Os dias não passavam rápido, mas a vida seguia para todos, independente do que havia acontecido. Sol e Vicente, por sua vez, se afastaram da vista de familiares e amigos, mergulhando em um silêncio que gerava preocupações.
Juliana era uma das que mais sentia a falta de Sol. Tentando seguir com seus afazeres, a física se sentia inquieta sem a única amiga com quem compartilhava sentimentos reais e verdadeiros. Em pouco tempo, Sol havia se tornado uma boa companhia, e agora, em questão de horas, parecia ter desaparecido. Com seu celular, ela revia algumas fotos delas juntas—o dia em que saíram para tomar sorvete e aquele momento em que Sol a levou para conhecer sua academia. Mesmo insistindo, Juliana havia se recusado a patinar, mas agora desejava ter aproveitado mais aqueles momentos. Sentindo um vazio, ela decidiu que precisava de respostas e de sua amiga de volta.
Semanas atrás...
—Sol, morar longe não foi solitário demais? —Juliana questionou, enquanto as duas estavam sentadas na arquibancada da academia da patinadora.
Elas comiam sanduíches de frango com queijo e riam de um vídeo engraçado que tinham visto.
—Confesso que não tive tempo para sentir de fato a solidão. Minha colega de quarto, que depois virou minha amiga, nunca me deixou sentir sozinha — Sol respondeu, sorrindo. — O que doía mesmo era a falta da Cecília e o meu coração partido, mas isso é assunto para o futuro. — Ela olhou para os funcionários testando a pista de gelo.
Juliana assentiu, percebendo que Sol não estava pronta para discutir esses tópicos. Elas decidiram evitar conversas sobre romances e passados complicados.
—Não precisa contar se não quiser. Sei que alguns assuntos do coração trazem à tona feridas que preferimos não tocar , o coração é complicado.— Juliana disse, suspirando.
—Mas você pode desabafar sobre isso Ju, dias atrás você disse que somos amigas... — Sol a encarou, sorrindo.
Juliana nunca havia feito amizade com alguém de maneira tão rápida e intensa, como se fosse algo que deveria acontecer.
—Podemos mesmo ser amigas? — Juliana perguntou e ela consentiu — Foi tão rápido, e eu sei que amizades novas podem ser assustadoras...
—Acredita em Deus? — Sol interrompeu, sabendo que a resposta poderia surpreendê-la.
Juliana sorriu, hesitando por um momento.
—Não acredito e nem nego — sussurrou, um pouco envergonhada. — Nem todo cientista é ateu, sabe...
Sol assentiu, com um sorriso.
—Você é agnóstica...
—Mais especificamente, sou agnóstica teísta. Eu digo que não tenho conhecimento suficiente para comprovar a existência de Deus, mas acredito na possibilidade de alguém que fez tudo isso. — Juliana explicou, enquanto Sol a observava atentamente. — Mas, por que?
Sol olhou para suas próprias mãos, depois para Juliana.
—Então, fazer novas amizades não me assusta mais. Eu te perguntei por isso, porque aprendi a acreditar que Deus sabe quem coloca em nossas vidas e como isso acontece. E também aprendi que ele sabe quando tirar pessoas de nossas vidas. Eu te ajudei naquela situação, e agora nos conhecemos, eu sei reconhecer um bom coração, quero que sejamos amigas. — A patinadora confessou, e Juliana sorriu. — Mas quando conhecer a Tina, não pode dizer que foi tudo tão rápido, porque ela lutou bastante.
Sol estendeu a mão para Juliana, que a apertou, rindo em seguida. A conexão entre elas parecia ter se fortalecido ainda mais naquele instante, como se a amizade tivesse sido abençoada por algo maior.
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Mais que suficiente, amor.
RomansAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...