Quando o relógio bateu seis horas da manhã, Sol e Vicente entraram no apartamento da moça em um completo e absoluto silencio. Sol fez bem quando ligou para Joaquim e Juliana, naquele momento o engenheiro mesmo em choque como todos, foi a única pessoa que conseguiu acalmar Vicente, assim como quando eram crianças. Joaquim e Juliana permaneceram com eles o tempo todo e foram para casa todos juntos, era de fato muita coisa para entender, e ambos os casais permaneceram em silêncio ao chegarem na casa da patinadora, Vicente seguiu para o quarto sem falar nada e ainda na sala, os três jovens o encararam.
Joaquim passou a mão no rosto e suspirou, Sol seguiu seu namorado com os olhos e Juliana encarou sua amiga. A patinadora estava visivelmente abatida em questão de horas, seus olhos inchados eram uma prova incontestável. Quando o casal chegou ao hospital e Sol os contou tudo, Joaquim precisou de um bom tempo para raciocinar duas coisas: A morte da menina e o fato do seu amigo ser pai.
Achar Vicente em um hospital grande foi complicado, mas seu amigo o encontrou sentado perto de arbustos como quem queria se esconder do mundo, e mesmo recusando ajuda, Joaquim se manteve firme e ficou ao seu lado em silencio por horas, foi quando o novo pai o contou tudo em detalhes, o engenheiro entendeu que não era uma situação fácil, e tudo piorou quando Vicente afirmou saber que Sol o deixaria, era questão de tempo.
— Permaneceremos juntos, essa é a regra. — Joaquim gesticulou em direção às meninas. — Sem julgamentos, sem fugas e sem desespero. Vamos entender a situação, organizar a mente e ajudá-lo.
Sol olhou para ele e assentiu.
— Minha cabeça está como um bolo de lã enrolado, e estou angustiada por não poder ajudá-lo, mas estarei por perto o tempo todo. — Sol disse, cruzando os braços.
Juliana se aproximou e a abraçou com força, ela passou a mão pelos cabelos de Sol e sentiu uma lágrima pingar em seu ombro. A respiração pesada da amiga revelava seu estado, e o coração de Juliana apertou, logo soltou-a suavemente e a encarou.
— Estou aqui com você, ao seu lado. — Juliana sussurrou, limpando as lágrimas do rosto da patinadora.
Sol olhou fundo nos olhos azuis de Juliana, e como se não precisasse de palavras, a amiga assentiu.
— Obrigada, Ju. Eu nem sei por que estou chorando, não sei o que estou sentindo. Parece que não consigo me chatear com isso, é uma vida inocente... — Sol cerrou os dentes. — Era para eu estar brava? Chateada? Frustrada? O que é isso? — perguntou, enquanto Juliana a escutava em silêncio.
De longe, Joaquim sorriu, e Sol o encarou.
— É Deus, Ele não está deixando você entrar em pânico — o rapaz sussurrou. — Acha mesmo que as coisas acontecem por acaso? Você não entende agora, mas se isso aconteceu é porque está escrito em algum lugar no livro da sua vida.
Sol deixou uma lágrima cair ao ouvir isso, já Juliana olhou para Joaquim e assentiu orgulhosa ao ouvir aquelas palavras doces. Não era segredo que Joaquim tinha um lado religioso, mesmo que não o divulgasse abertamente e esse era um dos seus lados mais bonitos.
— E se ele me deixar novamente? — Sol perguntou, com a voz carregada de incerteza.
Joaquim negou com um sorriso tranquilo.
— Não vai, apenas não o deixe.— Joaquim se aproximou e tocou a cabeça da patinadora. — Vá deitar com ele, faça o que puder para ajudá-lo nas suas condições. Você sabe que o Vicente nunca expõe as dores, o que pode deixar a situação um pouco mais complicada.
Joaquim sabia mais do que ninguém, o quanto aquelas duas pessoas precisavam ficar juntas, mas também entendia que era muita coisa para lidar de uma vez.
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Mais que suficiente, amor.
RomanceAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...