Sol finalmente havia terminado a decoração do seu apartamento, logo após a reforma da sua academia. Sempre imaginara que, quando morasse sozinha, o lugar seria bem confortável e claro. Assim o fez, com todo o capricho. Mesmo morando sozinha, o imóvel tinha quatro quartos: um para ela, seu escritório, o quarto da Liz e um quarto para seus irmãos, que sempre que podiam estavam em sua casa.
Fazia pouco mais de um mês que a patinadora havia retornado ao seu país, e a inauguração da sua academia estava próxima. Para sua surpresa, já havia mais alunos inscritos do que treinadores suficientes, o que a faria ajudar nisso também, afinal, era sua grande paixão. Mas Sol estava com algo na cabeça; ela pensava todos os dias na pessoa perfeita para treiná-la, pois deixar as competições dentro e fora do país não era uma opção.
Com as aulas de volta, a vida estava um pouco mais corrida para Sol. Ela estava nos últimos detalhes da inauguração da sua academia, incluindo a recepção de inauguração. Entretanto, mesmo com a vida corrida, ela encontrava tempo para mimar sua afilhada.
Sol abriu a porta do quarto da afilhada devagar e, percebendo o ambiente ainda escuro, sentiu pena de acordá-la para ir à escola, mesmo prometendo ao Junior que não a deixaria faltar logo nos primeiros dias de aula. A madrinha cuidadosa entrou no ambiente colorido e abriu as cortinas com suavidade, Liz dormia cercada por ursos, e as estrelinhas em volta da sua pequena cama ainda brilhavam.
Ela sentou na cama e sorriu ao ver a menininha dormindo profundamente.
— Amor, está na hora. — Sol tocou os cabelos ruivos da criança. — Lizoca...
Liz finalmente se mexeu e abriu seus olhos cor de mel.
— Não quero, não vou. — A criança cobriu o rosto, e Sol bufou.
Liz era mais parecida com Cecilia do que as pessoas poderiam imaginar. A semelhança era bastante óbvia, mas a personalidade era como se Sol visse Cecilia na frente dela, Liz tinha uma opinião forte e, quando se decidia, era o fim.
— Por que não quer? Pensei que você tinha amado aquela escola. Sabia que eu estudei lá? Nossas fardas são iguais... — Sol tentou entreter Liz.
A criança retirou o lençol do rosto e rapidamente se sentou na cama, como se o sono tivesse passado de repente. Sol sorriu ao ver os cabelos da garotinha desgrenhados e seu pequeno rosto inchado. Ela a pegou e a sentou em seu colo, fazendo com que a menininha encostasse a cabeça em seu peito.
— Madrinha... — Liz sussurrou, e Sol a encarou. — Por que a mamãe foi embora? Ela era boa ou ruim?
Sol engoliu em seco, sem saber o que responder. Apesar de saber que Liz sabia tudo sobre sua mãe, mesmo sem se lembrar dela, a patinadora não entendia como a criança parecia sentir tanta saudade.
— Acordou pensando nisso, amor? — Sol perguntou, e Liz consentiu. — Sua mamãe era uma pessoa incrível, linda e muito, muito boa.
Sol explicou com calma, afinal sabia que Liz estava em uma fase de dúvidas infinitas sobre qualquer coisa, e agora, com seus primeiros dias de aula, ela tinha mais perguntas a fazer.
— Só eu não tenho uma mamãe, e isso é chato. — Liz levantou a cabeça e suspirou. — A Clarinha disse que a mamãe dela faz o melhor bolo, e o João que mora no meu prédio disse que a mamãe dele faz o melhor bolo de chocolate do mundo. Então, eles perguntaram se a minha mãe sabia fazer bolo para eu levar no dia do bolo.
A madrinha sentiu sua garganta ainda mais seca, ela ainda não tinha conversado sobre isso com a pequena garotinha, mas agora sentia o quão difícil era assim como Junior a contava. As aulas haviam começado há poucos dias, e Liz já tinha feito amiguinhos curiosos.
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Mais que suficiente, amor.
RomanceAtenção leitores: Esse é o segundo livro da duologia suficiente, para entender a historia, leia o primeiro livro: Quase suficiente, amor. S2 Distância, no...