Verdades Capítulo 15

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Amor, medo, alivio, dor, excitação e saudade.

Não é fácil falar sobre sentimentos. Para isso, seria preciso traduzi-los, e isso nem sempre é possível, lamentável. Em um mundo onde é comum amar muitas pessoas em um curto período de tempo, como são chamados aqueles que amam a mesma pessoa por tantos anos? Esta foi, e tornou-se novamente, uma história sobre um amor específico entre duas pessoas que se encontraram em meio a tantas outras online pelo mundo. Eles superaram diferenças e romperam a barreira da distância sem o menor problema, foi assim que viveram o amor mais puro de suas vidas em pouco tempo, mas então o relacionamento acabou.

Livros e filmes de romance sempre mostram que existe o "amor da sua vida" e o "amor para sua vida". Dizem que o amor da sua vida será sempre seu ponto fraco, porém as coisas não darão certo para vocês ficarem juntos, é o amor doce e doloroso. Já o amor para sua vida é aquele em que você sente que tem forças para lutar todas as batalhas do mundo — é o amor forte. Mas também existe outro tipo de amor, que poucos conhecem: a junção do amor da sua vida e do amor para sua vida em uma só pessoa, é aquele amor inquebrável, que percorre todas as células do seu corpo.

Sol e Vicente eram a prova viva disso, seus corações foram testados até o limite naquela madrugada. Após um encontro completamente inesperado, ambos correram em direções opostas, fugindo de tudo e de todos, desesperados para esconder os sentimentos que haviam sido libertados de suas caixas de Pandora sem qualquer aviso.

Ao entrar no carro, Sol sentiu o mundo desabar sobre ela, suas mãos tremiam no volante, e o ar parecia pesado demais para respirar. O choque e a confusão se misturavam em sua mente, e, sem forças para segurar as lágrimas, ela chorou por horas, sentindo um vazio crescente naquela madrugada. Como ela não havia percebido antes? Como a vida podia ter seguido por esse caminho sem que ela soubesse? E, acima de tudo, o que Vicente estava fazendo em São Paulo, a metros de distância de sua própria vida?

O dia amanheceu num piscar de olhos, e já passava das sete quando ela finalmente chegou em casa. A casa parecia vazia — sua irmã já tinha saído, e Sol se encontrava sozinha com seus pensamentos caóticos. Durante horas, ela ficou sob o chuveiro gelado, na tentativa de esfriar a mente, de apagar os sentimentos que ainda queimavam em seu peito, mas nada parecia ajudar.

O rosto de Vicente, seus olhos escuros estavam gravados em sua memória, impossível de esquecer. O cheiro dele ainda parecia colado à sua pele, como se não houvesse escapatória. Mesmo o toque do abraço apertado de horas atrás, ainda permanecia vívido em seu corpo, junto à lembrança de sua respiração pesada e descompassada.

O impacto de tudo aquilo a deixava sem chão. Ela se sentia dividida entre a dor de reviver sentimentos tão antigos e o peso de não saber como lidar com o que o destino colocava à sua frente novamente.

— Merda, droga... — Ela socou a parede e murmurou sozinha, desligando o chuveiro.

Seu celular tocava incessantemente. Juliana ligava várias e várias vezes para Sol, como se realmente se sentisse culpada por aquele encontro. Afinal, elas haviam se aproximado bastante em pouco tempo; saíam juntas para comer e até tinham fotos juntas. Mas, por algum motivo, aqueles nomes que Sol conhecia nunca haviam sido mencionados. O que a patinadora tinha certeza era que, por tudo que Juliana contava com tanto carinho — sobre como a pessoa a tratava e que trabalhavam juntos —, era Vicente. Afinal, físicos trabalhavam com físicos.

Sol saiu do chuveiro e, ainda enrolada na toalha, encarou o próprio reflexo no espelho embaçado, seu rosto estava vermelho e os olhos irritados de tanto chorar. Ela trocou de roupa sem energia, deitou-se na cama e viu ao longe a fita caída no chão. Uma tristeza profunda havia tomado conta dela em questão de horas.

Mais que suficiente, amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora