusa de gola alta com um sobretudo preto e um tênis caro. Seus cabelos escuros, que caíam um pouco além dos ombros, tinham as pontas onduladas e uma franjinha desfiada em camadas, com a parte menor na altura dos olhos e repartida ao meio, criando uma fenda central. Sua maquiagem era simples, mas realçava seus olhos castanhos e o batom marrom destacava seus lábios quando sorria.
Como uma flor da primavera, muitos sentimentos bons desabrocharam em seu coração ao ver a faixa enorme com "Bem-vinda ao lar, querida Sol." Ao se aproximar, ela soltou o carrinho com as malas e correu em direção aos seus irmãos, que já vinham ao seu encontro cheios de saudade.
Sol encontrou Sofia e Cristian quase na mesma altura que ela. Os dois a abraçaram com tanta força que, por pouco, Sol não foi ao chão. Naquele momento, ela sentiu um alívio profundo por tê-los de volta, como se tivesse passado muito tempo sem ar. Beijou-os várias vezes, sentiu o cheiro dos cabelos cacheados de Sofia, sem mais mechas coloridas, e ouviu o choro baixinho de Cristian, que estava quase da sua altura.
— Minha irmã, eu senti tanta a sua falta! — disse Sofia, tentando segurar o choro. — Sol, você cumpriu sua promessa e voltou.
Sofia estava visivelmente emocionada. Mesmo vendo a irmã todos os anos, Sol fazia falta todos os dias.
— Não vá embora novamente, não nos deixe! — Cristian chorou, e Sol sorriu, tocada. — Mano, passaram-se cinco anos! Eu te proíbo de morar fora novamente!
A patinadora os soltou e encarou aquelas pessoas que agora não eram mais crianças. Sol enxugou as lágrimas de Cristian e limpou a marca de batom da bochecha de Sofia.
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Mais que suficiente, amor.
RomanceAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...