Aos poucos, Sol estava voltando à sua rotina após alguns dias digerindo o que aconteceu no passado. Ela finalmente retornou à casa da avó, sem tocar mais no assunto, e estava atualmente preparando os últimos detalhes para a inauguração da academia e seu aniversário, embora sem o mesmo ânimo de antes.
Ela pensava em muitas coisas, como sua vontade de sentar para conversar com Vicente, mas ainda não tinha coragem de procurá-lo, e de como sentia falta de Juliana, tornando muito difícil ignorar suas mensagens. Sol recordava o olhar assustado de Juliana naquela noite e como ela parecia saber de tudo quando os colares se grudaram. Falando em amizade, Tina obviamente estava a par de tudo e Sol ouviu dela coisas como "Deixe de ser frouxa, onde está sua coragem?"
Na casa de Junior, eles conversavam como era de rotina após o trabalho, enquanto Liz ia e voltava do seu quarto várias vezes com os utensílios de cozinha que tanto amava. Diferente da mãe, a garotinha parecia já ter uma profissão dos sonhos: fazer doces coloridos.
Com uma taça em mãos, Sol observava o líquido amarelado. Em algumas ocasiões, ela gostava de apreciar um vinho branco suave, nada que passasse dos limites ou a deixasse bêbada, mas que não a fazia mal desde que fosse bem longe do seu pai, por precaução.
—O que você vai fazer agora? —Junior tomou um gole do vinho e perguntou. —Sabendo que a pessoa que sempre amou nunca foi embora e está literalmente a alguns bairros de você...
Sol balançou a cabeça em negação e apoiou a mão na testa.
—Tem alguém que gosta dele de verdade e, pelo que sei, é recíproco. Não há nada que eu possa fazer. —Sol sorriu, lembrando das palavras de Juliana. —Tudo que preciso fazer é deixá-los em paz e não ser um obstáculo.
Junior bufou, concordando.
—Tem razão, mas também acho que precisamos lutar por quem amamos. Ele ainda usa o colar; isso meio que diz muita coisa.
Sol sorriu e tocou seu próprio colar. Por alguns dias, isso fez sentido, até que lembrou quando sua avó disse que ainda usava a aliança porque seu dedo já estava acostumado e não conseguia viver sem ela.
—Costume. Às vezes, usamos acessórios e nos acostumamos com eles. —Sol rebateu.
Junior parecia quase esgotar suas suposições, mas conseguia ver o amor nos olhos dela, que brilhavam ao falar daquele rapaz.
—Certo, então vocês namoraram por seis meses. O que fez ele se acostumar com o colar a ponto de usá-lo por mais cinco anos? —Junior bebeu e soltou uma risada irônica.
Sol o encarou com um olhar sério e tomou um gole de vinho.
—Eu quero o que o faz feliz... Estamos falando do Vicente, uma das pessoas que mais merecem ser felizes e eu odiaria perturbar uma relação. E você nem imagina o quão incrível a Juliana é, ela está tão feliz.
Ela não cogitava ser a responsável pelo término de algo, mesmo que tudo estivesse apenas em sua em sua mente.
—Você sempre pensa mais nos outros do que em você. —Ele sussurrou. —Ignorar não ajuda, aliás, deixá-la sem resposta pode ser pior do que falar sobre o passado.
Um silêncio tomou conta da sala por longos minutos.
—E você? Nunca vai se dar uma chance novamente? —Sol apontou para ele, falando mais alto e o assustando.
Junior tocou no peito e suspirou.
—Droga, que susto! —Disse ele, fazendo-a sorrir. —Isso não é minha prioridade agora, apenas minha filha e sua criação. Todos os dias, Liz faz novas descobertas e uma pessoa nova poderia ser demais para a minha mente.
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Mais que suficiente, amor.
RomansaAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...