Sentada em sua mesa de estudos, Juliana estava cercada por uma montanha de cálculos. Ao lado, seu pequeno quadro branco estava completamente preenchido, e, mesmo assim, ela bufava. A física teórica era sua paixão, mas ainda a considerava extremamente complexa; a pós-graduação seguia a todo vapor.
Talvez tudo estivesse mais complicado porque sua mente apaixonada estava ocupada demais pensando em como algumas funcionárias do Joaquim pareciam um tanto atiradas, ou talvez apenas simpáticas demais — com raiva, ela não conseguia diferenciar.
As semanas passavam rapidamente, e já se completavam alguns meses que Joaquim e Juliana estavam em uma relação indefinida. Nenhum dos dois havia dado o primeiro passo para definir aquilo, embora os sentimentos fossem intensos, medo e insegurança também faziam parte do que sentiam.
Eles se viam quase todos os dias no trabalho, e, quando isso não acontecia, Joaquim aparecia de surpresa com o jantar ou doces aleatórios. Mesmo sem definir nada, sorriam juntos, discutiam por bobagens, sentiam ciúmes e sempre encontravam uma desculpa para estarem próximos. Como uma vez em que Joaquim a chamou ao seu apartamento para ajudá-lo com um cálculo, quando Juliana chegou, ele pediu ajuda com uma soma que qualquer criança saberia fazer, o que a fez gargalhar por ter sido enganada. Naquele dia eles jogaram videogame, fizeram um bolo que deu errado e passearam com o Bob.
— Chega, vou me declarar amanhã mesmo... — murmurou sozinha, encarando o gato deitado no chão. — Não suporto que as pessoas não saibam que ele já tem alguém, as meninas ficam paquerando ele bem ao meu lado.
Juliana pegou o celular e ligou para a irmã, após alguns toques Mariana atendeu.
— Cansei — disse Juliana.
Mariana sorriu do outro lado da linha.
— Oi para você também. O que aconteceu?
Juliana bufou.
— Estou ficando mais ciumenta a cada dia, e é um sentimento horrível. Ontem, uma menina na empresa disse que daria um dedo para ir para a cama com o Joaquim! — exclamou, apertando as mãos. —Ela falou das coxas dele e o quão a calça dele estava apertada, elas ficam reparando em tudo, Mari.
Mariana soltou uma gargalhada sincera.
— Ué, mas elas não sabem que vocês estão juntos! — ponderou Mariana. — Irmã, estamos falando de um homem muito bonito e segundo você, muito simpático... é normal ele ser paquerado.
Juliana negou com a cabeça, mordendo o lábio inferior.
— Quero que faça um photogram para mim. Quero uma conta lá, faça isso agora mesmo! — pediu.
Mariana ficou em silêncio por alguns instantes, sorrindo sem graça.
— Você, que é explicitamente contra o uso dessas redes sociais e sempre achou superficial, agora quer uma conta?
— Mariana, opiniões mudam. — respondeu Juliana, respirando fundo.
A irmã mais nova soltou outra risada, era engraçado ver uma pessoa sempre tão racional, surtando de ciúmes.
— Você só quer monitorar ele, né? — sussurrou. — Eu já tentei, mas a conta dele é privada...
Juliana balançou a cabeça e bateu a caneta na mesa.
— Eu sei que é privada, mas não é isso. Quero postar coisas com ele, deixar claro que ele é meu e expressar meus sentimentos, quero que parem de olhar para as coxas grossas dele.
— Você vai abrir seu coração para ele? — a voz do outro lado demonstrava surpresa. — Vai dar o primeiro passo? Isso é bom! Vocês já estão ficando há um tempo e fazem tudo como um casal... ou quase tudo.
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Mais que suficiente, amor.
RomansaAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...